ÁREA: Produtos Naturais

TÍTULO: ATIVIDADE CITOTÓXICA DE Geoffroea spinosa JACQ (FABACEAE)

AUTORES: SANTOS, S. M. (UFPE) ; SANTANA, R. A. (UFPE) ; SILVA, C. C. (UFPE) ; RODRIGUES, M. D. (UFPE) ; NASCIMENTO, S. C. (UFPE) ; ALBUQUERQUE, J. F. C. (UFPE)

RESUMO: Geoffroea spinosa, é uma árvore frondosa do sertão nordestino, foi colhida para estudo com o objetivo de averiguar sua atividade citotóxica. É uma planta medicinal usada pela população como vermífugo e peitoral. Suas folhas são empregadas em forma de chá para controlar distúrbios hormonais. Trata-se de uma árvore frondosa, portadora de espinhos no caule e nos pequenos ramos. O extrato alcoólico foi submetido à atividade citotóxica que foi realizada com células de linhagens Hep-2 (Carcinoma Epidermóide de Laringe) em fase exponencial de crescimento com 24 horas de repicadas. Os resultados foram obtidos pela determinação da Cl50, concentração que inibe 50% da proliferação celular em relação ao controle. O resultado do teste com a planta Geoffroea spinosa, mostrou baixa atividade citotóxica.

PALAVRAS CHAVES: geoffroea spinosa, atividade citotóxica, quina-quina

INTRODUÇÃO: Geoffroea spinosa, é uma espécie tombada no herbário do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA) em Recife com o número 84214. Colhida em Terra Nova Distrito de Guarani próximo à BR 232, Pernambuco. Foi colhida com o objetivo de testar a atividade citotóxica. O chá das folhas é usado no controlar hormonal, é emenagoga e antidiarréica, é abortífera devendo ser evitada por mulheres em fase de gestação. É conhecida por umaizeiro, umari, mari ou marizeira, nome de origem indígena visto essa planta expelir grande quantidade de águas pelos seus brotos sempre que começa a estação chuvosa É uma árvore de grande porte chegando a medir de oito a doze metros de altura, seu caule e ramos são compostos por numerosos e pequenos espinhos, tem copa alongada com ramificação horizontal. Ocorre além do Nordeste do Brasil e vale do rio São Francisco em várzeas alagadas, cresce também no pantanal Mato-grossense e vai até a Argentina e Paraguai (LORENZI, 2009). No nordeste brota em Pernambuco, Rio Grande do Norte, Paraíba e Piauí, é dotada de folhas pequenas e verdes escuras, servindo de alimentação para o gado, principalmente nos meses de seca onde a pastagem é escassa na região nordestina. Sua floração é exuberante nos meses de Novembro e Dezembro, a frutificação vai de Janeiro a Fevereiro. A madeira é empregada na fabricação de móveis rústicos, lenhas e carvão. Também é usada com freqüência para reflorestamentos de várzeas. Seus frutos são comestíveis, sendo ingeridos como farinhas ou cozidos. Eram usados durante as secas, mas, hoje se tornaram alimento muito usado pelos sertanejos, tem sabor um pouco amargo e contém apenas uma única semente, são pequenos, ovóides, medindo cerca de 3 a 4 centímetros. Na ornamentação urbana encanta pelas suas flores pequenas amareladas com um odor intenso.

MATERIAL E MÉTODOS: As folhas foram colhidas, trazidas acondicionadas em sacos de tecido para não mofarem e encaminhadas à sala de secagem à temperatura ambiente, protegidas de chuvas e sol. Após secagem o material foi moído em moinho elétrico pesado e extraído com etanol, por três vezes consecutivas. O extrato foi evaporado em rota-evaporador até secagem máxima, em seguida foi levado à estufa a 37 ºC e calculado a percentagem em relação ao material inicial. Células HEp-2 (carcinoma epidermoide de laringe) foram mantidas em DMEM - Minimum Essencial Medium Eagle modificado Dulbecco’s (Gibco), suplementado com 10% de soro fetal bovino (Gibco), 1% de solução de antibiótico (penicilina 1000 UI/ml + estreptomicina 250 mg/mL) e 1% de L-glutamina 200mM. Para determinação da citotoxicidade foi preparada uma suspensão celular de 105 células/mL que foi distribuída em placa de cultura com 96 poços (225µL em cada poço) (MOSMANN, 1983 modificado por (ALLEY et al., 1988). A placa foi incubada a 37ºC em estufa com atmosfera úmida. Após 24h, 0,22µL do extrato etanólico de Geoffroea spinosa foi adicionado nas placas nas concentrações de 50, 25, 12,5 e 6,25 µg/mL/poço, a placa foi reincubada a 37ºC. Após 72h de contato das células com o produto teste, e incubação a 37º C em atmosfera úmida, enriquecida com 5% de CO2 foi adicionado a cada poço, 25µL de MTT brometo (3-[4, 5-dimetiltiazol-2-il]–2,5-difeniltetrazólio) Sigma, a uma concentração de 5mg/mL em PBS. As placas foram deixadas para reincubação nas mesmas condições por duas horas em estufa. Ao final desse período o meio de cultura, juntamente com o excesso de MTT foi aspirado e em seguida, 100 µL de DMSO foram adicionados a cada poço para dissolução dos cristais Formazan. A leitura foi realizada em ledor automático para placas Multiskan ELX-800 a 540mm.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: O extrato etanólico total seco e pesado rendeu a quantidade de 125 gramas, em relação ao material inicial seco, isto correspondeu às três extrações consecutivas até esgotamento de quase totalidade dos componentes químicos existentes nas folhas. Desse material foram pesadas 0,008gr e determinada a atividade citotóxica. Para isto, foi realizado quatro experimentos em concentrações diferentes e observado o índice de inibição citotóxica de cada um deles. A leitura do resultado experimental em cada concentração foi realizada em ledor automático para placas Multiskan ELX-800, a 540mm. O resultado para cada leitura relacionado a cada concentração foram os seguintes: Para a concentração de 50mg/mL a média de controle foi de 518 e a média da Geoffroea spinosa foi de 494, apresentando para esta concentração um índice de inibição de 5 %. Para a concentração de 25mg/mL a média de inibição do produto testado foi de 506,75, sendo a média de inibição 2,2%. A terceira inibição foi calculada da mesma maneira em relação a concentração de 12,5 mg/mL utilizada, sendo a média da planta de 517,75 e a média de inibição 0,04 mg/mL. Para a última inibição foi utilizada a concentração de 6,25 mg/mL, sendo a média da planta de 510,75 e para essa concentração a média de inibição foi 1,4%. Portanto a inibição da proliferação celular em todas as concentrações utilizadas foi de 2,8, 1,1, 4,6, 1,9% nas concentrações de 50, 25, 12,5 e 6,25, µg/mL respectivamente. Os resultados foram obtidos pela determinação da Cl50, concentração que inibe 50% da proliferação celular em relação ao controle (ADOLPHE & BARLOWATZ-MEIMON, 1988). Extratos considerados ativos são aqueles que a Cl50 é igual ou menor que 30uL/mL (GERAN et al., 1972). Examinando os dados e de acordo o autor os resultados da planta foram baixos.

CONCLUSÕES: Analisando a inibição da proliferação celular em todas as concentrações utilizadas nos quatro experimentos realizados e de acordo com a literatura, os valores apresentados são inferiores ao recomendado pelo protocolo adotado, (GERAN, 1972), que considera ativos extratos que inibem 50% da proliferação celular em concentração menor ou igual a 30µg/mL. Portanto, o extrato etanólico da Geoffroea spinosa (Quina-quina) não apresentou atividade citotóxica relevante nas concentrações de 50, 25, 12,5 e 6,25, µg/mL respectivamente. Isso sugere que a plantas em estudo não tem ação em células neoplásicas.

AGRADECIMENTOS: Ao CNPq/UFPE pela bolsa de residência concedida aos três primeiros autores.
Ao setor de microbiologia do D. Antibióticos, e alunos voluntários pela coop

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ADOLPHE M., BARLOVATZ-MEIMON G. Culture de Cellules Animales. Méthodologies Applications. In Ed. INSERN, Paris, 1988.

ALLEY, M. C.; SCUDIERO, D. A.; MONKS HURSEY, M. L.; CZERWINSKI, M. J.; FINE, D. L.; ABBOTT, B. J.; MAYO, J. G.; SHOEMAKER, R. H.; BOYD, M. R, Feasibility of drug screening with panels of human tumor cell lines using a microculture tetrazolium assay. Cancer Res.,v. 48, p. 589-601, 1988.

GERAN R. I., GREENBERG N. H., McDONALD M. M., SCHUMACHER A N., & ABBOT B. J. Protocols for screening chenical agents and natural products against animal tumors and other biological systems, 1972.

LORENZI, H. Árvores Brasileiras, v. 2, 3ª Ed. Instituto Plantarum, S.P. 384p, 2009.
MOSMAMANN T. Rapid colorimetric assay for cellular growth and survival: Aplication to proliferation and cytotoxicity assays.
J. Imunol. Methods, v.65, p.55-63, 1983.