ANÁLISE DA PRODUÇÃO E CONSUMO DE HORTALIÇAS ORGÂNICAS NA REGIÃO METROPOLITANA DE GOIÂNIA - GO

ISBN 978-85-85905-10-1

Área

Alimentos

Autores

Lima da Silva, A.M. (PUC GO) ; Caixeta, J.C. (IFG GO)

Resumo

A agricultura orgânica vem se destacando como alternativa ao modo de produção convencional com o intuito de atender aos padrões de consumo, diminuir a degradação do meio ambiente, contaminação do solo, do agricultor e do consumidor. Neste estudo foi avaliado a produção, o consumo e o perfil dos consumidores de hortaliças orgânicas em Goiânia, por meio de questionários sócio-econômicos estruturados. A avaliação mostrou que predominam as consumidoras, entre 40 e 60 anos, casadas e com filhos. Apresentam alta renda familiar e escolaridade. A variedade de produtos orgânicos comercializada foi satisfatória contendo cerca de 25 produtos. A produção está relacionada com os ciclos naturais de cada variedade e a distribuição na rede varejista foi considerada o principal problema do consumo.

Palavras chaves

produção; alimentos orgânicos; sustentabilidade

Introdução

A análise da produção e do consumo de alimentos orgânicos em relação aos produtos convencionais é importante, pois estes alimentos são alternativas à prática agrícola, e também é uma das maneiras de evitar os danos que a agroquímica vem causando ao meio ambiente e a saúde humana. Neste sentido, a agricultura orgânica surge como uma forma de produção, que atende aos preceitos do desenvolvimento sustentável, contemplando os cinco pilares da sustentabilidade, em termos de desenvolvimento ambiental, social, econômico, espacial e cultural (FONSECA et al, 2009). Em Goiás a produção de alimentos, que nesta pesquisa foram considerados os legumes, as verduras e alguns frutos, é uma das maiores do Brasil, pois, a localização do estado favorece o abastecimento de vários mercados locais e regionais com esse tipo agricultura convencional. Porém, contrariando a lógica do mercado mundial e brasileiro de alimentos orgânicos que vem crescendo substancialmente, Goiás tem dificuldade em se estabelecer e revela-se incipiente na produção e consumo (GENTIL 2007). Desta forma, o objetivo geral desta pesquisa foi diagnosticar a produção e o consumo de hortaliças orgânicas na região metropolitana de Goiânia, destacando seus principais pontos fortes e fracos. Foram consideradas hortaliças orgânicas aquelas produzidas em propriedades certificadas. Para isso, foi realizado:a avaliação do perfil sócio-econômico de consumidores de hortaliças orgânicas e hortaliças convencionais; o levantamento de dados dos produtores de hortaliças orgânicas, identificando a quantidade de itens produzidos; o levantamento das possíveis causas da baixa ou alta produção e consumo de hortaliças orgânicas.

Material e métodos

As metodologias da pesquisa consistiram na coleta de dados do perfil de consumidores de hortaliças, por meio de entrevistas em feiras de alimentos orgânicos e convencionais, entrevistas com os produtores e com os gerentes ou proprietários dos estabelecimentos comerciais, todos por meio de questionários estruturados para posterior análise quantitativa dos dados. Os questionários foram aplicados nos meses de maio, junho, agosto, setembro de 2013. Foram aplicados 148 questionários para avaliar o perfil sócio- econômico dos consumidores, em estabelecimentos comerciais de pequeno, médio e grande porte, e também em feiras livres de Goiânia onde são comercializados alimentos orgânicos. O questionário envolveu questões sobre sexo, idade, estado civil, número de filhos, escolaridade e renda familiar dos consumidores. As questões sobre produtos orgânicos, especificamente as hortaliças, envolveram perguntas que indagavam se o consumidor apresentava conhecimentos sobre esses produtos, se conheciam as etapas de certificação, a freqüência de consumo, se estavam dispostos a pagar mais pelos produtos, se deixariam de consumir devido ao preço, quanto estariam dispostos a pagar a mais pelos alimentos orgânicos, quais as dificuldades em encontrar os produtos, se acreditavam que consumindo esses produtos estariam contribuindo para a preservação ambiental e sua saúde, e quais eram as principais dificuldades em consumi-los. Para avaliar o perfil dos produtores certificados, participaram da pesquisa 19 produtores oriundos dos municípios de Goianira, Hidrolândia, Bela Vista, Leopoldo de Bulhões, Silvânia, Gameleira, Ouro Verde, Brazabrantes e Teresópolis do Estado de Goiás.

Resultado e discussão

A avaliação do perfil do consumidor mostrou que 75% são do sexo feminino, 64,3% tem idade entre 40 a 60 anos, 61% são casados, 28,5% tem 3 ou mais filhos, 75% possui ensino superior e 57% tem renda familiar superior a 8 salários mínimos. Os entrevistados foram questionados sobre o nível de conhecimentos sobre produtos orgânicos e 100% disseram sim, que sabem o que é um produto orgânico, porém 53,5% disseram desconhecer as etapas de conversão de um produto convencional para orgânico. Quando questionados sobre à freqüência com que consumiam esses produtos, cerca de 57% disseram que consumiam no dia a dia. Questionados se estariam dispostos a pagar um preço a mais pelos produtos orgânicos, a resposta foi sim unanimemente. Porém, cerca de 64% não deixariam de consumir produtos orgânicos em função do preço. Questionados sobre até quanto estariam dispostos a pagar a mais pelos produtos, 96,5% disseram que aceitariam um aumento de preço de até 35%. Quanto à distribuição dos produtos orgânicos 68% disseram não ter dificuldades em encontrá-los. Questionados se o consumo de hortaliças orgânicas traz melhorias para o meio ambiente e para sua saúde, em ambas as respostas houve unanimidade em acreditar que sim. Perguntados sobre as principais dificuldades em consumir hortaliças orgânicas a principal resposta foi à dificuldade em encontrá-las (71,4%), a falta de regularidade no fornecimento (57,1%), pouca variedade dos produtos (46,4%) e o preço muito alto (42,9%). As hortaliças orgânicas são produzidas por pequenos produtores de base familiar (até quatro módulos fiscais), mesmo não sendo a única fonte de renda para a maioria das propriedades, contribui na composição da renda familiar proporcionando maior estabilidade econômica, alimentar, mantendo a família no campo

Conclusões

Os consumidores de hortaliças orgânicas apresentam alto poder aquisitivo, têm curso superior e/ou pós- graduação, são casados e a maioria tem dois filhos, renda familiar superior a 12 SM, e estão dispostos a pagar um sobrepreço de até 35% pelas hortaliças orgânicas em comparação com as convencionais, têm interesse em consumi-las diariamente, conhecem os benefícios dos produtos para a sua saúde e para o meio ambiente, e também percebem sua contribuição social, espacial e cultural, têm conhecimentos sobre a certificação dos produtos por eles consumidos, mas não exigem o selo de certificação.

Agradecimentos

Os autores agradecem a Pontifícia Universidade Católica de Goiás e ao Instituto Federal de Goiás pelo apoio e realização da pesquisa.

Referências

FONSECA, M. F. A. C.; BARBOSA, S. C. A.; COLNAGO, N. F.; SILVA, G. R. R. Agricultura orgânica: introdução às normas, regulamentos técnicos e critérios para acesso aos mercados dos produtos orgânicos no Brasil. Manual Técnico. v. 19. Niterói: Programa Rio Rural, 2009. 58p.

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