ÁREA: Produtos Naturais

TÍTULO: AVALIAÇÃO DA TOXICIDADE AGUDA DO EXTRATO METANÓLICO DE FOLHAS DE Lippia sidoides Cham. (Verbenaceae

AUTORES: FARIAS, E. M. F. G.1 (UFPE) ; SILVA, A..C. P (UFPE) ; SOUZA, I. A. (UFPE) ; ALBUQUERQUE, J. F. C.1 ( UFPE) ; CHIAPPETA, A.. A.1 (UFPE) ; SENA, K. X, F. R.1. (UFPE)

RESUMO: Lippia sidoides Cham. (Família Verbenaceae) é uma planta encontrada no nordeste do Brasil e utilizada na forma de infusão e tinturas para tratamento de rinites alérgicas. Recentemente vem sendo usada contra infecções na garganta e gengiva e como anti-séptico. Baseados nessas propriedades foi decidido avaliar a toxicidade aguda do extrato bruto de folhas de Lippia sidoides, com conseqüente determinação da dose letal média (DL50). O extrato foi administrado via ip em fêmeas de camundongos albinos Swiss com peso entre 25 e 35 gramas. As doses variaram entre 980mg/Kg (D1)e 2000mg/Kg (D2). Os efeitos foram predominantemente mais acentuados nas doses mais elevadas com óbitos, onde foi constatada a morte de todos os animais do grupo na dose 2000 mg/kg (D2). A DL50 determinada foi 1329,17 mg/kg.

PALAVRAS CHAVES: lippia sidoides; toxicidade aguda; alecrim pimenta.

INTRODUÇÃO: As plantas medicinais são utilizadas no mundo desde o princípio das civilizações. A China e Índia têm tradição quanto ao uso de plantas empregadas na cura de doenças. No Brasil essa prática já era utilizada pelos índios e estendeu-se com os colonizadores. A utilização de plantas no tratamento de doenças vem da antiguidade quando foi iniciada a busca de cura para os males. É, portanto, tão antiga quanto à humanidade. Atualmente o usa de plantas medicinais tem tomado grande impulso e muitos medicamentos receitados já são fitoterápicos (BALBACH, 1999). Para melhor entendimento do uso de plantas é necessário a avaliação da relação risco/benefício do seu uso, através de estudos farmacodinâmicos e toxicológicos. Portanto, o uso popular, e o tradicional, não são suficientes para validar as plantas medicinais como medicamentos eficazes e seguros. Lippia sidoides Cham. (Verbenaceae) é encontrada no nordeste do Brasil, conhecida popularmente como alecrim-pimenta, alecrim do nordeste e estrepa-cavalo (MATOS, 1989, MARTINS, 2004). As folhas e flores constituem sua parte medicinal, é, usada na forma de infusão e tinturas no tratamento de rinites alérgicas, infecções na garganta e gengiva e como anti-séptico (MATOS, 1997; 2000; 2004). Apresenta forte atividade antimicrobiana contra fungos e bactérias devido ao grande percentual de compostos fenólicos existentes em seus componentes químicos. O extrato bruto de folhas de Lippia sidoides apresentou, em estudos anteriores, atividade antifúngica frente a isolados clínicos de Candida sp. De acordo com esses conhecimentos e principalmente observando usuários de plantas com atividade terapêutica foi decidido avaliar a toxicidade aguda do extrato bruto de folhas de Lippia sidoides, com conseqüente determinação da dose letal média (DL50).

MATERIAL E MÉTODOS: Na realização desse estudo foi empregada a metodologia preconizada por Karber e Behrens (1964), na qual foi utilizada uma única dose sendo considerado então, dois itens: um chamado de ensaio preliminar e o outro ensaio definitivo. A fase preliminar teve como objetivo determinar a maior dose que não apresenta letalidade (D1) e a menor dose capaz de provocar a morte de 100% dos indivíduos (D2). O ensaio definitivo é baseado nos resultados do ensaio preliminar. Nessa fase foram administradas doses crescentes entre D1 e D2 em lotes de seis animais sadios, previamente selecionados para este experimento com a finalidade de determinação da DL50. Durante o desenvolvimento desse teste foram observados vários parâmetros tais como: sinais tóxicos de caráter geral, efeitos sobre a deambulação, reações comportamentais de desenvoltura do animal e principalmente o número daqueles que foram a óbitos. O grupo controle recebeu o veículo utilizado na dissolução da substância testada. O extrato bruto da Lippia sidoides foi administrado em camundongos albinos Swiss fêmeas (Mus musculus) (n=6), com idade aproximadamente de 60 dias de nascidos e pesando entre 25 e 35 gramas. O material foi administrado por via intraperitoneal, em doses que variaram entre 980mg/Kg (para D1) e 2000mg/Kg (D2). Ao grupo controle foi administrado soro fisiológico intraperitonealmente

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os animais do grupo tratado com o extrato metanólico de Lippia sidoides apresentaram reações caracterizadas como neuro-vegetativas, com respostas estimulantes e depressoras. Os sinais clínicos apresentados pelos animais, para todas as doses testadas, em maior ou menor grau, incluíram respostas estimulantes nos primeiros 15 minutos após aplicação. Tais sinais foram: reações estimulantes iniciais para todas as doses testadas, em menor ou maior grau como agitação, reação de fuga, movimentos estereotipados, circulares e de vibrissas, piloereção, tremores finos e grosseiros, alteração da marcha, aumento da freqüência respiratória, espasmos, etc. Após os 20 minutos da administração do extrato de Lippia sidoides, os efeitos observados passaram de estimulantes para depressores caracterizados por abaixamento de trem posterior, dispnéia, sedação, palidez, prostração, cianose e/ou morte. Na dose de 980 mg/Kg (D1), e doses inferiores, foi verificado a total recuperação dos animais após 48 horas de observação. Os efeitos foram predominantemente mais acentuados nas doses mais elevadas com óbitos, onde foi constatada a morte de todos os animais do grupo na dose de 2000 mg/kg (D2).

CONCLUSÕES: : A DL50 do extrato bruto de folhas de Lippia sidoides determinada foi de 1329,17 mg/kg. A partir dessa DL50 encontrada, será estimada uma dose adequada para realização dos estudos da atividade biológica do extrato das folhas de Lippia sidoides numa faixa de segurança pré-clínica apropriada. A literatura existente não apresentou nenhum estudo farmacológico desse tipo desenvolvido anteriormente, isto significa que não havia até então sido estudado a DL50 para Lippia sidoides.

AGRADECIMENTOS: A FACEPE pelo financiamento desse projeto, sem o qual não teria sido possível tal estudo

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BALBACH, A. A Flora Nacional na Medicina Doméstica. 17. ed. São Paulo, edições " A Edificação dolar", s.d., 919 p. il.2v.

KARBER, G.; BEHRENS, B. Statistical methods in biological assays. London: Griffin Ch. An. C. 1964.

MARTINS, E. R.; SANTOS R. H. S. Plantas Medicimais : Uma Alternativa Terapêutica de Baixo Custo. Viçosa, MG : UFV, Imprensa Universitária, 1995.26p. http: www// Colhido na Internet em em 16/10/2004.

MATOS, F. J. Plantas Medicinais - Guia de Seleção e Emprego de Plantas Medicinais do Nordeste do Brasil, Fortaleza, IOCE, 1989. 2v. http: www// Colhido na Internet em 16/10/2004.

MATOS, F. J. Plantas medicinais. 2. edição. Fortaleza: Imprensa Universitária - UFC. 344 p. 2000.

MATOS, F. J. Farmácias vivas. Fortaleza: UFC Edições. 3. edição. 219 p. 1998

MATOS, F. J. O Formulário fitoterápico do Professor Dias da Rocha. Fortaleza: UFC Edições. 2. edição. 257 p. 1997.