TEOR ES DE FENÓIS TOTAIS E A CAPACIDADE ANTIOXIDANTE EM MAXIXE (Cucumis anguria L.)

ISBN 978-85-85905-10-1

Área

Alimentos

Autores

Capela, A.P. (UESB) ; Santana, R.O. (UESB) ; Sobrinho, I.S.B. (UFBA) ; Porfirio, M.C.P. (UESB) ; Gonçalves, M.S. (UESB) ; Santos, I.A. (UESB) ; Correia, K.S. (UESB) ; Trindade, L.R.S.L.C. (UESB) ; Santana, G.A. (UESB) ; Silva, M.V. (UFPB)

Resumo

O maxixe (Cucumis anguria L.) é uma hortaliça originária da África amplamente consumida na região norte e nordeste do Brasil. Tendo em vista a ampla comercialização de hortaliças no Brasil, torna-se essencial o conhecimento sobre o consumo desses alimentos considerados protetores. Objetivou-se com o presente estudo determinar os fenóis totais e a atividade antioxidante em cascas do maxixe utilizando os ensaios do (DDPH, ABTS+•e o poder redutor). Foram observados 136,21±3,69mg GAE.100g-1 de extrato concentrado para os fenólicos totais, 643,87±3,12 mg.mL-1de extrato para o DDPH EC50 , 650,67±2,31 mg.g-1de VEAC para o ABTS+•e 1284,07±2,44mg.mL-1 de BHT para o poder redutor. Constatou- se que o maxixe possui compostos com propriedades de combater os radicais livres e seu consumo deve ser estim

Palavras chaves

Alimentos; Fitoquímicos bioativos; Antioxidantes

Introdução

O maxixe (Cucumis anguria L.) é uma cultura de origem africana, bastante cultivada no norte e nordeste do Brasil. As populações brasileiras caracterizam- se pela produção de frutos sem sabor amargo e com variações quanto à espiculosidade e ao tamanho, geralmente com peso médio de 30 g. Sua forma de consumo está associada à culinária tradicional do nordeste, onde o fruto maduro é cozido com outros ingredientes, originando o prato típico denominado "maxixada". Apesar de não ser habitual, essa hortaliça também pode ser consumida in natura na forma de salada, substituindo com vantagem o pepino por ser menos indigesta (MADOLO & COSTA, 2003). Em função da elevada atividade antioxidante que possui, uma variedade de compostos fenólicos que desempenham um papel importante nos processos de inibição do risco das doenças cardiovasculares e podem atuar sobre o estresse oxidativo, relacionado com diversas patologias crônico-degenerativas, como o diabetes, o câncer e processos inflamatórios (IMEH & KHOKHAR 2002). Pesquisas recentes têm demonstrado que compostos fenólicos além de atuarem na captura dos radicais livres, podem estar envolvidos em outros mecanismos fisiológicos que estimulam a atividade das enzimas antioxidantes ou como sinalizadoras celulares que ativam e/ou inibem a expressão de algumas enzimas relacionadas com o processo cancerígeno (SHAHIDI et al., 2007). Tendo em vista a importância do fruto para a culinária do norte e nordeste brasileiro, bem como a falta de informações acerca de sua funcionalidade, o objetivo do trabalho foi avaliar a atividade antioxidante e quantificar os compostos fenólicos em Cucumis anguria L.

Material e métodos

Foram analisadas amostras de maxixe (Cucumis anguria L.) adquiridos no município de Itapetinga - Ba. As hortaliças foram transportadas para o Núcleo de Estudo em Ciências de Alimentos (NECAL) – UESB, onde foram realizadas as análises. Os extratos hidroetanólicos foram obtidos por extração assistida por ultrassom conforme procedimento recomendado por ZHAO & HALL (2008), com adaptações. Os compostos fenólicos totais foram determinados por espectrometria a 773nm, utilizando o reagente Folin-Ciocalteau, segundo WETTASIGHE & SHAHIDI (1999), os resultados foram expressos em mg de equivalente de ácido gálico.100 g-1 de base úmida. A capacidade antioxidante dos extratos foi determinada utilizando-se o método adaptado de BRAND-WILIAMS (1995). O método fundamenta-se na redução do radical DPPH● (2,2-difenil-1-picril-hidrazil) por antioxidantes presentes no extrato, resultando num decréscimo da absorbância medida a 515 nm. A capacidade antioxidante das amostras frente ao radical livre ABTS+• foi realizada de acordo com RE et al. (1999). A solução ABTS+• foi diluída com álcool etílico para uma absorbância de 0,7 e lida em 734 nm. Após a adição de 1 mL de amostra para 4mL da solução ABTS+•, as leituras de absorbância a 730 nm foram realizadas após 6 minutos de reação. A vitamina C foi usada como padrão. Avaliou-se o Poder Redutor conforme o procedimento descrito por OYAIZU (1986), com adaptações. A partir do extrato hidroetanólico obtido as amostras foram diluídas para diferentes concentrações (2,55; 4,95; 7,50; 10,06 e 12,46 mg.mL-1) as leituras das absorbâncias foram realizadas a 700 nm. Para quantificação, foi realizada uma curva analítica com BHT. As analises foram realizadas em triplicata e os resultados foram expressos como média ± desvio padrão.

Resultado e discussão

Os resultados das análises quantitativas obtidos para fenólicos totais e atividade antioxidante em cascas do maxixe utilizando os ensaios do (DDPH, ABTS+•e o poder redutor) estão apresentados na Tabela 1. Os teores de fenólicos totais foram de 136,21±3,69mg GAE.100g-1. A maior parte dos compostos fenólicos não é encontrada no estado livre na natureza, mas sob a forma de ésteres ou heterosídeos sendo, portanto, solúveis em água e em solventes orgânicos polares (CARVALHO, 2007). Para a atividade antioxidante pelo radical livre ABTS e DPPH, os valores obtidos foram de 650,67±2,31, 643,87±3,12 respectivamente. Correlacionando a atividade antioxidante com os fenóis totais encontrados foi obtido um valor 1284,07±2,44 para o poder redutor . MELO et al, 2006 ao avaliar a ação antioxidante de algumas hortaliças como chuchu e pepino encontraram valores inferiores ao detectado neste estudo. Os valores apresentados evidenciam uma correlação positiva entre o teor de fenólicos totais com a atividade antioxidante por meio dos ensaios citados. Vários autores têm demonstrado de forma conclusiva que existe uma forte relação positiva entre o teor de fenólicos totais e a capacidade antioxidante de frutas e hortaliças (Vison et al., 1998; Velioglu et al., 1998; Kaur & Kapoor, 2002; Abdille et al., 2005). Demonstrando, dessa forma, que o maxixe possui compostos que combatem os radicais livres e, diante disso, o seu consumo associado a uma dieta saudável trará benefícios à saúde da população.




Conclusões

Diante dos resultados obtidos, observa-se que o maxixe possui teores consideráveis de compostos fenólicos totais e por sua vez, apresenta expressiva atividade antioxidante. Diante disso, recomendam-se mais estudos nessa área no intuito de estimular a população a fazer uso desta hortaliça, pois a mesma possui compostos que podem atuar nos processos de inibição do risco das doenças cardiovasculares e processos inflamatórios.

Agradecimentos

Referências

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