ÁREA: Iniciação Científica

TÍTULO: EXTRAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DO ÓLEO DA AMÊNDOA DO PEQUI (Caryocar brasiliensi Camb.) PARA USO EM COSMÉTICOS

AUTORES: MATA, S. J. R. (UCG) ; CASTRO, E. L. M. (UCG) ; VIEIRA, L. T. (UCG) ; MARTINS, S. S. (UCG) ; DEUS, T. N. (UCG) ; SILVA, A. M. L. (UCG)

RESUMO: O objetivo desta pesquisa foi extrair e caracterizar o óleo da amêndoa do pequi (Caryocar brasiliensi Camb.), a qual é resíduo da indústria alimentícia e utiliza-lo como matéria-prima em cosméticos. Para a determinação dos parâmetros físico-químicos o óleo foi extraido pelo método de Soxhlet, utilizando hexano como solvente. O teor de lipídeos totais foi de 20%, índice de acidez de 3,86mgKOH/g, índice de saponificação de 190,2mgKOH/g, índice de refração de 1,392, índice de peróxido de 27,63meq/1000g, ácidos graxos por CG-MS palmítico (C16:0) 42,3%, ácido oléico (C18:1), 50,2%, ácido esteárico (C18:0) 1,5%, umidade por Karl Fischer de 645,3mg/L e densidade relativa de 0,9093g/cm3 a 20C. Os resultados mostraram que o óleo apresentou ótima qualidade, sendo usado em emulsões cosméticas.

PALAVRAS CHAVES: pequi, amêndoa, óleo, emulsões cosméticas

INTRODUÇÃO: O bioma Cerrado é muito rico em espécies frutíferas, cujos frutos se destacam, principalmente, por suas agradáveis e, até mesmo, exóticas peculiaridades sensoriais como cor, sabor e aroma, embora ainda sejam pouco explorados comercialmente e cientificamente. O pequi (Caryocar brasiliensi Camb.), que na linguagem indígena significa coco com espinhos, é um fruto nativo do cerrado brasileiro com a sua polpa amplamente utilizada na culinária, nas indústrias alimentícias e de cosméticos da região. Os caroços não são aproveitados por serem envolvidos internamente de espinhos, sendo-os considerados como rejeitos. No seu óleo da amêndoa encontram-se vitaminas e substâncias químicas antioxidantes que bloqueiam as reações em cadeia dos radicais livres da peroxidação de lipídeos, alta lipossolubilidade que se distribuem pelas membranas lipídicas constituindo-se na principal defesa das mesmas contra as lesões oxidativas, sendo uma boa fonte de matéria-prima para indústrias de cosméticos. Desta forma, esta pesquisa apresenta uma visão sustentável, pois utiliza um produto residual da indústria alimentícia. O óleo foi extraído da amêndoa do pequi e caracterizado por meio de análises físico-químicas (índice de lipídeo total, índice de acidez, índice de saponificação, índice de peróxido e índice de refraçao), teor de água por titulação Karl Fischer e determinados os ácidos graxos por cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massa.

MATERIAL E MÉTODOS: Para a extração do óleo foram utilizados as amêndoas dos caroços de pequi, os quais são rejeitos da Indústria de Sorvetes do Cerrado, localizada em Goiânia-GO.
Os frutos de pequi foram coletados no município de Montes Claros-MG, no período de janeiro a março de 2008. Os frutos após limpos e sanitizados, foram despolpados e separados os caroços. Estes foram acondicionados em sacos de polietileno a -18°C para a sua conservação. Para a retirada da amêndoa dos caroços, estes foram descongeladas e secos ao sol. os caroços foram quebrados por meio de uma prensa hidráulica e as amêndoas foram retiradas manualmente e com muito cuidado. Nesta etapa utilizou-se jaleco, luva cirúrgica, luva de borracha, pinça metálica e óculos de proteção para evitar-se a contaminação da amostra e principalmente acidentes com os espinhos presentes nos caroços de pequi. Para a extração do óleo das amêndoas, as mesmas foram pesadas e trituradas em liquidificador industrial. A extração foi pelo método de Soxhlet. utilizou-se solvente hexano e aquecimento em banho-maria a temperatura constante de 82ºC. A metodologia adotada como referência para a caracterização físico-química do óleo foi a do Instituto Adolfo Lutz (1985), por meio do índice total de lipídeo (L.T.), índice de acidez total (I.A.T.), ídice de saponificação (I.S.), índice de peróxido (I.P.) e índice de refração (I.R.). O teor de água foi determinado por titulação Karl Fischer coulombmétrica. A densidade relativa através de densímetro digital e o teor de ácidos graxos por CG-MS.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: De um total de 4,265kg de caroço de pequi foram obtidos 600,24g de amêndoa, da qual extraiu-se 20% de lipídeos. O teor de água no óleo foi de 645,3mg/L, já a densidade relativa foi de 0,9093g/cm3 20ºC. Os resultados das análises físico-químicas estão apresentados na figura 1, onde o I.A.T de 3,86mgKOH/g está um pouco acima dos óleos considerado tipo 3, mas o I.S. de 190,2mgKOH/g e I.P. de 27,63meq/1000g estão dentro dos padrões necessários para utilizá-lo como matéria prima para as indústrias de cosméticos. Os resultados analíticos realizados por CG-MS mostraram que o óleo extraído apresentou em sua composição química, diferentes ácidos graxos, destacando-se o oléico (C18:1) com 50,2%, o palmítico(C16:0) com 42,3%, o esteárico (C18:0) com 1,5% e em menores quantidades os ácidos graxos mirístico, palmitoléico, linoléico e linolênico, conforme indicado pela figura 2.





CONCLUSÕES: Os resultados apresentados evidenciam que os objetivos desse trabalho em se alcançar o desenvolvimento sustentável através da extração de óleo dos caroços de pequi rejeitados pelas indústrias alimentícias foram satisfatórios visto que o mesmo apresentou características físico-químicas e cromatográficas que o permite ser utilizado como matéria prima para indústrias de cosméticos, evitando assim o extrativismo dos frutos que são consumidos como alimento na região centro-oeste.

AGRADECIMENTOS: PROPE/UCG, Núcleo de Pesquisa em Química.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: SOUZA, I. de; SALVIANO, A. Fruticultura: A Cultura do Pequi (Caryocar brasiliense). EMATER: São Paulo, 2002. 25p.
COUTATE, T. P.; Alimentos: A Química De Seus Componentes. 3a ed. Editora Artmed: Porto Alegra, 2004. 243p.
DEUS, T. N. Extração E Caracterização De Óleo Do Pequi (Caryocar brasiliensis Camb.) Para O Uso Ssustentável Em Formulações Cosméticas Óleo/Água (O/A). Dissertação de Mestrado em Ecologia e Produção Sustentável - UCG. Goiânia,2008. 78p.