AVALIAÇÃO DE PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS DE MÉIS DE Apis mellifera PRODUZIDOS NO NORDESTE DO ESTADO DO PARÁ

ISBN 978-85-85905-10-1

Área

Alimentos

Autores

Silva de Carvalho, C. (UFRA) ; dos Santos Silva, A. (UFPA) ; Carvalho de Souza, E. (UFRA) ; Carvalho de Souza, L. (SEMEC) ; da Costa Barbosa, I.C. (UFRA) ; Souza Santa Rosa, R.M. (UFRA)

Resumo

O presente trabalho teve como objetivo investigar alguns parâmetros físico- químicos de méis de Apismellifera produzidos em dois municípios do nordeste paraense (Santa Maria do Pará e Ourém) e aplicar análises multivariadas para discriminar a origem geográfica dos méis.Todos os valores encontrados para os parâmetros analisados estão de acordo com a legislação nacional e a internacional, exceto os resultados para teor de umidade em duas amostras, que se mostraram superiores ao limite preconizado pelas legislações nacional e internacional. Os parâmetros estudados se mostraram úteis para a discriminação geográfica das amostras de méis paraenses.

Palavras chaves

Apis mellifera; mel; Amazônia

Introdução

O mel é um produto alimentício produzido por abelhas, a partir do néctar das flores ou das secreções procedentes de partes vivas das plantas, que as abelhas recolhem, transformam, combinam com substâncias específicas próprias, armazenam e deixam madurar nos favos da colmeia (Brasil, 2000). O controle de qualidade do mel é de suma importância, pois ele pode ser utilizado pelas pessoas como alimento e medicamento devido suas propriedades anti-sépticas, ou como conservantes de frutas e grãos (SILVA et al., 2004). Os estudos de diversos parâmetros físico-químicos têm se tornado um tema de amplo interesse para cientistas no mundo todo, com as mais variadas finalidades de caracterização dos méis. Através do estudo desses parâmetros avalia-se a qualidade do mel, principalmente em relação a adulteração, prática comum entre os apicultores. Este trabalho objetivou avaliar os parâmetros físico-químicos dos de Apis mellifera produzidos no Nordeste Paraense, bem como aplicar análise de componentes principais e análise hierárquica de agrupamentos aos dados físico- químicos para fazer a separação dos méis conforme suas origens geográficas.

Material e métodos

Foram coletadas três amostras de mel da espécie Apismellifera, de dois municípios do nordeste paraense (Santa Maria do Pará e Ourém), contabilizando seis amostras. Tais amostras foram adquiridas diretamente dos produtores, entre abril e junho de 2014. Os parâmetros físico-químicos analisados foram: pH, condutividade elétrica (C.E.), densidade, acidez, umidade e viscosidade. O pH foi determinado usando um pHmetro (INSTRUTHERM) calibrado com solução tampão pH 4 e 7. Aanálise de condutividade elétrica foi executada com o emprego de um condutivímetro portátil (INSTRUTHERM, CD 880) calibrado conforme instruções do fabricante com solução padrão de condutividade 146,9 μS/cm (LANARA, 1981). A determinação da densidade fez uso de picnômetros de 10,0 mL, tomando-se a água pura como padrão de calibração e se realizando a conversão dos dados da temperatura de trabalho para 20ºC (ADOLFO LUTZ, 1985). Na determinação de acidez (meq/kg) foi usada uma metodologia baseada em uma titulação simples do mel com uma solução de NaOH 0,1 N até atingir o pH 8,3 (LANARA, 1981). A umidade foi determinada se pesando 5 g de mel em cadinho de porcelana previamente aferido, e sendo o conjunto cadinho mais mel levado a estufa a 105ºC, por 24 h (ADOLFO LUTZ, 1985). A viscosidade foi determinada se usando um viscosímetro tipo Copo Ford, número 3, e convertendo o tempo de escoamento do mel para viscosidade através da equação do aparelho fornecida pelo fabricante. Todas as determinações foram realizadas em triplicatas. O tratamento estatístico multivariado foi executado se empregando o programa MINITAB 16.

Resultado e discussão

A Tabela 1 apresenta os resultados obtidos neste estudo. Os valores de pH obtidos variaram entre 4,23 e 4,60. Tais valores se encontram dentro da faixa estipulada pela legislação (3,30 a 4,60) (BRASIL, 2000). Os valores encontrados para a condutividade elétrica (de 0,28 a 0,39 mS/cm) se encontram dentro da faixa permitida pela legislação internacional (BOE, 1986), que é de 0,20 a 0,80 mS/cm. A legislação brasileira não estabelece nenhum limite máximo ou mínimo para este parâmetro. Os valores de densidade encontrados oscilaram entre 1,57 e 1,60 g/mL, não havendo padrões legais para esse parâmetro. A legislação brasileira estabelece um limite máximo para a acidez como sendo de 40,00 meq/kg (BRASIL, 2000), assim, todas as amostras apresentaram valores bem inferiores ao legal. Comparando-se os teores de umidade obtidos para as seis amostras analisadas com o máximo valor permitido pela legislação nacional e pelas internacionais (BRASIL, 2000; BOE, 1986; CAC, 1990; AOAC, 1984), que é igual a 20%, duas amostras (33,33% do total) se encontram acima deste limite, porém, outras pesquisas encontraram resultados semelhantes (CONTI et al., 2007). A viscosidade dos méis oscilou entre 4.198,20 e 5.916,90 cSt. Ao se aplicar a análise de componentes principais ao conjunto de dados (Figura 1), percebeu-se que os seis parâmetros foram suficientes para fazer a separação das amostras conforme sua origem geográfica, o que foi confirmado pela análise hierárquica dos dados (Figura 1)

Tabela 1- Resultados das análises realizadas nos méis



Figura 1- Análises de componentes principais e hierárquica de agrupame



Conclusões

Os méis do nordeste paraense são de boa qualidade e apenas seis parâmetros físico- químicos foram suficientes para a distinção dos méis conforme sua origem geográfica (Santa Maria do Pará ou Ourém).

Agradecimentos

Os autores agradecem ao CTA e a UFRA pela infraestrutura. E Prefeitura Municipal de São Miguel do Guamá pela ajuda na aquisição de amostras.

Referências

AOAC. Official Methods of Analysis of AOC International, 17 ed. Horwitz, W.; Association of Official Analytical Chemists: Gaithersburg, MD, 2000. Chapter 44, p. 22 – 33.

Brasil. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa 11, de 20 de outubro de 2000, Regulamento técnico de identidade e qualidade do mel. Disponível na internet http://www.agricultura.gov.br/sda/dipoa/anexo_intrnorm11.htm

BOLETIN OFICIAL ESPAÑOL (B.O.E.). Orden de 12 de junio de 1986, de la Presidencia del Gobierno por la que se aprueban los métodos oficiales de analisis para la miel, Madrid, 18 junio de 1986, n. 145 s.n.p.
C.A.C.. CODEX ALIMENTARIUS COMMISSION. CODEX STAN 12: Revised Codex Standard for Honey, Standards and Standard Methods, Food and Agriculture Organization of The United Nations, v.11, 7p., 2001.

CONTI, M. E., STRIPEIKIS, J., CAMPANELLE, L., CUCINA, D., TUDINO, M. B. Characterization of Italian honeys (Marche Region) on the basis of their mineral content and some typical quality parameters. Chemistry Central Journal, July 2007 1:14.

INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Normas analíticas do Instituto Adolfo Lutz. São Paulo, 1985, v.1.

LANARA. Laboratório Nacional de Referência Animal. Métodos analíticos oficiais para controle de produção, controle de produtos de origem animal e seus ingredientes. II-Métodos físicos e químicos. Mel. Brasília: Ministério da Agricultura, 1981, v.2, cap.25, p. 1-15

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