ÁREA: Química Analítica

TÍTULO: AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE PARTIÇÃO EM COMPRIMIDOS DE CAPTOPRIL 50 MG

AUTORES: VIEIRA, C.A. (UNIFENAS , U) ; BARBIERI, R.S. (FAMINAS) ; ALVES, R. S. (UNIFENAS) ; FONTES, A.G.M. (UNIFENAS) ; PEREIRA, J.V.F. (UNIFENAS) ; ANDRADE, M. V. (UNIFENAS) ; OLIVEIRA, N.C. (UNIFENAS)

RESUMO: A hipertensão arterial, considerada uma doença cardiovascular, constitui o agravo mais comum na população adulta em todo o mundo. Esta patologia requer tratamento posológico rigoroso para manutenção da concentração plasmática da droga em níveis terapêuticos desejados e constantes, e consequentemente, da pressão arterial, sendo o Captopril (1-(3-mercapto-2-methyl-1-oxopropyl)-, (S)-L-Proline), um fármaco amplamente utilizado para o controle da mesma. O estudo realizado teve como objetivo avaliar o processo de partição (divisão em duas partes) em comprimidos de Captopril 50 mg, através de ensaios físicos e químicos. Os resultados obtidos demonstraram que ocorreram variações significativas nas metades, o que pode provocar significativas alterações no tratamento da hipertensão arterial.

PALAVRAS CHAVES: captopril, partição de comprimidos, hipertensão.

INTRODUÇÃO: A hipertensão arterial é o agravo mais comum na população adulta em todo o mundo, sendo considerada um problema de saúde pública por sua magnitude, risco e dificuldades no seu controle. (MOLINA; et al., 2003).
Dentre os medicamentos que atuam sobre o sistema renina-angiotensina-aldosterona e que pertence á classe dos anti-hipertensivos, cita-se os inibidores da ECA (enzima conversora da angiotensina), destacando-se o Captopril, primeiro fármaco utilizado para tal fim (SILVA, 2002).
Por meio de parcerias entre o Ministério da Saúde, prefeituras, secretarias estaduais de saúde e entidades filantrópicas, o Programa Farmácia Popular do Brasil já repassou à população cerca de 30 milhões de unidades de medicamentos com desconto médio de 90% em relação ao preço de mercado. O Captopril está entre os dez medicamentos populares mais procurados nas farmácias populares (MS, 2006).
A eficácia do tratamento farmacológico depende de vários fatores. Tem-se observado no Brasil nos dias de hoje, a prática de partição de comprimidos, normalmente visando a adequação às doses prescritas pelo clínico, assim como a redução de custos (ANVISA, 2003).
Estudos mostram que as metades apresentam variação de conteúdo além do recomendado. A prática de quebrar um comprimido pela metade para alcançar a dose prescrita pelo médico pode prejudicar o tratamento devido a uma dose subterapêutica ou expor o paciente a uma superconcentração do medicamento, deixando-o vulnerável a efeitos tóxicos (ANVISA, 2007).
Portanto, avaliar o processo de partição em comprimidos é de suma importância, principalmente em casos de pacientes com uso crônico de medicamentos no qual, a manutenção das doses garante o controle das sintomatologias.


MATERIAL E MÉTODOS: A realização das análises físico-químicas dos comprimidos foram efetuadas no laboratório de Controle Físico Químico da Universidade José do Rosário Vellano – UNIFENAS, campus Divinópolis – MG. Para a realização dos testes, foram utilizados 90 comprimidos contendo 50 mg de Captopril (genérico), sendo pertencentes ao mesmo lote. Os ensaios realizados nos comprimidos foram: Peso médio, que consiste em pesar individualmente 20 comprimidos e calcular a média e desvio padrão. Friabilidade, que mede a falta de resistência dos comprimidos à abrasão, quando submetidos à ação mecânica de aparelhagem específica. Dureza que mede a resistência do comprimido ao esmagamento ou à ruptura sob pressão radial e a força é medida em Newtons. E o ensaio de Uniformidade de doses unitárias, que consiste em analisar os comprimidos mediante a distribuição homogênea de fármacos no mesmo, quanto aos ensaios de variação de peso (com 10 comprimidos íntegros e 10 metades - obtidas pela partição manual). O ensaio de doseamento das unidades citadas foi realizado utilizando o método analítico titulométrico por oxi-redução (iodometria).

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os resultados de peso médio, indicaram que todos comprimidos íntegros atenderam as especificações, quanto às metades oriundas do processo de partição pelos métodos já citados, os resultados demonstraram não conformidade, verificando-se elevada variação entre as metades pesadas. No ensaio de Friabilidade, são toleradas perdas com valores inferiores a 1,5 % de massa em relação ao peso de 20 comprimidos no início do teste (FARMACOPÉIA BRASILEIRA, 1988). Os comprimidos íntegros analisados apresentaram perda de 0,964%, encontrando-se, portanto, de acordo com a especificação citada. Porém, as metades provenientes do processo de partição utilizando instrumento cortante, apresentaram não conformidade, com perda de 2,385%, sendo superior à preconizada. No teste realizado de dureza, todos os comprimidos íntegros, assim como as metades submetidas ao processo de partição já citados, apresentam dureza acima de 30 N (3Kgf), que corresponde ao mínimo preconizado pela especificação, estando conformes com a mesma. A Farmacopéia Brasileira preconiza que tanto para variação de peso como para uniformidade de conteúdo, os comprimidos de Captopril devem encontrar-se entre 85% e 115% do valor declarado e nenhuma unidade pode estar fora da faixa de 75,0% a 125%. Os comprimidos íntegros que foram submetidos ao teste de uniformidade de conteúdo e variação de peso, apresentaram conformes, quanto à uniformidade de doses unitárias, ou seja, continham concentração de fármaco semelhante à declarada, havendo uma variação mínima da mesma. Quanto às metades provenientes do processo de partição, estas exibiram variações peso e de conteúdo entre os limites pré-estabelecidos (85 a 115 %), porém, em relação aos comprimidos íntegros, apresentaram significativas variações.

CONCLUSÕES: A avaliação do processo de partição em comprimidos de Captopril 50 mg demonstrou diferenças significativas na uniformidade de massa e conteúdo. Considerando que a hipertensão é uma doença grave e que requer esquema posológico rígido para a manutenção da concentração plasmática da droga em níveis terapêuticos desejados e constantes, e conseqüentemente, da pressão arterial, variações na dosagem podem influenciar significativamente no tratamento do hipertenso. Por isso, de acordo com os resultados encontrados, o processo de partição de comprimidos não se mostra seguro.

AGRADECIMENTOS: À UNIFENAS - Campus Divinópolis e ao Centro Universitário UNA.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Resolução – RDC no 210, de 4 de agosto de 2003. Disponível em: <http://e-legis.anvisa.gov.br/leisref/public/showAct.php?id=22321&word=>. Acesso em: 10 out. 2007.

FARMACOPÉIA Brasileira. 4. ed. São Paulo: Atheneu, 1988. P. I.

MOLINA, M. C. B.; et al.. Hipertensão arterial e consumo de sal em população urbana. Revista Saúde Pública, Vitória, v. 37, n. 6. 2003. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rsp/v37n6/18017.pdf>. Acesso em: 16 nov. 2007.

SILVA, P.. Farmacologia. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002.