ÁREA: Química Analítica

TÍTULO: AVALIAÇÃO FRACIONAMENTO QUÍMICO DOS EXTRATOS DE Bauhinia variegata L. DE FRAÇÕES DE POLARIDADE INTERMEDIÁRIA POR UV-VIS E MÉTODOS QUIMIOMÉTRICOS.

AUTORES: JUSTO, R. (UEL) ; SCARMINIO, I. S. (UEL)

RESUMO: A aplicação de métodos quimiométricos no estudo de impressão digital de plantas medicinais aumenta consideravelmente a qualidade da impressão digital das plantas. A união da espectrofotometria UV-Vis e métodos quimiométricos mostrou-se eficiente nesses casos. O objetivo deste trabalho foi fazer uma análise exploratória de diferentes solventes extratores para o fracionamento químico de frações de polaridade intermediária da Bauhinia variegata L. para identificação do material vegetal e controle de qualidade. Os resultados mostraram que existem diferenças de metabólitos extraídos quando usado etanol puro em relação aos demais solventes.

PALAVRAS CHAVES: bauhinia variegata, uv-vis, métodos quimiométricos.

INTRODUÇÃO: O Brasil apresenta uma grande diversidade de plantas medicinais, destacando-se entre elas a pata-de-vaca (Bauhinia variegata). Ela é uma das plantas de mais amplo uso popular para Diabete melitus. Considerando a importância desta planta no contexto medicinal e os aspectos mencionados anteriormente, propomos nesse trabalho um estudo de diferentes frações obtidas em extratos de pata de vaca, visando obter subsídios para o desenvolvimento de metodologias analíticas para fins quantitativos (WIJESEKERA,1991). A análise metabolômica dessas plantas tem como objetivo analisar tantos metabólitos quanto possíveis em uma única análise. Estes metabólitos representam muitas classes de diferentes compostos incluindo aminoácidos, gorduras e ácidos orgânicos. Isto gera problemas na escolha do protocolo de extração, porque as condições de extração diferem muito para os diferentes tipos de compostos. A escolha dos reagentes envolve um compromisso entre maximizar a eficiência da reação e garantir o maior ou menor número de metabólitos dependendo do caso em estudo (NETO et al., 2007). Em geral, um ou dois marcadores ativos de plantas ou misturas de plantas são empregados atualmente para avaliar a qualidade e autenticidade das plantas medicinais, esteja ela sozinha ou em mistura (DELAROZA,2007).A aplicação de métodos quimiométricos nestes casos aumenta consideravelmente a qualidade da impressão digital obtida (SOARES,2006). O objetivo deste trabalho foi fazer uma avaliação dos extratos de metabólitos como terpenóides e compostos fenólicos Bauhinia variegata L., e utilizar métodos quimiométricos para o desenvolvimento de metodologia analítica para o controle de qualidade de plantas medicinais comercializadas.

MATERIAL E MÉTODOS: Para os extratos foram coletados 10,0g das partes aéreas da planta. Foram usados como solventes extratores acetato de etila, hexano, diclorometano e etanol, planejados para que ficassem dispostos em um tetraedro, onde, em cada vértice ficaram os solventes puros, 4 misturas binárias dos solventes na proporção 1:1 localizados nas arestas, 4 combinações ternárias 1:1:1 formando as faces e 1 mistura quaternária 1:1:1:1 feita em quadruplicada no ponto central do planejamento centróide-simplex. Cada solução ficou em repouso por 24h, depois foram filtrados e concentrados em um evaporador rotatório, com uma temperatura inferior a 65±3oC. O procedimento foi repetido quatro vezes. Ao final do processo os 18 extratos foram secos em capela a temperatura ambiente com o auxílio de um ventilador por 72h. Para o fracionamento químico (STASI,1996) pesou-se 0,1000g de extrato solubilizado em 3mL do seu solvente extrator e homogeneizou-se no banho ultrassônico em 12mL de metanol e 3mL de água por 5 min. A fração intermediária foi concentrada e acidificada com ácido sulfúrico e extraída 3 vezes com 30mL de clorofórmio e separada em funil de separação. Após a evaporação dos solventes foram feitas as leituras de absorvância na região UV-vis, de cada fração dos extratos adicionando 3,00mL de clorofórmio, em uma diluição de 50L da solução para 1000L de clorofórmio. Os espectros foram registrados num espectrofotômetro OCEAN OPTICS modelo CHEM 2000 UV-VIS. Para o processamento dos dados dos espectros obtidos por UV-Vis foram utilizados métodos quimiométricos de Análise das Componentes Principais (ACP) do tipo Q. O programa STATISTICA 6 foi utilizado para calcular o dendrograma. Os cálculos da ACP foram realizados usando o programa computacional desenvolvido pela Profa. Dra. Ieda S. Scarminio.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: A figura 1 apresenta os gráficos dos escores das componentes principais 2 e 3 nos 18 solventes extratores da Bauhinia variegata L. após o fracionamento químico que resultou na fração de polaridade intermediária (terpenóides e compostos fenólicos). O gráfico mostra 4 grupos diferentes, comprovados pelo dendograma da análise hierárquica na Figura 2. O Grupo I, que foi separado na parte mais negativa da CP2, é o correspondente ao extrato preparado em etanol puro (B04) e que obteve o espectro de UV-Vis que apresentou o menor número de bandas em relação aos demais, ficando assim, separado dos demais grupos. O Grupo II, separado na parte central do gráfico dos escores, deve-se ao fato dos extratos terem sido extraídos em misturas quaternárias e que contenham hexano em sua maioria. O Grupo III, separado na parte positiva da CP2 e negativa da CP3, distingue os extratos feitos com misturas contendo diclorometano. O Grupo IV, encontrado na parte positiva da CP2 e da CP3, corresponde a extratos de misturas de etanol e diclorometano como solvente extrator, além de conter os pontos de solventes puros.





CONCLUSÕES: A análise de componentes principais e análise hierárquica mostraram que existem 4 grupos separados de acordo com o solvente extrator. Os resultados obtidos com o planejamento e o fracionamento químico mostraram que para extrair substâncias de polaridades intermediárias o sistema extrator deve conter etanol e diclorometano. Na fração de polaridade intermediária da planta Bauhinia variegata L., foi apresentado que existe diferença de compostos químicos extraídos pelo solvente etanol puro (Grupo I dos escores) e os demais solventes.

AGRADECIMENTOS: Os autores agradecem a UEL, a Capes, ao CNPq pelo auxílio financeiro, e a Fundação Araucária pela bolsa concedida.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: DELAROZA, F. Influência da composição da fase móvel e meio extrator na qualidade da impressão digital cromatográfica da Bauhinia variegata L. por planejamento estatístico. Dissertação de Mestrado em Química dos Recursos Naturais, Universidade Estadual de Londrina, 2007.
DI STASI, Luiz Cláudio. Plantas medicinais: arte e ciência. Um guia de estudo interdisciplinar. Luiz Claudio Di Stazi organizador. São Paulo: Editora UNESP, p. 230,1996.
NETO, B. B.; SCARMINIO, I. S.; BRUNS, R. E. 2007. Como fazer experimentos: Pesquisa e desenvolvimento na ciência e indústria. 3ª ed. Campinas: Editora Unicamp.
SOARES, P. K. Taxonomia por abordagem metabolômica e métodos quimiométricos para análise e rastreio de plantas de plantas do gênero bauhinia. Dissertação de Mestrado em Química dos Recursos Naturais, Universidade Estadual de Londrina, 2006.
WIJESEKERA, R. O. B. The Medicinal Plant Industry CRC Press, p. 99, 1991.