ÁREA: Iniciação Científica

TÍTULO: O USO DO QUIZ PARA O ENSINO DE QUÍMICA EM UMA TURMA INCLUSIVA: UMA PERSPECTIVA AMBIENTAL

AUTORES: BRANDÃO, E. M. (IFPB) ; FIGUEIRÊDO, A. M. T. A. (IFPB) ; SOUZA, N. S. (IFPB/UFPB)

RESUMO: Este ensaio foi efetivado no IFPB, Campus João Pessoa, em aulas de Química nas duas turmas do 1º ano do Curso Técnico Integrado de Eletrotécnica. Destas, uma é inclusiva (alunos ouvintes e um surdo), e a outra apenas de ouvintes. Realizou-se um QUIZ, construído a partir de materiais reutilizados, abordando vários assuntos, com o objetivo de facilitar o processo de ensino-aprendizagem de TODOS os educandos. O lúdico foi utilizado, pois promove o maior interesse dos estudantes, motivando o professor a fazer mediações cognitivas, com respeito às diferenças e aos direitos humanos (OLIVEIRA; SOARES, 2005, p. 1) (TRISTÃO, 2002 p. 174). Os discentes responderam questionários pré e pós à aplicação do jogo, de modo substancial devido ao alto percentual de acertos nas questões propostas.

PALAVRAS CHAVES: lúdico; inclusão; educação ambiental

INTRODUÇÃO: Hoje em dia, a utilização da reciclagem e o reuso de alguns materiais, perpetra mudanças de atitude, que podem, de certa forma, contribuir para a diminuição da degradação ambiental e para a defesa e promoção de uma melhor qualidade de vida (DIAS, 1993 p. 248). Diante deste fato, a abordagem da educação ambiental vem adquirindo, por meio de investigações, o contorno de uma nova e crescente presença entre as áreas e as linhas de pesquisa dentro do campo da educação (RUSCHEINSKY, 2002, p. 9).
Tendo em vista que a reutilização é de extrema importância, esta pesquisa está embasada no emprego de uma metodologia lúdica alternativa para o ensino de Química, fazendo uso de materiais reciclados de baixo custo. Quando tal metodologia é intencionalmente criada pelo adulto, com base a estimular certos tipos de aprendizagem, surge então à dimensão educativa (KISHIMOTO, 2006, p. 36). Dependendo do bom preparo e liderança do professor para que se obtenha um bom êxito, o lúdico servirá como instrumento facilitador do ensino (ALMEIDA, 1998, p.123).
Neste estudo aplicamos o QUIZ ‘jogo de perguntas e respostas’ com alguns conteúdos de Química do 1º ano do Ensino Médio. O aspecto visual foi enfatizado, pois é relevante na compreensão dos alunos ouvintes e surdos. Além da LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais), meio privilegiado de interação simbólica dos surdos, diferentes formas de comunicação que usam outras estratégias visuais foram empregadas em sala de aula, a fim de estimular uma aprendizagem mais significativa, para TODOS (surdos e ouvintes) os discentes.
Portanto, ministrou-se uma aula subsidiada por vários recursos pedagógicos no intento de atrair a atenção dos estudantes.


MATERIAL E MÉTODOS: A priori, foi feita uma revisão bibliográfica sobre os assuntos a serem abordados. A atividade desenvolveu-se durante o 2º bimestre de 2009 no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba (IFPB), situada em João Pessoa - PB. Trabalhou-se com duas turmas do 1º ano do Curso Técnico Integrado de Eletrotécnica. Sendo, uma inclusiva (surdo e ouvintes) e a outra apenas de ouvintes.
Para elaboração do QUIZ, foram construídas 10 cartelas contendo 10 perguntas, com folhas coloridas, papelão e papel reciclado, bem como, um Diagrama de Pauling valendo-se destes dois últimos materiais, além de palitos de churrasco para a orientação das setas.
A idéia desta proposta é revisar os conteúdos já explanados pelos professores das turmas. Estes foram: Mudanças de Estado Físico, Propriedades da Matéria e suas Transformações, Modelos Atômicos, Distribuição Eletrônica, Isótopos, Isóbaros e Isótonos. A turma inclusiva contém 43 discentes, nos quais estavam presentes 28 ouvintes e 1 surdo. Enquanto que a de ouvintes possui 46, entretanto, encontravam-se 37 alunos.
Além do jogo, fez-se uso de recursos multimídia, para realçar animações e figuras, relacionadas ao tema, assim como, modelos atômicos em 3D, no intuito de enriquecer a aprendizagem, despertando a curiosidade dos educandos, para consequentemente manter elevada a motivação em sala de aula. (FARIAS, 2005, p. 49).
Enfim, foi entregue um questionário contendo 10 questões antes da aplicação do método alternativo. Após a situação lúdica vivenciada, passou-se o mesmo questionário acrescido de 3 questões subjetivas à respeito da opinião dos estudantes quanto à metodologia lúdica executada e se esta contribui de alguma forma em sua aprendizagem. Foi comparada então, a diferença de acertos em termos de percentual nas turmas.


RESULTADOS E DISCUSSÃO: Após a resolução dos questionários nas referidas turmas, construiu-se o Gráfico 1, que ilustra a diferença do percentual de acertos pré e pós a aplicação do QUIZ.
Gráfico 1 Diferença de acertos às questões pré e pós a aplicação do QUIZ
Dentre os dados apresentados, percebe-se um aumento considerável de acertos às questões após a aplicação do método lúdico-alternativo em ambas as turmas. E ainda pode-se visualizar a maior diferença no percentual de acertos, com aproximadamente 66%, ocorrida na turma inclusiva. Em relação à questão 3, a mesma não aparece no gráfico, pois é a única que o resultado do pré foi 3,4% mais satisfatório que o do pós. A postura de TODOS os alunos diante do jogo foi de entusiasmo, de acordo com a Figura 1 e as respostas às questões de cunho pessoal como: ‘Com certeza é muito útil’ , ‘Facilita o aprendizado e aumenta o nosso interesse’ , ‘Foi bem explicativo e estimulante, tornando a aula divertida e interessante’ . E principalmente, a resposta do aluno surdo: ‘Eu gosto de ver imagens, dá para aprender’.
Figura 1 Momento de integração na aplicação do QUIZ nas turmas
Conforme os resultados é notório que o professor deve operacionalizar a inclusão escolar de tal forma que TODOS os alunos, independente de classe, raça, gênero, sexo, características individuais ou necessidades educacionais especiais, possam aprender juntos, provando que ensinar inexiste sem aprender e vice-versa. (BRASIL, 2001, p.19) (FREIRE, 2008, p.23).
Quanto à metodologia lúdica, é relevante citar que estes jogos não são fins, mas meios que completam e devem ser somados ao trabalho do educador, criando assim, um envolvimento natural à atividade realizada. (ALMEIDA, 1998 p. 119) (MORAES, 2003, p.74).







CONCLUSÕES: À luz desta pesquisa, torna-se evidente que a aprendizagem e o conhecimento são favorecidos, se ao ensino forem incorporados recursos alternativos (como os sinestésicos e primordialmente os visuais) com ênfase na reciclagem e reutilização de materiais.
Devemos, portanto, criar novas situações de aprendizagem a TODOS os alunos, especialmente aos portadores de necessidades educacionais especiais, visando melhorias cognitivas com a Química e o Meio Ambiente e maiores interações com o outro e o diferente.


AGRADECIMENTOS: À Coordenação de Projetos Institucionais, ao setor de Reciclagem e especialmente aos Professores e Alunos do IFPB pela participação neste estudo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ALMEIDA, Paulo N. Educação Lúdica: Técnicas e jogos pedagógicos. 9ª ed. São Paulo: Loyola, 1998.
BRASIL. Direito à educação - necessidades educacionais especiais: subsídios para atuação do Ministério Público Brasileiro. Brasília: MEC, SEESP, 2001, p. 19.
DIAS, Genebaldo Freire. Educação Ambiental: princípios e práticas. São Paulo: Gaia, 1993.
FARIAS, Robson Fernandes. Química, ensino e cidadania. São Paulo: Edições Inteligentes, 2005.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2008.
KISHIMOTO, Tizuko Morchida. O jogo e a Educação infantil. In: Kishimoto, Tizuko Morchida, (Org.). Jogo, Brinquedo, Brincadeira e a Educação. São Paulo: Cortez, 2006. p.13-43
MORAES, Maria Cândida. Educar na biologia do amor e da solidariedade. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003.
OLIVEIRA, Alessandro Silva; Soares, Márlon Hebert Flora Barbosa. Júri Químico: Uma atividade lúdica para discutir conceitos químicos. Revista Química Nova na Escola. São Paulo, n°21, maio de 2005, p. 18-24.
RUSCHEINSKY, Aloísio, (Org.). Educação Ambiental: abordagens múltiplas. Porto Alegre: Artmed, 2002.
TRISTÃO, Martha. As dimensões e os desafios da educação ambiental na sociedade do conhecimento. In: Ruscheinsky, Aloísio, (Org.). Educação Ambiental: abordagens múltiplas. Porto Alegre: Artmed, 2002.