Eletrodissolução de Metais como Novo Processo de Reaproveitamento dos Metais de Baterias de Celular

ISBN 978-85-85905-10-1

Área

Iniciação Científica

Autores

Ricardo, P.C. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS) ; Serudo, R.L. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS) ; Printes, A.L. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS) ; Freire, A.C.S. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS) ; Pires, C.B.A. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS)

Resumo

O consumo mundial de telefones celulares tem sido cada vez maior, uma vez que o acesso a este tipo de equipamento está cada vez mais fácil, todavia o mercado tem lançado diversos modelos de aparelhos, acelerando o consumo de baterias. Frente à possibilidade de recuperação e posterior reciclagem de metais provenientes de acumuladores de celular é de suma importância desenvolver e aplicar processos como a eletrodissolução, visto que no Brasil baterias de diversos tipos são descartadas de forma inadequada. Estudos e aplicações do processo de eletrodissolução têm sido empregados na recuperação de metais provenientes de baterias de celular, resultados indicam que o processo se dá facilmente aplicando potenciais de oxirredução podendo ser aprimorado diversificando o meio em que ocorre.

Palavras chaves

ELETRODISSOLUÇÃO; METAIS; BATERIAS

Introdução

O desenvolvimento de tecnologias novas de comunicação tem aumentado. O mercado de smartphones, tablets e aparelhos celulares nunca esteve tão aquecido, lançamentos mundiais e nacionais de aparelhos cada vez mais avançados são feitos a cada dia e, no mesmo ritmo, a busca dos consumidores por aparelhos mais robustos e com novas funções tem crescido. (ANATEL, 2014). O consumo de celulares no Brasil aquece a economia, em contra partida abre caminho para o aumento do lixo tecnológico, uma vez que no país não há destino adequado para esses equipamentos e, em especial, as baterias de celular. O alto crescimento e o baixo ritmo de reciclagem de baterias implicam em uma maior participação no lixo tecnológico do país. Estima-se que apenas cerca de 11% do volume produzido é recolhido, ainda segundo a mesma pesquisa, anualmente, 11 toneladas de baterias de celulares são descartadas inadequadamente no país, demonstrando o quadro delicado que o Brasil se encontra em relação à reciclagem desse material. (BARANDAS,et al, p 712-717, 2007) O descarte inadequado de baterias representa um grave problema ambiental, uma vez que as mesmas possuem metais tais como cobre, manganês, ferro, alumínio, cobalto e níquel que podem vazar ou explodir, contaminando solos, rios e lençóis freáticos acumulando-se no organismo através de ingestão de vegetais ou água contaminada. (COSTA, 2010) Dessa forma, é essencial desenvolver e aplicar novos métodos de reciclagem de baterias, uma vez que o volume reciclado atualmente é muito baixo e o processo empregado na recuperação de metais no país é muito caro tornando-se inviável economicamente, o processo de eletrodissolução visa se tornar um novo método mais barato e eficaz no reaproveitamento de metais, principalmente os provindos de baterias de celular.

Material e métodos

Baterias de íons de lítio usadas são utilizadas como amostra as quais são abertas manualmente com o auxílio de uma morça, todos os isolantes externos e internos são removidos, expondo as estruturas internas, em seguida os componentes são inseridos em capela por 12 horas, a fim de remover quaisquer gases tóxicos. Posteriormente, os componentes metálicos são moídos em moinho de facas durante 10 minutos. Em seguida, monta-se o reator em uma caixa de vidro temperado na qual são inseridos dois eletrodos de carbono grafite, sendo o eletrodo de trabalho no formato cúbico para inserção da amostra. Logo após, são adicionados 2,0g da amostra de bateria no eletrodo de trabalho, ao reator é adicionado ainda solução 2M de ácido sulfúrico(H2SO4) e cloreto de sódio(NaCl) ou cloreto de potássio(KCl). Por fim, conectam-se os eletrodos a fonte de tensão e aplicam-se os potenciais de oxirredução dos metais variando de 1V a 6V. Para a determinação de metais confecciona-se o eletrodo de trabalho utilizando cobre como contato elétrico e pasta de carbono junto à bateria moída como amostra a qual é inserida junto ao contato de cobre fazendo contato com a solução, por conseguinte monta-se a célula eletroquímica em solução 0,1M de KCl utilizando o eletrodo de trabalho confeccionado, contra eletrodo de platina e eletrodo de referência de prata/cloreto de prata(Ag/AgCl). Utiliza-se técnicas de voltametria cíclica e pulso diferencial variando os potenciais de determinação conforme as amostras e metais os quais espera-se encontrar nas baterias.

Resultado e discussão

Aplicando-se diferentes potenciais de oxirredução dilui-se diferentes metais mudando a coloração final da solução resultante do processo de eletrodissolução. Os ensaios realizados demostram que as baterias possuem diversos metais variando conforme o fabricante, as soluções finais apresentam diversas cores conforme a aplicação de potencial e mudança do meio em que ocorre, as colorações obtidas foram: rosa, azul e amarelo. Tais cores evidenciam que metais tais como manganês, cobalto, ferro e cobre podem estar contidas nas baterias conforme a revisão de literatura. Resultados mostram que com o aumento de sais na solução a corrente resultante aumenta tornando o processo mais eficaz diluindo mais metais, isso implica que o meio em que o ocorre deva conter bastante eletrólito aumentando a força iônica da solução, diminuindo a resistência entre os eletrodos e, consequentemente, aumentando a eficácia da eletrodissolução. Análises eletroquímicas demonstraram que o método de modificação de eletrodo com pasta de carbono e amostra de bateria pode ser utilizado para determinação de metais em misturas sólidas. Uma vez que os metais possuem propriedades eletroquímicas únicas é possível utilizar métodos eletroquímicos como voltametria cíclica e pulso diferencial na identificação, caracterização e quantificação de tais metais bem como diluição e separação eletroquímica.

ESQUEMA DA ELETRODISSOLUÇÃO

ESQUEMA DA ELETRODISSOLUÇÃO UTILIZANDO MEMBRANA DE NAFYON.

Determinação de metais por voltametria cíclica

Determinação de metais por voltametria cíclica utilizando como amostra pasta de carbono junto à bateria de celular moída.

Conclusões

A eletrodissolução é um método que emprega potenciais de oxirredução através de fonte elétrica de tensão variável, no entanto, utilizando-se equipamentos mais sofisticados tais como o potenciostato é possível a separação de metal por metal em uma mistura sólida, tais como as baterias de celular, e posterior recuperação por eletrodeposição ou concentração em resina de troca iônica. O processo abre um novo horizonte no que diz respeito a recuperação e separação de metais, não somente de baterias de celular todavia qualquer amostra metálica que possa sofrer os processos de oxirredução.

Agradecimentos

Agradecimento à FAPEAM pela bolsa concedida, à UEA e aos orientadores professor mestre André Luiz Printes e professor doutor Ricardo Lima Serudo.

Referências

ANATEL. Brasil fecha maio de 2014 com 275,45 milhões de acessos móveis [Internet]. 2014. Disponível em: http://www.anatel.gov.br/Portal/exibirPortalNoticias.do?acao=carregaNoticia&codigo=34108 .
BARANDAS, A. P. M. G., JÚNIOR, I. M. V., AFONSO, J. C., MANTOVANO, J. L. e CUNHA, J. W. S. D., Recuperação De Cádmio De Baterias Níquel-Cádmio Via Extração Seletiva Com Tributilfosfato (Tbp), Revista Química Nova, Volume 30, Número 3, páginas 712-717, 2007.
COSTA, Rodrigo C., Reciclagem de Baterias de Íons de Lítio por Processamento Mecânico, 2010, 145 folhas, Tese (Mestrado em Engenharia) – Programa de Pós-graduação em Engenharia de Minas, Metalúrgica e de Materiais- PPGE3M, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.

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