45º CBQ Realizado em 2005 - Química, Parceira da Vida - Belem/PA


Sobre este tema central o XLV Congresso Brasileiro de Química foi realizado na cidade de Belém, no Centro de Eventos do Hotel Beira Rio, de 19 a 23 de setembro de 2005, tendo como promotora e organizadora a Associação Brasileira de Química e sua Regional do Pará.

O Congresso teve sua Secretaria aberta durante o dia para retirada de materiais e novas inscrições. À noite, ocorreu a Solenidade de Abertura que reuniu cerca de 400 pessoas entre congressistas e convidados, que ouviram uma apresentação musical da Banda do Centro Federal de Educação Tecnológica do Pará e as palavras dos membros da mesa. Logo após a Cerimônia de Abertura foi apresentada a palestra “Química, Parceria da Vida”, proferida pelo Prof. Dr. Adolfo Henrique Muller da Universidade Federal do Pará e da CESUPA.

As atividades científicas iniciaram no dia 20 pela manhã. A Programação Científica montada, contou com 20 cursos sendo dois ministrados por professores estrangeiros, 9 palestras, 3 mesas redondas, 3 painéis, além de apresentações orais e de pôsteres.

Podemos destacar como as atividades que tiveram maior destaque:
- Palestra: A boa química proferida pelo Diretor Executivo da ABIQUIM, Dr. Guilherme Duque Estrada de Moraes.

- Palestra: Petróleos brasileiros, um desafio para os químicos, com o Prof. Dr. Peter Rudolf Seidl da UFRJ.

- Palestra: Metrologia científica no Brasil proferida pelo Dr. Valnei Santos do INMETRO.

- Mesa Redonda: Desenvolvimento da produção de fármacos no Brasil com os Drs. Nelson Brasil de Oliveira da ABIFINA e Wagner Barbosa da UFPA contando com a mediação do Prof. Dr. David Tabak.

- Mesa Redonda: A Oleoquímica no Pará com a presença dos Profs. Drs. Geraldo Narciso da Rocha Filho da FADESP / UFPA e Homero dos Santos Souza da Agropalma sob a moderação do Prof. Dr. Antonio Cláudio Lima Bastos.

Vejamos os resultados do CBQ 2005 em números:
- Congressistas: 1052.
- Cursos: 20 com um total de 492 inscritos.
- Palestras Nacionais: 9.
- Mesas Redondas e Painéis: 6.
- Comunicações Orais: 30.
- Trabalhos Recebidos: 564.
- Trabalhos Aceitos: 458.
- Trabalhos concorrentes da Jornada de Iniciação Científica: 162.
- Projetos concorrentes da FEPROQUIM: 14. Selecionados para apresentação: 10.

Paralelamente ao Congresso, foram realizados os seguintes eventos:
- XVIII Jornada Brasileira de Iniciação Científica em Química.
- XIII Maratona de Química.
- VI Feira de Projetos de Química – FEPROQUIM.
- I Workshop em Gestão de Resíduos Químicos.
- Expoquímica’2005 – Show room de serviços e produtos.

Análise do CBQ:
A participação de reduzido número de participantes, se levarmos em conta os dos últimos CBQ’s, aponta para as dificuldades de recursos que estamos vivendo em nossa sociedade.

Claro está que a Comissão Organizadora sabia que não se repetiria os resultados apresentados em Fortaleza no ano de 2004, mas esperava-se algo em torno de 1300 participantes, o que não foi alcançado.

As dificuldades de liberação de recursos nas instituições de ensino e pesquisa e os altos custos de transporte até Belém nos apontam para essa realidade. Não temos um quadro muito melhor que nos últimos anos. Recebemos informes diversos de interessados que não obtiveram recursos de suas instituições para ir ao evento. Mesmo Empenhos de organismos públicos que deveriam ter sido gerados, depois de alguns dias foram cancelados, o que é uma pena.

Os Cursos permanecem distribuídos por quatro horários distintos, proporcionando a aqueles que desejarem se inscrever a algum, há possibilidade de ainda ter bastante tempo para freqüentar as outras atividades do evento.

Os mais procurados foram: A Química das drogas, ministrado por Lylle Maria Leite Pugliese do CEFET-Química e do IASERJ que contou com a participação de Sonia de Almeida, Diretora do mesmo CEFET-Química, Unidade Rio de Janeiro; Educação ambiental no ensino de química, ministrado por Wildson Luiz Pereira dos Santos da UnB; Representação e comunicação em química de acordo com os PCNEM, ministrado por Airton Marques da Silva da UECE e UFC. Todos estes cursos tiveram em torno de 60 inscritos.

É interessante ressaltar que proporcionalmente ao numero de participantes dos dois últimos CBQ’s (Fortaleza e Ouro Preto) o número de inscrições em cursos foi muito maior, chegando a 46%.

Os Trabalhos Científicos, em número de 564, foram enviados e após avaliação ficaram 296 para serem expostos em forma de pôsteres e mais 162 participantes da Jornada de Iniciação Científica.

As áreas de atuação dos trabalhos foram:
- A Química e o Meio Aquoso.
- A Química e a Atmosfera.
- A Química e os Alimentos.
- A Química e o Solo.
- A Química e os Métodos Instrumentais de Análise.
- A Química e as Drogas.
- A Química e a Educação.
- A Química e o Desenvolvimento.
- A Química e a Vida.
- A Química e a Tecnologia.
- A Química e a Energia.
- A Química e os Materiais.
Foram apresentadas ainda 30 Comunicações Orais selecionadas entre aqueles.

Análise dos Eventos Paralelos:
I Wokshop em Gestão de Tratamento de Resíduos Químicos nas Instituições de Ensino Superior Brasileiras:
O evento foi organizado sob a Coordenação do Prof. Armando Pereira do Nascimento Filho da UFF e ABQ-RJ. Sua Programação foi a seguinte:
-Abertura.
-Palestra do Prof. Fernando Coelho – Gestão Ambiental na UNICAMP.
-Apresentação do programa de gestão ambiental na UFRGS – Prof. Darci Campani.
-Apresentação do programa de gestão de resíduos na UFRGS – Profa. Maria do Carmo Peralba.
-Avaliação e propostas de trabalho.
-Perspectivas para a região Norte e Nordeste.

Os objetivos previstos foram os de monitorar e divulgar as ações propostas durante o último Encontro de Segurança em Química – ENSEQUI e mobilizar as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste para a questão.

Os participantes vão tentar obter do MEC informações a cerca das solicitações feitas na Carta de Niterói que foi liberada ao final do ENSEQUI e também a criação de uma página para disponilibilização de informações sobre gestão e tratamento de resíduos.
Haverá ainda uma tentativa de audiência pública com o CONAMA com participação de representantes MEC.

O Workshop deverá permanecer na Programação dos CBQ’s, realizando-se a segunda versão em Salvador em 2006.

XVIII Jornada Brasileira de Iniciação Científica em Química:
Evento paralelo ao CBQ destinado à apresentação de trabalhos de Iniciação Científica. Foram recebidos 187 trabalhos, sendo aceitos 162 que concorreram à premiação máxima. O sistema de avaliação compreendeu uma primeira análise dos trabalhos apresentados por meio de apresentação em forma de pôsteres em que os membros da Comissão “visitando” todos os trabalhos (pelo menos dois membros avaliaram cada trabalho), selecionaram 10. Estes dez autores apresentaram seus trabalhos de forma oral podendo utilizar-se de equipamento de multimídia e sendo argüidos por dois membros da banca.

Após essa segunda avaliação, a Comissão decidiu pela classificação. A Comissão de Avaliação foi composta pelos seguintes membros: Geraldo Narciso da Rocha Filho da UFPA, que Coordenou a Comissão; Soraia Freaza Lobo da UFBA (que coordenará em 2006); Antonio Carlos Magalhães da UFCE; Cleide Maria Leite de Souza da UFPI, Rita de Cássia de Almeida Costa do CEFET-Química; Sonia Maria de Almeida do CEFET-Química; Lylle Maria Leite Pugliese do IASERJ; Jose´Roberto Zamian da UFPA; Elizabeth Rodrigues da CESUPA; José Pio Iúdice de Souza da UFPA e Victor Rumjanek da UFRRJ.

Cinco trabalhos foram classificados como Menções Honrosas e os cinco primeiros colocados receberam, além dos Certificados com a designação da Classificação, prêmios em dinheiro, assim distribuídos: primeiro colocado recebeu R$ 2.500,00; segundo colocado recebeu R$ 1.500,00; terceiro colocado recebeu R$ 1.000,00. Os prêmios foram um patrocínio da Dow Brasil.

A relação de vencedores foi:
1º ) Jardel Cavalcante Rolim da UFCE – Diagêneses acelerada de um metacaulim à zeólita Naa.
2º) Norberto Souza Costa da UFPA – Biodisel dos óleos de soja e palma e seu potencial como combustível alternativo.
3º ) Caroline Góes Sampaio da UECE – Atividade larvicida contra o Aedes Aegypti e toxicidade dos extratos metanólicos das sementes de frutas nordestinas.

VI Feira de Projetos de Química - FEPROQUIM:
A FEPROQUIM recebeu 14 Projetos. Foram aceitos para apresentação na Feira durante o Congresso 10 Projetos.

Nos dias 20 e 21 de setembro, de 8 as 12 horas, estes Projetos foram apresentados a comunidade e a Comissão de Avaliação. Nestes dois dias a Comissão fez sua avaliação.

A Comissão Avaliadora foi composta pelos professores: Solange Maria Vinagre Correa do CEFET-PA, que coordenou a Comissão; Lafaiete Cardoso da UFBA, que coordenará em 2006; Carmen Lucia da Silveira Branquinho do CETEM; Djalma Jorge de Santana Nunes do CRQ-BA; Silvia Agostinho da USP. Foram enviados Projetos do Maranhão, Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Norte e Ceará.

Os projetos foram apresentados nas categorias Técnico Científico e Didático Pedagógico, sendo que, foram classificados e receberam Certificados, três Projetos em cada categoria. O primeiro colocado de cada categoria recebeu além dos Certificados, prêmio em dinheiro patrocinado pela Tecpon Industria e Comercio de Produtos Químicos no valor de R$ 750,00 cada.

Os vencedores foram:
Categoria Didático Pedagógica:
1º) Determinação experimental da Constante de Avogadro do Colégio Lumiere de São Paulo, SP.
Alunos: Marcos Império, Paulo Henrique Antoni de Barros do Bem, Ricardo Costa Feltrim, Ricardo Magalhães Lissoni.

2º) O lapachol como indicador ácido-base do Colégio Lumiere de São Paulo, SP.
Aluno: Marcel Estevo Rubio.

3º) O Químico detetive do Colégio Millenium do Mossoró, RN.
Aluna: Barbara Monique de Freitas Vasconcelos.

Categoria Técnico Científico:
1º) Aproveitamento de gases de altos fornos para geração de energia elétrica em benefício da siderurgia, da COSIPAR de Marabá, PA.
Aluna: Nara Giselle Vaz da Silva.

2º) Comparação entre capacidade de retirada de zinco de uma solução por duas espécies de algas, do CEFET-Química, RJ.
Alunos: Pedro Henrique Rodrigues Casimiro e Viviana Oliveira Queiroz.

3º) Efeito do formol sobre os cabelos, do CEFET-Química, RJ.
Alunos: Clarissa Campbell Menezes, Debora Lima Pereira, Juliane Lopes de Assis, Renata Nohra Chaar de Souza, Wanessa Porto Saltoris.

XIII Maratona de Química:
Voltada para alunos de ensino médio, a Maratona contou com a presença de representantes de escolas do Pará, São Paulo, Rio de Janeiro e Maranhão. Os alunos inicialmente presenciaram a apresentação de um experimento e tiveram que explicar por escrito quais as reações e resultados que haviam sido obtidos. Essas questões foram avaliadas por uma Comissão coordenada pela Profa. Maria Olinda Dias Lucena do CEFET-PA. A Comissão contou ainda com as Professoras Sonilda Maria Teixeira da Silva (que coordenará ano que vem em Salvador); Elenita Ribas Gonçalves da Ulbra-RS; Ellen Guimarães Duarte Dias do CEFET-RJ; Joacy Batista de Lima da UFMA; Sonia Souza Melo C. de Albuquerque da UFPE. Ao final foram classificdos 10 alunos que re receberam Certificados alusivos a sua colocação. Os três primeiros colocados, receberam ainda prêmios em dinheiro: primeiro colocado, R$ 600,00; segundo, R$ 250,00; terceiro, R$ 150,00. Os patrocínios foram da Dow Química S.A.
Os vencedores foram:

1º) Clarissa Campbell Menezes do CEFET-Química – Unidade Rio de Janeiro.
2º) Carlos Élson Rolo Silva do CEFET-PA.
3º) Felipe de Souza Cardoso do CEFET-Química – Unidade Rio de Janeiro.

Cada evento paralelo voltado para alunos teve sorteado entre todos os classificados uma assinatura anual da Revista Super Interessante.

Conclusões:
Se o número de participantes do CBQ 2005 não alcançou as metas estabelecidas pela promotora, por outro lado, a ativa participação daqueles que estiveram em Belém contribuiu para que se tivesse um evento bem movimentado. Foi representativo o numero de profissionais em relação ao de estudantes, que cresceu. Podemos concluir que a dificuldade da distancia para se alcançar a capital paraense fez com que delegações sempre presentes aos CBQ’s, desta feita não participassem do evento.

Vimos que a região estava muito bem representada, contando com um bom numero de participantes de Roraima, Rondônia, Amazonas e Acre, o que não ocorreu nos CBQ’s anteriores. Isso sem citar evidentemente que o paraense teve grande participação, tanto das instituições de ensino como UFPA, CESUPA, UEPA, CEFET-PA como da Agencia de Desenvolvimento da Amazônia – ADA e de empresas privadas.

Os Dirigentes da ABQ acreditam que a escolha pelo Pará foi acertada. Foi cumprido o objetivo social da Associação de levar seus eventos nacionais a todos os cantos do país, visando a melhor divulgação da pesquisa e ensino a todas as comunidades. É o papel de uma Instituição nacional: atender a todas as regiões onde existam associados e profissionais da química.

Os próximos CBQ’s estarão no nordeste brasileiro. Primeiro em 2006 em Salvador, Bahia, de 25 a 29 de setembro com o Tema Central “Química e Recursos Hídricos” e depois em setembro de 2007 em Natal, Rio Grande do Norte. O último evento grande de Química naquela cidade foi o próprio CBQ em 1997. Dez anos depois volta àquela cidade.

Ao término do CBQ, como sempre vem ocorrendo, a ABQ liberou a Carta de Belém com o seguinte teor:

CARTA DE BELÉM
A comunidade química que se reuniu no XLV Congresso Brasileiro de Química, ocorrido de 19 a 23 de setembro de 2005, em Belém, sob a organização da ABQ – Associação Brasileira de Química, chegou às seguintes conclusões e recomenda que:
O Governo do Estado do Pará deve desenvolver ações, em conjunto com o Governo Federal e as lideranças regionais, para a cobrança de royalties na exploração dos recursos minerais da região, visando reverter o presente deficit no balanço do uso desses recursos não renováveis, investindo em educação, em saúde, na geração de emprego e de renda;
A FIEPA, a Fecomércio-PA, o SEBRAE, e o Governo do Estado do Pará, por meio de seus órgãos de financiamento, bem como a UFPA, através do PIEBT, devem estimular a inovação com formação de redes de colaboração entre empresas locais e com formação de arranjos produtivos, dando particular ênfase ao pólo de produtos naturais da Prefeitura Municipal de Marituba, PA;
Os governos Federal e Estaduais da Região Norte não devem limitar o desenvolvimento da oleoquímica ao biodiesel, e devem determinar que seus órgãos de financiamento (CAPES, FINEP, CNPq, Banco da Amazônia, ADA, FADESP e SECTAM), bem como o SEBRAE, incentivem outras alternativas tecnológicas, envolvendo os setores de alimentos, cosméticos, química fina, e de materiais bio-renováveis;
A ANVISA, as Secretarias ou Fundações estaduais e municipais de meio ambiente, de saúde e de agricultura, bem como o IBAMA, o CFQ, os Conselhos Regionais de Química e a CNI, devem colaborar na preservação do meio ambiente, com particular atenção aos passivos ambientais, ofertando soluções e evitando o excesso de exigências e restrições burocráticas que inviabilizem a possibilidade de sobrevivência de pequenas empresas e a utilização de produtos regionais;
Os Ministérios do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, o de Ciência e Tecnologia, e o da Saúde, em suas políticas públicas no que diz respeito à Química Fina, devem ter uma visão da cadeia produtiva, particularmente para intermediários de síntese, incentivando a inovação focada na empresa produtora e exercendo o uso do poder de compra do Estado para o desenvolvimento nacional integrado;
Sejam estimulados a realização de cursos, publicações e eventos em Nanociências e Nanotecnologias, de forma a disseminar o seu conhecimento e promover a interdisciplinaridade em todas as áreas da Química e afins;
A CAPES, a FINEP e o CNPq devem intensificar seu apoio aos projetos de cunho regional e nacional de incentivo aos talentos na área da Química, notadamente as Olimpíadas de Química e garantir a participação do Brasil nas Olimpíadas internacionais, atividades estas promovidas pela ABQ – Associação Brasileira de Química.