Substâncias antioxidantes de méis de diferentes espécies de abelhas da caatinga brasileira

ISBN 978-85-85905-10-1

Área

Alimentos

Autores

Aroucha, E.M.M. (UFERSA) ; Araujo, F.G. (UFERSA) ; Leite, R.H.L. (UFERSA) ; Santos, F.K.G. (UFERSA) ; Almeida, J.G.L. (UFERSA) ; Silva, M.C.P. (UFERSA) ; Moura, A.A.C. (UFERSA) ; Ferreira, R.M.A. (UFERSA)

Resumo

Este trabalho teve por objetivo avaliar as características antioxidantes de méis de Apis mellifera L. e Meliponíneos produzidos na caatinga brasileira. Para isto, foram coletadas amostras dos méis de Melipona subnitida, Frieseomellita varia, Melipona mandacaia, Plebeia sp. e Apis mellifera L. Foram avaliados os flavonóides totais, fenólicos totais, atividade antioxidante e teor de antioxidante. Os méis de Plebeia sp., Frieseomelita varia e Apis mellifera L. apresentaram maior atividade antioxidante, seguidos dos méis de Melipona mandacaia e Melipona subnitida. Os flavonóides pouco influenciaram na diferenciação das atividades antioxidantes dos méis de meliponíneos. Os méis que apresentaram maiores teores de fenólicos também apresentaram maior atividade antioxidante.

Palavras chaves

Meliponíneos; Apis melifera L; Frieseomelita varia

Introdução

A composição química do mel é objeto de estudo por vários pesquisadores (AZEREDO et al., 2003; KUÇUK et al., 2007), uma vez que a sua composição é dependente do tipo de florada, clima, condições ambientes, estágio de maturação, processamento, armazenamento e espécies de abelha produtora de mel (CAMPOS, 2003; SILVA et al., 2004). De acordo com Campos (1987) e Serrano et al. (1994) fatores como espécies e raças de abelhas, natureza do solo, estado fisiológico da colônia, estágio de maturação do mel e condições meteorológicas podem influenciar na composição do mel. Os antioxidantes presentes no mel incluem enzimas (catalase, glucose oxidase e peroxidase) e substâncias não enzimáticas (ácidos orgânicos, produtos da reação de Maillard, aminoácidos, proteínas, flavonóides, fenólicos, α-tocoferol, flavonóis, catequinas, ácido ascórbico e carotenóides) (MEDA et al., 2005). Meda et al. (2005), ao analisarem 27 amostras de méis florais da África do Sul, observaram que o teor de compostos fenólicos variou de 32,59 a 114,75 mg ácido gálico /100g, e que os méis de honeydew apresentaram maior compostos fenólicos que os méis de origem floral. Aroucha (2012) encontrou 71,16 a 130,19 mg de ácido gálico/100g em méis de Apis mellifera L. e 54,23 a 75,66 mg de ácido gálico/100g em méis de abelhas do gênero Melipona, oriundos do estado do Rio Grande do Norte. Apesar de na literatura se evidenciar características de substâncias antioxidantes em méis de abelha. É raro encontrar trabalhos com várias espécies de meliponineos. Dessa forma este trabalho teve por objetivo avaliar as substâncias antioxidantes de méis de diferentes espécies de abelhas da caatinga brasileira.

Material e métodos

As amostras de méis foram coletadas de maio a setembro de 2013, proveniente de diferentes municípios do estado do Rio Grande do Norte. Foram obtidas 45 amostras de méis, diretamente de apicultores e meliponicultores, sendo 33 amostras das seguintes espécies de Meliponíneos: Melipona subnitida (Jandaíra – 18 amostras); Frieseomellita varia (Moça Branca – 03 amostras), Melipona mandacaia (Mandaçaia – 09 amostras) e Plebeia sp. (Mosquito – 03 amostras); e 12 amostras de méis provenientes da espécie Apis mellifera L. As amostras, após coletadas, foram acondicionadas em recipientes fechados e armazenadas sob refrigeração a 6ºC até a realização das análises. As seguintes análises foram realizadas nas amostras de méis, todas em triplicatas. Os flavonóides totais foram determinados conforme metodologia descrita na literatura (MEDA et al., 2005; AHN et al., 2007). Os fenólicos totais foram determinados conforme método descrito por MEDA et al. (2005). A atividade antioxidante foi realizada com o uso do radical 2,2-difenil-1-picril-hidrazil (DPPH), conforme modificações feita por Meda et al. (2005). O teor de antioxidante foi avaliado como descrito por Meda et al. (2005), com adaptações. Os dados foram submetidos à análise de variância (ANOVA) e a comparação de médias foi feita pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade usando o Microsoft Excel.

Resultado e discussão

Os flavonóides do mel de Apis mellifera L. (13,1 mg QE/100g) foram superiores aos méis de meliponíneos. As substâncias fenólicas nos méis de Plebeia sp. (231,6 mg AG/100g), Frieseomelitta varia (197,7 mg AG/100g), e Apis mellifera L (208,1 mg AG/100g), foram superiores aos detectados nos méis de Melipona subnitida e Melipona mandacaia. O teor de fenólicos do mel de Plebeia sp. foi 61,9% e 56,4%, superior ao mel de Melipona subnitida e Melipona mandacaia, respectivamente. Enquanto o de Frieseomelitta varia foi 55,3% e 49%, superior ao mel de Melipona subnitida e Melipona mandacaia, respectivamente. A maioria das plantas contém grande número de polifenóis e flavonóides e cada planta tende a ter um perfil distinto, a concentração e tipo de substâncias polifenólicas dependem da origem floral do mel (KUÇUK et al., 2007). Apenas a atividade antioxidante (IC50) da espécie Melipona subnitida (78,7 mg/mL) foi inferior à atividade antioxidante do mel de Apis mellifera L. (37,1 mg/mL). Verificou-se que o mel de Melipona subnitida diferiu do mel de Plebeia sp. e do mel de Frieseomelitta varia e foi semelhante ao mel de Melipona mandacaia. Tendo os méis de Plebeia sp. e Frieseomelitta varia apresentado melhores resultados para a atividade antioxidante, quando comparado com o mel de Melipona subnitida, pois os mesmos apresentaram melhor percentual de inibição, com média de 9,5 e 18,8%, respectivamente. O teor de antioxidante do mel de Frieseomelitta varia (37,5 mg EAA/100g) foi superior aos demais méis avaliados. Os méis de Apis mellifera L. apresentaram resultados semelhantes aos méis de Plebeia sp. e Melipona mandacaia, e superior ao mel de Melipona subnitida, que por sua vez não diferiu dos méis e de Melipona mandacaia.

Conclusões

Houve diferença entre as substâncias antioxidantes estudadas dependendo da espécie de abelha. Os méis de Plebeia sp., Frieseomelita varia e Apis mellifera L. apresentaram maior atividade antioxidante, seguidos dos méis de Melipona mandacaia e Melipona subnitida. Os flavonóides pouco influenciaram na diferenciação das atividades antioxidantes dos méis de meliponíneos, fato inverso ocorreu com o teor de fenólicos onde os méis que apresentaram os maiores teores de fenólicos também apresentaram maior atividade antioxidante.

Agradecimentos

CAPES

Referências

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