ÁREA: Iniciação Científica

TÍTULO: AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIFÚNGICA DOS ÓLEOS ESSENCIAIS DE Ocimum americanum e Ocimum selloi.

AUTORES: CAVALCANTE, L. B. (UECE) ; VIEIRA, P. R. N. (UECE) ; SILVA, M. G. V. (UFC) ; OLIVEIRA, I. R. (UFC) ; BEZERRA, F. H. Q. (UECE) ; MORAIS, S. M. (UECE)

RESUMO: Óleos essenciais de O. americanum e O. selloi tiveram suas atividades antifúngicas testadas in vitro, contra 7 cepas do fungo leveduriforme candida. Através do método de microdiluição foi constatado que os dois óleos apresentam atividade contra o patógeno, sendo a melhor atividade evidenciada a partir do óleo essencial de O. selloi. O presente trabalho reforça a idéia da necessidade de se estudar o potencial fitoterápico e atividade fungicida dos óleos essenciais.

PALAVRAS CHAVES: fungicida e óleos essencias

INTRODUÇÃO: As infecções causadas por fungos têm crescido bastante nos últimos anos, em parte devido ao aumento da resistência desses microorganismos aos fungicidas que são usados na prática médica e na agricultura (ZANARDI et al., 2008; AMARAL, BARA 2005). Devido a esse aumento de infecções e a não eficácia de alguns antifúngicos, torna-se necessário a busca por novos produtos terapêuticos de origem natural que substituam os produtos sintéticos ineficazes. As plantas se mostram como fontes importantes de compostos biologicamente ativos, muitos dos quais se constituem em modelos para a síntese de um grande número de fármacos (Simões et al, 2004). O gênero Ocimum, família Lamiaceae, compreende mais de 64 espécies herbáceas e subarbustivas encontradas em regiões tropical e subtropical da Ásia, África, América Central e do Sul, mas o principal centro de diversidade é o continente africano. As plantas deste gênero apresentam grande diversidade de espécies, sendo conhecidas, popularmente, como alfavacas e manjericões (DAVID et al., 2006; BLANK et al., 2004; LORENZI E MATOS, 2002). A espécie O. americanum (sin. O. canum Sims) é comumente chamada de alfavacão na região amazônica. Em outras regiões, é conhecida como remédio-de-vaqueiro, alfavaca-do-campo, alfavaca-de-vaqueiro e anjericão. Ocimum selloi, popularmente conhecido como elixir paregórico, alfavaquinha ou atroveran (LORENZI E MATOS, 2003), é uma espécie herbácea, perene, de até 1,20 m de altura, com florescimento ao longo de todo o ano.

MATERIAL E MÉTODOS: As amostras de Ocimum americanum e O. selloi foram coletadas no Jardim de Plantas Medicinais e Aromáticas Francisco José de Abreu Matos da Universidade Federal do Ceará e identificados no herbário Prisco Bezerra (UFC). O óleo essencial foi extraído através do método destilação por arraste com vapor d’água (Craveiro et al. 1976) e a composição química de seus constituintes foi determinada por cromatografia de gás acoplada a espectrometria de massa. Foram obtidas da Coleção de Cultura do Departamento de Micologia da Universidade Federal de Pernambuco e a atividade antifúngica foi avaliada pelo método de microdiluição em placa de 96 poços, realizada segundo parâmetros do CLSI. Os óleos essenciais foram avaliados nas concentrações de 5000 a 4μg.ml-1, testadas em duplicata. Foram acrescentados os controles positivo, utilizando o antifúngico Anfotericina B, e negativo, com o fungo crescendo livre de drogas. As placas foram incubadas por 48 horas em estufa a 35°C e lidas visualmente. A concentração inibitória mínima (CIM) foi considerada como a menor concentração capaz de inibir 100% do crescimento fúngico. Para a análise da concentração fungicida mínima (CFM) foram cultivados em placas de ágar batata o líquido dos poços onde não houve crescimento fúngico, sendo considera a CFM, a menor concentração onde não houve crescimento fúngico após 2 dias de incubação a temperatura ambiente.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: A análise cromatográfica mostrou que os principais constituintes do óleo essencial de O. americanum foram (Z)-metil cinamato (29,4%) e 1,8-cineol (25,9%) e o O. selloi apresentou como constituintes majoritários o linalol (44,0%) e 1,8-cineol (15,5%). O método de microdiluição em caldo mostrou que o óleo essencial de O. americanum foi capaz de inibir as cepas de C. albicans, C. tropicalis e C. parapsilosis, enquanto que o óleo essencial de O. selloi inibiu todas as espécies testadas (tabela 1) do gênero Candida, levedura essencialmente oportunista, envolvida em casos de candidemia em neonatos (Xavier et al. 2008), candidíase orofaríngea recorrente em pacientes com AIDS (Wingeter et al. 2007) entre outros.

Este trabalho confirma que os óleos essenciais, obtidos de plantas do Nordeste brasileiro, são produtos biologicamente ativos com potencial exploração na busca de novos fármacos. A análise quantitativa da atividade antifúngica passa a ser um ponto de partida para estudos futuros, utilizando metodologias que mostrem a toxicidade e, posteriormente, resultados in vivo.




CONCLUSÕES: Os dados do presente estudo mostram que os óleos essenciais de O. selloi e O. americanum podem ser considerados uma importante fonte de compostos com atividade antifúngica, in vitro, tendo o óleo essencial de O. selloi demonstrado melhores resultados em relação ao óleo essencial de O. americanum.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: AMARAL, M. F. Z. J.; BARA, M. T. F. Avaliação da atividade antifúngica de extratos de plantas sobre o crescimento de fitopatógenos. Revista Eletrônica de Farmácia, v. 2, n. 2, p. 5- 8, 2005.
BLANK, A.F.; CARVALHO FILHO, J.L.S.; SANTOS NETO, A.L.; ALVES, P.B.; ARRIGONI-BLANK, M.F.; SILVA-MANN, R.; MENDONÇA, M.C. Caracterização morfológica e agronômica de acessos de manjericão e alfavaca. Horticultura Brasileira, v.22, n.1, p. 113-116, 2004.
DAVID, E.F.S.; PIZZOLATO, M.; FACANALI, R.; MORAIS, L.A.S.; FERRI A.F.; MARQUES, M.O.M.; MING, L.C. Influencia da temperatura de secagem no rendimento e composição química do óleo essencial de Ocimum selloi benth. Revista brasileira de plantas medicinais, v. 8, n. 4, p. 66-70, 2006.
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Wingeter, M. A.; Guilhermetti, E.; Shinobu, C. S.; Takaki, I.; Svidzinski, T. I. E.. Identificação microbiológica e sensibilidade in vitro de Candida isoladas da cavidade oral de indivíduos HIV positivos. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 2007;40(3):272-276.
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ZANARDI D.; NUNES, D. H.; PACHECO, A. S.; TUBONE, M. Q.; SOUZA FILHO, J. J. Avaliação dos métodos diagnósticos para onicomicose. Anais Brasileiros de Dermatologia, v. 83, n. 2, p. 119-24, 2008.