ÁREA: Química Analítica

TÍTULO: Quantificação de Selênio e Zinco em frutos oleaginosos.

AUTORES: Rodrigues, A.C. (UTFPR) ; Stroher, G.L. (UTFPR) ; Souza, A.H.P. (UEM) ; Bittencourt, P.R.S. (UTFPR) ; Costa, M.B. (UTFPR) ; Flores, E.L.M. (UTFPR) ; Gohara, A.K. (UEM) ; Stroher, G.R. (UTFPR) ; Matsushita, M. (UEM) ; Souza, N.E. (UTFPR)

RESUMO: Realizou-se a caracterização de selênio e zinco em frutos oleaginosos. A digestão foi realizada por via úmida. A análise de zinco foi realizada em espectrofotômetro de absorção atômica com atomização em chama. Para a análise de selênio utilizou-se o método de Absorção Atômica, e o Forno de Grafite como técnica de atomização. Os valores de zinco foram altos em relação à IDR para todas as amostras (> 65 %), excluindo-se as nozes macadâmia, cuja quantidade de 1,8 mg.100 g-1 de alimento representou 25 % da IDR (Ingestão Diária Recomendada). Os maiores valores foram encontrados nos pistaches (entre 7,4 e 8,3 mg.100 g-1 de alimento). Com relação ao selênio, encontraram-se as maiores quantidades nas castanhas-do-pará (5,6 mg.100 g-1 de alimento), no entanto, todas as amostras apresentaram valores muito acima da IDR para este mineral.

PALAVRAS CHAVES: Frutos oleaginosos; selênio; zinco

INTRODUÇÃO: Entende-se por frutos oleaginosos, sementes comestíveis com baixos teores de água e com altos teores de óleo ou amido, encerrados em uma casca dura. São representados pelas nozes, amêndoas, castanhas, avelãs, pistaches, entre outros. Estes frutos possuem uma alta concentração de minerais e vitaminas, o que confere a estes frutos, a característica de possuírem um grande valor nutricional (DELGADO-ZAMARREÑO et al., 2001). O selênio é parte importante de enzimas antioxidantes que protegem células contra os efeitos dos radicais livres que contribuem para o desenvolvimento de algumas doenças crônicas (DUNDAR e ALTUNDAG, 2004; YANG, 2009), atuando na prevenção de enfermidades como câncer e doenças cardiovasculares (PAREKH et al., 2008; YANG, 2009; FREITAS-SILVA e VENÂNCIO, 2011). O zinco é um micromineral, e seu papel é fundamental em várias rotas metabólicas essenciais para o crescimento e a vida: é um componente essencial de numerosos sistemas enzimáticos, sendo um co-fator destas enzimas, tais como a lactato desidrogenase fosfatase alcalina e anidrase carbônica. A ação desses sistemas inclui metabolismo de carboidratos e energia, síntese protéica, metabolismo de ácidos nucléicos, integridade do tecido epitelial, divisão e reparação celular, utilização e transporte de vitamina A, atuando também no sistema imunológico (CARDOSO, 2004). Vários estudos têm demonstrado que a suplementação de zinco pode reduzir o dano oxidativo, é antiaterosclerótico e benéfico contra doenças cardiovasculares (JENNER et al., 2007). O objetivo deste estudo foi realizar uma caracterização de selênio e zinco em frutos oleaginosos, tais como nozes, castanhas, amêndoas, avelãs, e pistaches, e em três genótipos de amendoins, consumidos pela população brasileira.

MATERIAL E MÉTODOS: Foram utilizadas amostras de nozes macadâmia, pecan e européias, pistaches crus, pistaches tostados e salgados (TS), avelãs, amêndoas cruas (C), amêndoas tostadas e salgadas (TS), castanhas-do-pará, castanhas de caju cruas (C), castanhas de caju tostadas e salgadas (TS), as quais foram compradas no comércio local. Foram obtidas três marcas de cada semente, e para cada marca, três lotes diferentes foram analisados em triplicatas. As amostras foram preparadas para análise através de trituração em processador (Philips - Walita) até a completa homogeneização. A digestão das amostras foi realizada por via úmida: adicionou-se 10 mL de ácido nítrico a aproximadamente 1,0000±0,0001 g de amostra, em tubos de vidro de 100 mL de capacidade. Deixou-se esta mistura em repouso por uma noite, e em seguida, as amostras foram colocadas no bloco digestor utilizado para a análise de proteína. Utilizou-se a temperatura de 100 ºC por 4 horas. Após isto, o volume da amostra foi completado para 25 mL com água deionizada e em balão volumétrico (BOHRER et al., 2007, com modificações). A análise de zinco foi realizada em espectrofotômetro de absorção atômica com atomização em chama (AA240FS – VARIAN). Para a análise de selênio utilizou-se o método de Absorção Atômica utilizando-se como técnica de atomização o Forno de Grafite. A quantificação do teor de minerais nas amostras foi avaliada utilizando-se o método da curva analítica, com soluções de cada mineral preparadas em diferentes concentrações (INSTITUTO ADOLFO LUTZ, 2005).

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os resultados encontrados na quantificação dos minerais foram usados para calcular a porcentagem de contribuição sobre a ingestão diária recomendada (IDR) para adultos, utilizando-se para os cálculos sempre 100 g de amostras (BRASIL, 2005). Quanto ao mesmo fruto analisado, cru e tostado e salgado, não houve variação significativa entre os mesmos para todos os minerais estudados. Os valores de zinco foram altos em relação à IDR para todas as amostras (> 65 %), excluindo-se as nozes macadâmia, cuja quantidade de 1,8 mg.100 g-1 de alimento representou 25 % da IDR. Os maiores valores foram encontrados nos pistaches (entre 7,4 e 8,3 mg.100 g-1 de alimento), seguidos das castanhas-do-pará (6,9 mg.100 g-1 de alimento), nozes pecan (6,7 mg.100 g-1 de alimento), castanhas de caju (6,3 mg.100 g-1 de alimento), amêndoas (5,7 mg.100 g -1 de alimento), nozes européia (5,2 mg.100 g-1 de alimento) e avelãs (4,5 mg.100 g-1 de alimento). Para o selênio, como era esperado, encontraram-se as maiores quantidades nas castanhas-do-pará (5,6 mg.100 g-1 de alimento). No entanto, todas as amostras apresentaram valores muito acima da IDR para este mineral. As nozes macadâmia apresentaram o segundo maior valor de selênio (4,4 mg.100 g-1 de alimento), o qual foi diferente dos outros frutos (p<0,05). As castanhas de caju apresentaram aproximadamente 3,2 mg.100 g-1 de alimento, o qual foi o terceiro maior valor, seguido das nozes pecan (2,7 mg.100 g-1 de alimento), amêndoas (aproximadamente 1,2 mg.100 g-1 de alimento), pistaches (aproximadamente 0,33 mg.100 g -1 de alimento), avelãs (0,17 mg.100 g-1 de alimento) e das nozes européia (0,10 mg.100 g-1 de alimento).

Figura 1: Valores de selênio (Se) e zinco (Zn) nas amostras (em mg.100



CONCLUSÕES: A ordem decrescente do valor de zinco nas amostras foi: pistaches > castanhas-do-pará > nozes pecan > castanhas de caju > amêndoas > nozes européia > avelãs. A ordem decrescente da quantidade de selênio foi: castanhas-do-pará > nozes macadâmias > castanhas de caju > nozes pecan > amêndoas > pistaches > avelãs > nozes européias. Os resultados obtidos apontam que os frutos oleaginosos consumidos pela população brasileira possuem características nutricionais desejáveis com relação aos minerais selênio e zinco.

AGRADECIMENTOS: A Capes, CNPq, UEM, Grupo Cromalimentos, UTFPR.

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