AVALIAÇÃO DO FATOR DE PROTEÇÃO SOLAR (FPS) EM FORMULAÇÕES FOTOPROTETORAS COMERCIAIS

ISBN 978-85-85905-10-1

Área

Iniciação Científica

Autores

Vieira, I.R.S. (UEMA) ; Sales, J.S. (UEMA) ; Costa, M.C.P. (UEMA)

Resumo

Determinou-se o Fator de Proteção Solar (FPS) de oito amostras de emulsões fotoprotetoras comerciais por espectrofotometria no ultravioleta. As amostras foram obtidas no comércio local da cidade de São Luís-MA. Utilizou-se a metodologia descrita por Mansur (1986). As análises foram realizadas em espectrofotômetro UV-Vis medindo-se a absorbância das soluções no intervalo de 290 a 320 nm. Em relação ao FPS dos produtos analisados, as amostras A1, B1, C1 e D1 obtiveram valores abaixo e as amostras A2, B2, C2 e D2 obtiveram valores acima do valor rotulado pelos fabricantes. O método espectrofotométrico proposto é simples e rápido para determinação do FPS de emulsões de protetor solar, sendo recomendado principalmente para análise de produtos em fase de desenvolvimento, antes do teste in vivo.

Palavras chaves

Fator de proteção solar; espectrofotometria; fotoprotetores

Introdução

Os raios ultravioletas dividem-se em UVA (320-400 nm), UVB (290-320 nm) e UVC (200-290 nm). Sendo que a radiação solar abaixo de 290 nm praticamente não atinge a superfície terrestre, sendo absorvida pela camada estratosférica de ozônio (JAHAN, 1990). A radiação UV é responsável por 90% dos danos causados a pele e assim como os raios infravermelhos (IV) os quais penetram mais profundamente na pele, afetando em conjunto a renovação celular, diminuindo a sua elasticidade (GASPARRO et al., 1998). A determinação do Fator de Proteção Solar (FPS) é uma técnica que comprova a eficiência dos filtros solares para a porção UVB do espectro eletromagnético (MURPHY, 2002). O PFS é definido como sendo a dose mínima eritematosa (DME) na pele protegida dividida pela DME na pele não protegida (BRASIL, 2002). Os métodos in vitro para determinação do FPS são uma opção mais prática baseadas sobre técnicas de análises espectrofotométricas envolvendo medidas de transmissão ótica na região do ultravioleta (ALVES et al., 1991). O método desenvolvido por Mansur e colaboradores (1986) demonstrou ser eficaz e rápido, além de apresentarem uma boa correlação com os resultados in vivo (MANSUR et al., 1986). Portanto, o objetivo deste trabalho foi determinar os valores de FPS em formulações fotoprotetoras comerciais, por meio da técnica espectrofotométrica no UV, segundo metodologia de Mansur (1986), visando o domínio da técnica para aplicação em testes de emulsões cosméticas.

Material e métodos

Neste trabalho, utilizaram-se oito amostras de protetores solares comerciais de quatro diferentes marcas (A, B, C e D) com diferentes valores de FPS informados no rótulo do produto pelo fabricante (30, 40, 50 e 60). Os protetores em forma de emulsão O/A ou A/O foram adquiridos no comércio local da cidade de São Luís do Maranhão. Inicialmente, pesou-se com exatidão em triplicata cerca de 0,5000 g das emulsões de cada formulação diretamente em balão volumétrico de 100,0 mL, homogeneizado com etanol P.A. Transferiu-se uma alíquota de 1,0 mL para balão volumétrico de 25,0 mL e completou-se o volume com etanol P.A. Obtiveram-se amostras de concentração final de 0,2 μg.mL-1. A técnica espectrofotométrica de determinação do FPS foi realizada segundo metodologia de Mansur e colaboradores (1986). Utilizou-se espectrofotômetro UV-Vis (Thermo® - Mod. Genesys 10 UV) e cubeta de quartzo com caminho óptico de 1 cm. Mediu-se a absorbância das soluções em triplicata, na faixa do comprimento de onda do UVB (290, 295, 300, 305, 310, 315 e 320 nm). Para a análise estatística (teste de Fisher ou teste F) e interpretação gráfica dos resultados foi utilizado o software Origin® 8.0.

Resultado e discussão

Os valores de FPS das formulações fotoprotetoras comerciais, foram determinados por meio de leitura espectrofotométrica de suas soluções diluídas, seguindo metodologia descrita por Mansur e colaboradores (1986). Os métodos in vitro apresentam vantagens, como a rapidez de execução, o custo acessível, a reprodutibilidade e a não exposição do voluntário ao risco, entre outras (SAYRE et al., 2008). A Figura 1 apresenta os resultados de FPS experimentais obtidos, que são similares a outros trabalhos da literatura (DUTRA et al., 2004). De acordo com os resultados obtidos, para as amostras A1, B1, C1 e D1 analisadas, os valores de FPS estão abaixo do valor rotulado pelos fabricantes e as amostras A2, B2, C2 e D2 obtiveram FPS acima do valor rotulado pelos fabricantes. Os resultados de FPS foram analisados estatisticamente pelo teste de Fisher (teste F), no modelo estatístico ANOVA (Análise de Variância) com o software Origin® versão 8.0. Para as oito amostras de fotoprotetores verificam-se existir diferença estatística significativa entre as médias ao nível de significância de 5 % (F calculado>F resíduo). O FPS espectrofotométrico é um método de natureza física e, apesar de preciso, sofre certas limitações porque não considera nenhum fator envolvendo a interação da pele humana com o produto. Assim como nas determinações in vivo, este método espectrofotométrico apresenta limitações quando aplicado a produtos de alto FPS (DIFFEY et al., 2000).




Conclusões

A metodologia espectrofotométrica desenvolvida é simples, rápida, emprega reagentes de baixo custo e pode ser usada na determinação in vitro de FPS em formulações cosméticas. Existem diversas vantagens em utilizar as metodologias in vitro na triagem durante o desenvolvimento de formulações cosméticas e estas podem apresentar correlação adequada com os resultados dos métodos in vivo. Por não ser oficial, a metodologia desenvolvida por Mansur é mais indicada para avaliação prévia do produto, durante o processo de desenvolvimento da formulação, antes de encaminhá-lo para análise in vivo.

Agradecimentos

À FAPEMA, pelo suporte financeiro ao Projeto REDEBIO; à UEMA pela bolsa de Iniciação Científica de Ítalo R. S. Vieira.

Referências

ALVES, L. M.; AEGERTER, M. A.; HATA, K. Determinação in vitro do fator de proteção solar (FPS) de modeladores solares. An. Bras. Dermatol, v. 66, n° 6, 313–319, 1991.

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC- nº 237, 22 de agosto de 2002. Regulamento técnico sobre protetores solares em cosméticos, 2002.

DIFFEY, B.L.; TANNER, P.R.; MATTS, P.J.; NASH, J.F. In vitro assessment of the broad-spectrum ultraviolet protection of sunscreen products. J. Am. Acad. Dermatol. v. 43, n° 6, 1024-1035, 2000.

DUTRA, E.A.; COSTA e OLIVEIRA; D.A.G. da; KEDOR-HACKMANN, E.R.M.; SANTORO, M.I.R.M. Determination of sun protection fator (SPF) of sunscreens by ultraviolet spectrophotometry. Rev. Bras. Cienc. Farmac., v. 40, n° 3, 2004.

GASPARRO, F. P.; MITCHNICK, M.; NASH, J. F. A review of sunscreen safety and efficacy. J. Photochem. Photobiol, v. 68, n°3, 243-256, 1998.

JAHAN, M.S. Sunscreens, development, evaluation and regulatory aspects. Cosmetic Science and Technology Series, v.15, 109-112, 1990.

MANSUR, J. S. et al. Determinação do fator de proteção solar por espectrofotometria. An. Bras. Dermatol, v. 61, n° 4, 121–124, 1986.

MURPHY, G. M. An update on photoprotection. Photodermatol. Photo., v. 18, 1-4, 2002.

SAYRE, R. M.; AGIN, P. P.; LE VEE G. J.; MARLOWE, E. Comparison of in vivo and in vitro testing of sunscreening formulas, J. Photochem. Photobiol, n° 29, 559 – 566, 2008.

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