ÁREA: Materiais

TÍTULO: CARACTERIZAÇÃO DO MESOCARPO DE BABAÇU (ORBIGNYA SP.): TERMOGRAVIMETRIA E AVALIAÇÃO DO CONTEÚDO DE AMIDO

AUTORES: ROSA, M. S. L. (UFPI) ; SILVA FILHO, E. C. (UFPI) ; NUNES, L. C. C. (UFPI) ; CRUZ, E. T. L. (UFPI) ; KERLAINE ALEXANDRE ARAÚJO (UFPI)

RESUMO: O mesocarpo dos frutos do babaçu tem sido estudado atualmente sob vários enfoques, tanto através de trabalhos de desenvolvimento de novos produtos alimentícios até pesquisas na área farmacológica. Este trabalho teve por objetivo a determinação de amido e comportamento térmico do mesocarpo, amido e da celulose. A caracterização térmica dos materiais apresentou início da perda de umidade. As curvas de degradação foram semelhantes para as três amostras, o que comprova a relação entre os seus constituintes orgânicos. Foi encontrada também uma maior similaridade entre as propriedades do mesocarpo e do amido. Isto provavelmente se deve a seu grande conteúdo de amido, que foi determinado como sendo de 71,41%, valor que é até maior do que o proposto em outros trabalhos.

PALAVRAS CHAVES: análises térmicas, mesocarpo do babaçu, indústria farmacêutica.

INTRODUÇÃO: A Orbignya sp. (babaçu) é uma palmeira encontrada com maior frequência nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do Brasil. Somente a região do Nordeste possui área de cerca de 17 milhões de hectares com babaçu, sendo que a maior parte (54,2%) está concentrada no estado do Maranhão (BATISTA, 2006). As potencialidades do babaçu são inúmeras, da geração de energia ao artesanato, diversas atividades econômicas podem ser desenvolvidas a partir da planta. Dentre as partes desta, o fruto tem o maior potencial econômico para aproveitamento tecnológico e industrial, podendo produzir cerca de 64 produtos, tais como carvão, etanol, metanol, celulose, farináceas, ácidos graxos, glicerina (BRASIL, 2009). Este trabalho busca contribuir com o estudo do mesocarpo do babaçu, para sua possível utilização como excipiente na produção de medicamentos, assim como ingrediente na indústria cosmética e/ou alimentícia. A análise Térmica é entendida como um conjunto de técnicas que permite medir as mudanças de uma propriedade física ou química de uma substância ou material em função da temperatura ou do tempo, enquanto a substância é submetida a uma programação controlada de temperatura (CRUZ et al., 2010). Atualmente é bastante crescente a utilização das análises térmicas para a caracterização de materiais farmacêuticos, como uma forma de prever as transformações que o mesmo poderá sofrer durante as etapas de produção do medicamento, o que garante uma otimização dos processos e menos gastos e imprevistos futuros. Assim, é primordial o conhecimento das propriedades térmicas do mesocarpo antes da sua utilização como excipiente na indústria farmacêutica, ou como ingrediente na indústria alimentícia ou cosmética.

MATERIAL E MÉTODOS: O conteúdo de amido foi determinado a partir do método desenvolvido pela ABAM - associação brasileira dos produtores de amido de mandioca. Esse método é baseado na digestão ácida do amido com a utilização de micro-ondas. As curvas de TGA do pó de mesocarpo de babaçu, do amido e da celulose microcristalina foram obtidas na UFPE por meio de um analisador térmico diferencial de marca Shimadzu, modelo DTA-50, em atmosfera de nitrogênio em fluxo de 50 mL.min-1, sendo a massa das amostras analisadas em torno de 3,0 mg (± 10%), acondicionadas em um cadinho de alumina nas razão de aquecimento de 10ºC.min-1 até 600°C.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Obtivemos um conteúdo médio de 71,41% de amido na amostra de mesocarpo de babaçu. Esse valor revela-se como mais elevado que a indicação de algumas referências da literatura científica investigada, que eram de 50% e 60% (LIMA, 2009; MELO, 2007). Podemos observar pelo gráfico 1.0 que a curva de TGA do mesocarpo do babaçu possui perfil semelhante às curvas da celulose e do amido, isso se deve à alta porcentagem de amido nesse material vegetal e suas propriedades lignocelulósicas, atribuídas à presença de celulose, lignina e hemicelulose. Além disso, tanto a celulose quanto o amido possui a mesma unidade monomérica, senda diferenciados por sua estrutura, uma vez que a celulose é um polímero linear e o amido possui ramificações. O primeiro evento que ocorre é referente à liberação de pequenas massas ricas em carbono e moléculas de água do material, ou simplesmente à perda de umidade das amostras, ocorrendo em temperatura próxima de 100ºC. O segundo evento de decomposição destes materiais refere-se a decomposição da estrutura orgânica, partindo da condensação dos grupos OH da superfícies destes biopolímeros até a decomposição total, resultando numa pequena massa a partir de 400ºC de resíduos orgânicos que não ne decomporam até esta temperatura, podendo ser atribuído a formação de carbonos com estruturas estáveis termicamente a estas temperaturas (VIEIRA, 2010; ALMEIDA, 2011).



CONCLUSÕES: O mesocarpo do babaçu apresentou ser um material vegetal bastante promissor como excipiente na produção de medicamentos e/ou até mesmo como ingrediente na indústria cosmética ou alimentícia, devido ao fato de que esse material vegetal apresentou-se com características térmicas semelhantes a duas substâncias já amplamente utilizadas nessas indústrias: o amido e a celulose microcristalina. O presente trabalho estudou de forma bastante direta e abrangente as propriedades térmicas do pó do mesocarpo de babaçu formando uma base para o desenvolvimento tecnológico industrial desse materiaL.

AGRADECIMENTOS: Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), à Universidade Federal do Piauí (UFPI) e à Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ALMEIDA, R. R. et al. Thermal analysis as a screening technique for the characterization of babassu flour and its solid fractions after acid and enzymatic hydrolysis. Thermochimica Acta v. 519, p. 50-54, 2011.
BATISTA, P. et al. Efeito do extrato aquoso de Orbignya phalerata (Babaçu) na cicatrização do estômago em ratos: estudo moforlógico e tensiométrico. Acta Cirúrgica Brasileira, v. 21 (Suplemento 3) 2006.
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Agrário, Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome & Ministério do Meio Ambiente. Promoção Nacional da Cadeia de Valor do Coco Babaçu. Brasília, 2009.
CRUZ, E. T. L.; NUNES, L. C. C.; SOARES SOBRINHO, J. L. Perspectivas da Utilização da Análise Térmica na Indústria Farmacêutica. Controle de Contaminação, v. 136, p. 22-27, 2010.
LIMA, L. M. R. Estudo de degradação térmica oxidativa de graxas. Tese de Doudorado. Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2009.
VIEIRA, A. P. et al. Copper sorption from aqueous solutions and sugar cane spirits by chemically modified babassu coconut (Orbignya speciosa) mesocarp. Chemical Engineering Journal, v. 161, p. 99–105, 2010.