Avaliação do efeito alelopático do Extrato Metanólico Aquoso da folha de Morinda citrifolia L. sobre a germinação e velocidade de germinação de Senna obtusifolia.

ISBN 978-85-85905-10-1

Área

Química Orgânica

Autores

Silva, P.C.L. (IFMT - CAMPUS CONFRESA) ; Cardoso, P.H.F. (IFMT - CAMPUS CONFRESA) ; Correia, A.P. (IFMT - CAMPUS CONFRESA) ; Christichini, J.P.L. (IFMT - CAMPUS CONFRESA) ; Silva, R.A. (IFMT - CAMPUS CONFRESA)

Resumo

A pecuária extensiva vem sofrendo com grandes infestações de plantas invasoras tornando a produção por sua vez mais onerosa, tanto o controle físico ou químico são bioeconomicamente inviáveis, tendo em vista essa necessidade, novas técnicas para minimizar estás infestações estão sendo desenvolvidas. Neste contesto objetivou-se o presente trabalho, a fim de avaliar a influência do extrato metanólico aquoso da folha de Morinda citrifolia L. (Noni) sobre a velocidade de germinação e germinação de Senna obtusifolia (Mata pasto) espécie invasora disseminada em diversas regiões. Concluímos que houve significativo efeito alelopático do extrato metanólico aquoso sobre a velocidade de germinação e germinação de S. obtusifolia.

Palavras chaves

noni; bioherbicida; mata pasto

Introdução

Uma das plantas medicinais que tem recebido destaque nos últimos anos é a Morinda citrifolia Linn, normalmente conhecido por Noni, pequena árvore classificada como Rubiácea (EMBRAPA, 2009). A pecuária extensiva no nordeste de Mato Grosso assim como outras regiões sofre diversas limitações de ordem econômica e produtividade, tendo em vista que grandes áreas de pastagens cultivadas sofrem infestações por comunidade de plantas invasoras, como Senna obtusifolia (mata pasto). Tanto o controle químico como o uso do fogo têm forte destaque por parte da sociedade, que colocam em risco diretamente a fauna, flora e todo patrimônio genético das floretas regionais (PERON & EVANGELISTA, 2004). O uso dos herbicidas sintéticos provoca descontentamento social por possibilitar a contaminação ambiental. Em razão desses fatores novas perspectivas para o controle de plantas invasoras estão sendo estabelecidas, toda via espera-se que sejam eficazes no controle das espécies invasoras, não contaminem o meio ambiente, preservem os recursos naturais e resguardem os interesses sociais (SANTOS et al., 2008). O controle fitoquímico das plantas invasoras por meio da investigação da atividade alelopática pode representar uma alternativa para minimizar esses problemas. Espécies como o “Noni” possuem compostos sintetizados pelo metabolismo secundário que podem interferir no desenvolvimento de outras plantas (RUIZ, 2010). Esta pesquisa difere das realizadas até então, que tinham por objetivo provar a veracidade dos efeitos fitoterápicos do fruto “Noni”, propõe a avaliar o potencial alelopático do extrato metanólico aquoso da folha na germinação de sementes de “Mata pasto”, em condições controladas de temperatura, fotoperíodo e luminosidade.

Material e métodos

O presente trabalho foi realizado no laboratório de química do IFMT - Campus Confresa. Para a avaliação do potencial alelopático no experimento, foram utilizadas folhas verdes coletadas de plantas adultas de Morinda citrifolia L., para o preparo dos extratos o material coletado, seco e moído foi submetido à extração exaustiva a frio, como solvente foi utilizado o metanol/água 1:3. Posteriormente essa solução foi filtrada e rotovaporizada sob pressão reduzida, utilizando se evaporador rotativo, obtendo o extrato bruto metanólico aquoso da folha de Morinda citrifolia L. (EBHFMC). A avaliação da atividade alelopática foi realizada mediante a capacidade de inibir ou suscitar a germinação e velocidade de germinação de Senna obtusifolia planta invasora infestante em áreas de pastoreio. Os testes foram conduzidos em estufa de climatizada do tipo BOD sob condições controladas de temperatura, umidade e fotoperíodo, em caixa plástica gerbox 250 ml, com 25 sementes, três papeis germinativo, 5 ml de água destilada e 50 mg do extrato metanólico aquoso. Foram realizadas quatro repetições por tratamento. As avaliações da velocidade da germinação das sementes foram realizadas mediante análise diária a partir do terceiro dia da realização do teste, no sétimo dia foi realizado a contagem de sementes germinadas e emissão da radícola utilizando paquímetro digital. Da primeira contagem a quarta foi avaliada somente a emissão de radícola, na última contagem foram contabilizadas as sementes normais germinadas, além da emissão de radícola conforme a Regra para Análise de Sementes. Até o momento do uso o extrato foi mantido sob refrigeração. No tratamento testemunha para as comparações com os demais testes as sementes foram umedecidas somente com água destilada. (BRASIL, 2009).

Resultado e discussão

Na figura 1 observamos, que os efeitos alopáticos do extrato sobre a velocidade de germinação de Senna obtusifolia (Mata pasto) ocorreram desde a primeira avaliação, no decorrer dos dias e desenvolvimento da plântula seu efeito tornou se notório comparado ao controle. Da mesma forma, pode se observar na figura 2, que a germinação de Senna obtusifolia foram diretamente afetadas quando comparados ao teste controle que não recebeu o extrato em estudo. Nesses procedimentos, foram consideradas sementes germinadas aquelas apresentam desenvolvimento extensão radicular sem necroses ou tortuosas com extensão radicular superior a 2,00 mm. Segundo Santos et al., (2008), os compostos alelopáticos são inibidores de germinação e crescimento, pois interferem na divisão celular, permeabilidade de membranas e na ativação de enzimas. A ação de vários aleloquímicos afeta diretamente a germinação e padrões de crescimento ou desenvolvimento das plantas estimulando ou inibindo sua formação. Os resultados aqui apresentados podem ser justificados como possível efeito alelopático do extrato metanólico aquoso da folha de Morinda citrifolia L. tanto na inibição como na velocidade de germinação das sementes de Senna obtusifolia. Toda via se faz necessários novos estudos dedicados a fracionar e caracterizar as classes de substâncias responsáveis pela atividade alelopática do extrato de Morinda citrifolia L. através de técnicas de prospecção fitoquímica, ressonância magnética nuclear de H¹ e C13 e espectrometria de massa.

Grafico 1

Variação na velocidade de emissão da radícola de Senna obtusifolia sobre extrato bruto metanólico aquoso da folha de Morinda citrifolia.

Gráfico 2

Variação na % germinação de Senna obtusifolia sobre extrato bruto metanólico aquoso da folha de Morinda citrifolia.

Conclusões

Se tratando dos extratos metanólico aquoso da folha de Morinda citrifolia L. pode se concluir que houve um elevado efeito alelopático sobre a velocidade germinação e germinação de sementes de Senna obtusifolia, em condições de laboratório. Entretanto os extratos devem ser fracionados na tentativa de identificar substâncias e/ou classes de substâncias, responsáveis pela resposta alelopática.

Agradecimentos

Agradecemos a PROIC/IFMT pelo financiamento da pesquisa.

Referências

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Regras para Análise de Sementes. Secretaria de Defesa Agropecuária. Brasília, DF: Mapa/ACS, 2009. 395p.

EMBRAPA Agroindústria Tropical – Noni (Morinda citrifolia L.) Doc. Nº FP 09004, http://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/657236/1/FP09004.pdfhttp://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/657236/1/FP09004.pdf (2009) Acesso em: 11 jan. 2012

PERON, A.J.; EVANGELISTA, A.R. Degradação de pastagens em regiões de cerrado. Ciência e Agrotecnologia, v.28, n.3, p.655-661, 2004.

RUIZ REYES, G. S., VENEGAS CASANOVA, GAONA CHAVEZ, E. A., HAYDEE, M., et al. Identificación preliminar de los metabolitos secundarios de los extractos acuosos y etanólicos del fruto y hojas de Morinda citrifolia L. L. "noni" y cuantificación espectrofotométrica de los flavonoides totales. UCV - Scientia, 2010, vol.2, no.2, p.11-22. ISSN 2077-172X.

SANTOS, L.S.; SANTOS, J.C.L.; SOUZA FILHO, A.P.S.; CORREIA, M.J.C.; VEIGA, T.A.M.; FREITAS, V.C.M.; FERREIRA, I.C.S.; GONÇALVES, N.S.; SILVA, C.E.; GUILHON, G.M.S.P. Atividade alelopática de substâncias químicas isoladas do capim-Marandu e suas variações em função do pH. Planta Daninha, n.3, v.26, p.531-538, 2008.

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