CAPACIDADE ANTIOXIDANTE E TEOR DE FENÓIS TOTAIS EM CASCA DE Myrciaria cauliflora ssp.

ISBN 978-85-85905-10-1

Área

Alimentos

Autores

Porfirio, M.C.P. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA) ; Santana, R.O. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA) ; Barros, H.E.A. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA) ; Gonçalves, M.S. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA) ; Santos, I.A. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA) ; Santana, G.A. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA) ; Capela, A.P. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA) ; Oliveira, J.B. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA) ; Silva, M.V. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA)

Resumo

A jabuticaba (Myrciaria ssp.) é uma fruta nativa brasileira e pouco se conhece sobre os constituintes químicos nas diversas partes do fruto, principalmente, em relação aos compostos bioativos. Objetivou-se com o presente estudo quantificar o teor de compostos fenólicos e determinar a atividade antioxidante das cascas do fruto de jabuticaba por três métodos distintos (DDPH, ABTS+• e poder redutor). Frente à ação antioxidante exibida, a fruta pode ser apontada como boa fonte de antioxidantes naturais que podem ser mais efetivas e econômicas do que o uso de suplementos dietéticos na proteção do organismo contra os danos oxidativos e, portanto, o seu consumo deve ser estimulado.

Palavras chaves

Jabuticaba; DPPH; ABTS

Introdução

A jabuticaba (Myciaria spp.) é uma planta nativa brasileira, cultivada principalmente em alguns estados da região sudeste do país (SILVA et al., 2010). Apresenta casca avermelhada e polpa agridoce, e é utilizada tanto para a produção de geleias, vinhos, vinagres e licores como para o consumo in natura (LIMA et al.,2008). A jabuticaba é um fruto tropical de alto valor nutricional, pois possui elevado teor de carboidratos, fibras, vitaminas, flavonoides, carotenoides e sais minerais (CORREA; PINTO, ONO, 2007). Pesquisas têm revelado que as cascas e as sementes de certos frutos exibem atividade antioxidante mais elevada do que a polpa. A partir desse conhecimento, vários estudos têm sido realizados com a finalidade de buscar antioxidantes naturais em fontes residuais da agroindústria com o objetivo de serem utilizados como alimentos funcionais ou nutracêuticos, que por sua vez, atuam na prevenção de muitas doenças degenerativas, doenças cardiovasculares e vários tipos de câncer (SOONG & PRASADA RAO, 2007). Vale ressaltar que não existem estudos sistemáticos de frutas produzidas no estado da Bahia. Em virtude da ampla utilização destas frutas pela população local e da importância da atividade antioxidante para a saúde humana, torna-se relevante à determinação dos compostos fenólicos e da composição de antioxidantes de frutas coletadas na região. Objetivou-se neste trabalho determinar os teores de compostos fenólicos totais (CFT) e avaliar a capacidade antioxidante (CAO) pelo método do sequestro do radical livre DPPH, ABTS e poder redutor em cascas de jabuticaba (Myrciaria ssp.) provenientes da cidade de Ibicaraí-BA.

Material e métodos

Os frutos da jabuticaba foram adquiridos no município de Ibicaraí-Ba. Os extratos etanóicos foram obtidos por processo de extração sólido-líquido conforme procedimento recomendado por Zhao & Hall (2008), com adaptações. As analises foram realizadas em triplicata. Os compostos fenólicos nos extratos etanoicos foram determinados por espectrometria a 773nm, utilizando o reagente Folin-Ciocalteau, segundo Wettasighe e Shahidi (1999), os resultados foram expressos em mg de equivalente de ácido gálico 100 g-¹ da amostra desidratada. A atividade antioxidante dos extratos foi determinada utilizando-se o método adaptado de Brand-Wiliams (1995). O método fundamenta-se na redução do radical DPPH● (2,2-difenil-1-picril-hidrazil) por antioxidantes presentes no extrato, resultando num decréscimo da absorbância medida a 515 nm. A capacidade antioxidante das amostras frente ao radical livre ABTS+• foi realizada de acordo com RE et al. (1999) A solução ABTS+• foi diluída com álcool etílico para uma absorbância de 0,7 a 734 nm. Após a adição de 1 mL de amostra para 4mL da solução ABTS+•, as leituras de absorbância a 730 nm foram realizadas após 6 minutos de reação. O ácido ascórbico foi usado como padrão. Avaliou-se o poder redutor conforme o procedimento descrito por Oyaizu (1986), com adaptações. A partir do extrato hidroetanólico obtido as amostras foram diluídas para diferentes concentrações (2,55; 4,95; 7,50; 10,06 e 12,46 mg.mL-1) as leituras das absorbâncias foram realizadas a 700 nm. Utilizando o BHT como padrão analítico.

Resultado e discussão

Os teores de compostos fenólicos totais (CFT) e a atividade antioxidante (CAO) observados nas cascas de jabuticaba estão apresentados na Tabela 1.Teores superiores aos encontrados nesse estudo foram observados por Silva et al. (2010), quando também analisaram cascas de jabuticaba (636,23 mg ácido gálico.100 g-1). Os valores médios encontrados para a atividade antioxidante pelo método ABTS foram superiores aos observados por Santos et. al. (2008) que estudaram polpas de açaí (10,21 a 52,47 µM de ácido ascorbico.g-1). Os resultados da CAO pelo método DPPH demonstraram que as cascas de jabuticaba apresentam excelente atividade frente ao radical DPPH o que confirma a grande proporção de compostos antioxidantes na casca deste fruto. Resultados inferiores aos observados no presente trabalho foram apontados por Rufino et al. (2010) quando analisaram frutos com reconhecida atividade antioxidante, como o açaí (598,0 g matéria seca/g de DPPH), o caju (906,0 g matéria seca/g de DPPH) e o umbu (276,0 g matéria seca/g de DPPH), o que ratifica a primorosa performance exibida pelas cascas de jabuticaba. Quanto ao poder redutor, os extratos das cascas analisadas apresentaram capacidade de reduzir o Fe3+. Pode- se concluir que a melhor concentração redutora foi verificado com concentração de 0,015 mg.ml-1 de BHT.

Tabela 1

Fenóis totais, capacidade antioxidante DDPH e ABTS, Poder Redutor em casca da jabuticaba.

Conclusões

A partir dos resultados observados contata-se que os extratos das cascas de jabuticaba são fontes potenciais de antioxidantes naturais, com possibilidades de consumo e aplicação nos diversos ramos da indústria alimentícia, farmacêutica e cosmética.

Agradecimentos

Os autores agradecem a FAPESB através do PIBIC/UESB pela concessão do auxílio/bolsa IC a primeira autora.

Referências

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