ÁREA: Ambiental

TÍTULO: Sabão neutro produzido a partir de óleo de cozinha usado

AUTORES: SOUZA, L. D. (UERN)

RESUMO: Existem várias receitas que ensinam como fabricar sabão em pedra a partir do óleo de cozinha usado na Internet e panfletos de campanha de educação ambiental. Porém a maioria delas produz um sabão que apresenta pH muito básico. Com base nisso foi desenvolvido um projeto com a idéia de fabricar um sabão com pH menor e próximo do neutro, que atenda as características exigidas na legislação e não cause problemas de saúde. Os materiais utilizados nesse processo são o óleo comestível usado, água, soda cáustica, ácido sulfônico e essência. O sabão produzido a partir desses materiais apresentou um pH mais proximo do neutro, em relação aos demais, mostrando-se como uma alternativa viável para o reaproveitamento de óleo usado, bem como um produto que oferece menos danos à saúde de quem o usa.

PALAVRAS CHAVES: reciclagem, óleo de cosinha usado, sabão neutro

INTRODUÇÃO: Uma das maiores preocupações de nossa atualidade é o lixo e a poluição que ele causa no meio ambiente. Tentando minimizar o impacto causado pela ação de materiais poluentes, tem-se proposto e aplicado varias alternativas. A reciclagem é uma forma muito atrativa de gerenciamento desses resíduos, pois transforma o lixo em insumos, com diversas vantagens ambientais, contribuindo para a economia dos recursos naturais e gerando emprego e renda. Muitos estabelecimentos comerciais e residências jogam o óleo de cozinha usado nas redes de esgoto, o que causa o entupimento e mau funcionamento das estações de tratamento, a poluição dos corpos hídricos e graves problemas de higiene e mau cheiro, causando danos irreparáveis ao meio ambiente e constituindo uma prática ilegal punível por lei. Uma alternativa para diminuir os impactos causados por essa pratica é a reciclagem do óleo de cozinha usado com a produção de sabão em pedra. Isto permite a reutilização desse material e oferece uma solução para o problema que é vantajoso para quem descarta o óleo, para quem recicla e para a sociedade em geral, preservando o meio ambiente e poupando dinheiro público. Existem várias receitas disponíveis na Internet, panfletos de educação ambiental e etc, que ensinam como fabricar de forma fácil e economicamente viável o sabão a partir do óleo descartado. Porém, em sua maioria, todas resultam num sabão com pH muito básico, o que pode causar danos à saúde de quem utiliza tal produto, como irritações, unheiros e inflamações. Com base nessas observações foi desenvolvido um trabalho com o objetivo de produzir um sabão mais neutro em relação a estes, utilizando materiais baratos e de fácil acesso, que atenda as características dos sabões industriais comuns e ofereça menos danos à saúde dos consumidores.

MATERIAL E MÉTODOS: Para a fabricação do sabão foi usado reagentes e materiais de fácil acesso. Os materiais usados foram: 6 L de óleo comestível usado; 2 L de água; 1 kg de soda cáustica (NaOH); 1 L de ácido sulfônico; 100 ml de essência; 1 balde de plástico de 10 L; 1 colher de pau; 1 caixote ou formas de madeira; 1 bacia de plástico ou panela grande para preparar o sabão. Para obter um sabão de boa qualidade recomenda-se:

-Não utilizar o óleo da fritura de peixes e outros frutos do mar, pois deixam o sabão com cheiro desagradável;
-Filtrar o óleo para remover os resíduos sólidos e impurezas sólidas que possam nele estar contido;
-Lavar o óleo com água comum na proporção de 1/1 antes do uso. Após a lavagem o óleo pode ser separado da água por decantação.

Para a fabricação do sabão deve-se o procedimento:

-Colocar a soda cáustica no fundo do balde cuidadosamente, usando luvas plásticas;
-Adicionar a água, mexendo até dissolver completamente a soda, deixando em seguida a solução em repouso até esfriar;
-Despejar o óleo no balde ou panela onde o sabão será preparado e adicionar a soda cáustica diluída, mexendo por 20 minutos;
-Adicionar lentamente o ácido sulfônico e mexer por mais 20 minutos até homogeneizar a mistura. Caso deseje, deixar em repouso por 10 minutos e adicionar a essência, mexendo novamente até homogeneizar;
-Despejar na forma e deixar em repouso por 1 dia. Cortar e desinformar as barras, deixando descansar por 30 dias antes do uso.

A forma pode ser feita com as seguintes dimensões INTERNAS: 4 cm de altura, 29 cm de largura e 80 cm de comprimento. Nestas dimensões podem ser produzidas 20 barras de sabão, com 4 cm de altura e largura e 29 cm de comprimento, e aproximadamente 500g, após cortadas na forma em tamanhos iguais.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Conforme os dados obtidos após análises do pH das várias receitas pesquisadas, observou-se que o sabão produzido a partir da receita aqui apresentada apresenta um pH consideravelmente baixo. Vide tabela 1.
Estes resultados mostram que a fabricação dos sabões usando as receitas disponíveis na Internet resulta num sabão que, embora possua boas propriedades de limpeza como molhabilidade e poder espumante, apresentam pH final muito alto. Assim todos os sabões preparados produzem espuma em boa quantidade e limpam bem, condições consideradas pelas donas de casa quando avaliam a qualidade do produto. O pH alto é o problema que, sendo menos percebido pelos leigos em geral, causa os problemas de saúde relacionados à mão de quem usa este produto. Esta é a razão porque algumas receitas recomendam o uso do sabão somente após vários dias da produção (o envelhecimento causa oxidação e diminui o pH) e até mesmo o uso de luvas durante o uso dos sabões.
Cabe destacar também alguns cuidados que devem ser tomados durante a preparação do produto. Assim, durante a mistura da soda cáustica com água e durante a adição de ácido sulfônico ao sabão em preparação a reação é fortemente exotérmica e/ou libera vapores altamente tóxicos, devendo ser realizada com equipamentos de proteção (luvas e máscaras) e em ambiente aberto e bem ventilado para evitar queimaduras na pele ou problemas de intoxicações.



CONCLUSÕES: As formulas disponíveis resultam em sabões com boas propriedades de limpeza, mas com problemas no pH final do produto, o que pode causar problemas de saúde e ambientais durante o descarte de efluentes deste produto, além de desobedecer à legislação em vigor. Deve-se evitar o uso dessas fórmulas não testadas e aprovadas pelas autoridades, em função dos prejuízos que elas podem causar.
O sabão produzido a partir da receita desenvolvida neste trabalho é mais vantajoso, economicamente e ambientalmente, além de trazer melhores benefícios devido ao fato de ser um produto não prejudicial à saúde.

AGRADECIMENTOS: Ao departamento de Química da UERN, ao grupo de pesquisa de Química Ambiental da Empresa Química Jr., ao prof. Dr. Luiz di Souza e a minha Familia.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: Livros:
Shreve, R. N., Jr., J. A. B., Indústrias de Processos Químicos, Tradução: Horacio Macedo, 4ª ed., Editora Guanabara Dois S. A., Rio de Janeiro - RJ.

Sites:
http://www.ucs.br/ccet/defq/naeq/material_didatico/textos_interativos_27.htm
http://moquecacompimenta.blogspot.com/2007/10/receitas-de-produtos-de-limpeza.html
http://www.conpet.gov.br/comofazer/comofazer_int.php?segmento=&id_comofazer_serie=62
http://envolverde.ig.com.br/materia.php?cod=28423&edt=1
http://www.cobrap.org.br/site/artigos_vis.php?id=448
http://www.setorreciclagem.com.br/manuais/sabao.pdf