ÁREA: Ambiental

TÍTULO: TÍTULO: AVALIAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE HIDROCARBONETOS POLICÍCLICOS AROMÁTICOS EM UMA INDÚSTRIA DE METAIS FERROSOS

AUTORES: SILVA, J.S. (UERJ) ; COSTA, M.A.S. (UERJ) ; ASSUNÇÃO, J.V. (USP) ; PESQUERO, C. R. (USP)

RESUMO: RESUMO: o presente trabalho avaliou as concentrações de hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs) dentro e no entorno de uma empresa de ferrosos. A empresa está instalada em uma Área de Proteção Ambiental (APA) há mais de três décadas. A avaliação foi realizada em três estações climáticas do ano e as amostras foram analisadas pela técnica de CG/MS. Os resultados obtidos para os 16 compostos de HPA atmosféricos analisados variaram de não detectado para o acenafteno a 6,73 ng m-3 para o fenantreno. A concentração média total de HPA carcinogênicos atmosféricos variou de 5,60 a 9,94 ng m-3, enquanto que a média total de HPA carcinogênicos dentro da área de produção variou de 0,01 a 0,82 µg m-3.
Embora a empresa esteja localizada em área considerada rural, os valores de HPA encontrados são semelhantes aos encontrados em áreas urbanas em diversos estudos.


PALAVRAS CHAVES: palavras-chave: fundição, hpa, poluição ambiental.

INTRODUÇÃO: INTRODUÇÃO: a indústria de fundição no mundo todo apresenta sérios problemas ambientais e de saúde pública, pois é geradora de expressivo volume de resíduos sólidos, além de liberar diversas substâncias tóxicas no meio ambiente. Entre as substâncias altamente tóxicas se encontram HPAs. No Brasil, a indústria de fundição é importante segmento da economia, empregando cerca de 60.000 trabalhadores diretamente, em quase 1.400 empresas e faturando 2,9 bilhões de dólares por ano, o que assegura o honroso sétimo lugar entre os maiores produtores mundiais de fundidos.
Os HPAs são formados por combustão incompleta ou por processo de pirólise de combustível fóssil ou ainda de material composto de hidrogênio e carbono em alta temperatura. Após penetrar no corpo humano, os HPAs podem participar de diversas etapas do metabolismo. Assim, podem se transformar em poderosos agentes carcinogênicos e mutagênicos. Os HPAs são classificados como poluentes orgânicos persistentes (POP) no meio ambiente. Eles são tão mais persistentes conforme o aumento do número dos anéis benzênicos e do grau de condensação.
As fontes móveis, como as veiculares, são responsáveis principais pela poluição atmosférica nos grandes centros urbanos. Contudo, as fontes estacionárias, como as fundições, são importantes poluidoras. A população como um todo, mas as crianças, especialmente, são potencialmente mais suscetíveis à exposição de compostos tóxicos presentes no meio ambiente. Nas cidades com intenso tráfico veicular, são encontradas concentrações de HPA entre 1 e 10 ng m-3; enquanto em áreas rurais podem variar de 0,004 e 0,03 ng m-3 (IPCS, 1998).
O efeito carcinogênico pode se manifestar em baixo nível de exposição. Diversos estudos epidemiológicos têm mostrado aumento de mortalidade em pessoas expostas a HPAs. Dessa forma, foi objetivo deste trabalho avaliar as concentrações de HPA em uma indústria de metais ferrosos de médio porte.


MATERIAL E MÉTODOS: MATERIAL E MÉTODO: as amostras ambientais foram coletadas em amostrador PUF, espuma de poliuretana, de grande volume (Anderson), tendo como critério para seleção dos períodos de avaliação as diferentes condições atmosféricas do ano: verão (Etapa 1), outono (Etapa 2) e inverno (Etapa 3). O método seguido foi o TO-13 A da USEPA. As amostras foram coletadas tanto em fase gasosa, usando cartuchos PUF, quanto em fase particulada, em que a amostra foi coletada em filtros de fibra de quartzo. O tempo de coleta de cada amostra foi de 24 horas. As amostras ocupacionais foram coletadas em filtros de Tefron®, quando em fase particulada, e tubos de resina XAD-2, quando em fase gasosa. Todas as amostras foram analisadas pela técnica de cromatografia em fase gasosa (Agilent, Mod. 6890 inert) acoplada a espectrometria de massa (Agilent, Mod.5973).
Foram analisados os seguintes compostos de HPAs: naftaleno (Naf), acenaftileno (Aci), acenafteno (Ace), fluoreno (Flu), fenantreno (Fen), criseno (Cri), pireno (Pir), Benzo(a)antraceno (BaA), Benzo(b)fluranteno (BbF), Benzo(k)fluranteno (BkF), benzo(a)pireno (BaP), indeno(1,2,3-cd)pireno (Ind), DBenzo(ah)antraceno (DBahA) e Benzo(ghi)perileno (BghiPe).
Segundo a Organização Mundial de Saúde (WHO), os seguintes HPAs são classificados como carcinogênicos: Flt, BaA, Cri, BbF, /bkF, Ind, DBahA e BghiPe.


RESULTADOS E DISCUSSÃO: RESULTADOS E DISCUSSÃO: os resultados mostrados na Figura 1 demonstram que as concentrações totais de HPA ambientais foram mais baixas no verão, enquanto, no inverno, as concentrações foram mais elevadas, em torno de quatro vezes, em comparação com as amostras coletadas no verão. Por outro lado, as concentrações coletadas no outono e no inverno apresentaram valores próximos, porém, sempre superiores no período de inverno.
Nas três etapas de avaliação, o Fen apresentou concentrações destacadamente superiores aos demais compostos, em que as concentrações variaram entre 2,18 e 6,73 ng m-3. Os compostos classificados como carcinogênicos pela WHO representaram quase 30% do total de HPA analisado no verão. No outono e no inverno, os valores estiveram em torno de 40% do total de HPAs avaliados.
Os valores encontrados para o BaP, reconhecidamente um importante carcinogênico, são iguais ou superiores a valores encontrados em outros estudos em áreas urbanas. Por exemplo, em nosso estudo, os valores do BaP foram de 0,18 ng m-3 no verão; 0,57 ng m-3 no outono e 0,75 ng m-3 no inverno, enquanto que KENDALL et al.(2001) encontraram 0,14; 0,30 e 0,19 ng m -3, no verão, outono e inverno de Londres, respectivamente. Por outro lado, SMITH and HARRISON (1996) encontraram 0,23 ng m -3 no verão e 0,73 ng m -3 no inverno em Birmingham.
Quanto à avaliação ocupacional no setor produtivo, todos os 16 compostos de HPA estudados estiveram presentes em quase todas as amostras analisadas, como pode ser verificado na Figura 2. Dos compostos classificados como carcinogênicos (WHO, 1998), apenas o BkF não apresentou concentração acima de 0,10 µg m-3 na avaliação de inverno. Assim, de acordo com os critérios adotados por OMLAND et al. (1994), todos os demais HPA carcinogênicos encontrados neste trab





CONCLUSÕES: CONCLUSÃO: os resultados obtidos mostraram que as condições meteorológicas exercem forte influência na concentração de HPA atmosférico, sendo que no inverno foram encontradas as maiores concentrações. No ambiente interno (HPA ocupacional) foram encontrados concentrações de HPAs em valores que, de acordo com alguns autores, levam a classificação do ambiente como de alta exposição ocupacional.

AGRADECIMENTOS: AGRADECIMENTOS: A FUNDACENTRO por todo o apoio material e financeiro e a FSP/USP pela disponibilização o Laboratório de Química Ambiental para a realização das

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: REFERÊNCIA:
ABIFA - Associação Brasileira de Fundição <http://www.abifa.com.br/noticias_do.php?id=418> [2007 ago 07].

HEMMINKI K., et al., Aromatic DNA adducts in foundry workers in
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IPCS - INTERNATIONAL PROGRAMME ON CHEMICAL SAFETY, 1998. Environmental Criteria 202. Seleceted Non-heterocyclic PAHs, World Health Organization, Geneva.
KENDALL M et al. Characterisation of Selected Speciated Organic Compounds Associated with Particulate Matter in London. Atmospheric Environment. 2001; 35: 2483-2495.
NIOSH - National Institute for Occupational Safety and Health. Manual of Analytical Methods. 4th ed., Cincinnati, 1994. Polynuclear Aromatic Hydrocarbons by GC, Method 5515.
OMLAND O. et al. Exposure of iron foundry workes to polycyclic aromatic hydrocarbons: benzo(a)pyrene-albumin adducts and 1-hydroxypyrene as biomarkers for exposure. Occup. Environ. Med., London, v. 51, p. 513-518, 1994.

SMITH D. J. T. and HARRISON ROY M.. Concentrations, Trends and Vehicle Source Profile of Polynuclear Aromatic Hydrocarbons. Atmospheric Environment 1996; 30: 2513-2525

USEPA – United States Environmental Protection Agency. Method TO-13A: Determination of Polycyclic aromatic hydrocarbons) PAH) in ambient air using Gas Chromatography/Mass Spectrometry (GC/MS). In Compendium of Methods for the Determination of Toxic Organic Compounds in Ambient Air, 2nd. Ed. Cincinnati, 1999.