OBTENÇÃO E AVALIAÇÃO PRELIMINAR DE EMULSÕES COSMÉTICAS ANIÔNICAS DO ÓLEO DE BABAÇU (Orbignya Phalerata Mart.).

ISBN 978-85-85905-10-1

Área

Iniciação Científica

Autores

Menezes, L.C. (UEMA) ; Vale, R.C. (UEMA) ; Nunes, L.C.C. (UFPI) ; Carmo, L.H.A. (UFMA) ; Câmara, A.L. (UFMA) ; Costa, M.C.P. (UEMA) ; Cardoso, W.S. (UEMA)

Resumo

Emulsão é um sistema heterogêneo, que consiste em um líquido imiscível, completamente difuso em outro na forma de gotículas. Foi desenvolvido neste trabalho, sistema do tipo O/A, contendo tensoativo iônico e o óleo de babaçu. Os resultados evidenciaram que as pré-formulações B, C, D, E, F e G apresentaram estabilidade físico-química no período analisado de 105 dias, referente ao teste de centrifugação e as análises de pH, macroscópica e microscópicas. Já a pré-formulação A, alusivo ao valor de pH, mostrou-se um aumento gradativo, comprovando interação química do emulsificante com o óleo. Conclui-se que a utilização das diferentes formas de extração não influi na instabilidade dos sistemas emulsionados B, C, D, E, F e G, respaldando a utilização desses óleos para emulsões cosméticas.

Palavras chaves

Óleo de babaçu; Emulsões cosméticas; Tensoativo aniônico

Introdução

Emulsão é um sistema heterogêneo, que consiste em um líquido imiscível, completamente difuso em outro (LIMA, et al., 2008). Este sistema é termodinamicamente instável, porém a estabilidade pode ser aumentada pela adição de um terceiro componente, tensoativo ou agente emulsificante (ARAÚJO, 1999). Os emulsificantes têm como função reduzir a tensão interfacial e atuar como barreira contra a coalescência das gotículas, ou seja, atuam como agente estabilizante para a emulsão (PINHO e STORPIRTIS, 1998). Um sistema emulsionado constitui-se de duas fases: fase aquosa (conservantes, umectante, sequestrante e água destilada qsp) e fase oleosa (conservantes, emulsificante, antioxidante e óleo – matéria prima) (LACHMAN, 2001). O óleo de babaçu foi utilizado neste trabalho, por possuir em sua composição ácidos graxos considerados importantes para a área de cosmetologia, tais como o ácido mirístico, palmítico e oleico, que lhe confere características emolientes e hidratantes, que pode ser usado em várias formulações para o cuidado da pele e cabelo (SARTORI, et al., 2010). Contudo é primordial o estudo dessa matéria-prima, pois o Brasil é um país que tem grandes potencialidades de desenvolver de forma sustentável a fabricação de cosmético, além de gerar renda para as famílias que sobrevivem da venda do coco-babaçu e seus derivados (PEREIRA, 2008). Este trabalho teve a finalidade de desenvolver pré-formulações de caráter aniônicas do tipo O/A para emulsões com diferentes formas de extração de óleo de babaçu tais como: extração por solvente (ES), extração artesanal (EA) e misturas dos óleos (MO), e avaliar os parâmetros de estabilidade como: separação de fases, pH, analise macroscópicas e avaliação de homogeneidade dos glóbulos por microscopia das pré-formulações.

Material e métodos

As amostras de óleos utilizada no trabalho foram obtidas a partir de pesquisas desenvolvidas no Laboratório de Macromoléculas e Produtos Naturais da Universidade Estadual do Maranhão - UEMA. Estas amostras foram devidamente caracterizadas físico-quimicamente e utilizadas como matéria-prima nas pré-formulações O/A de caráter aniônica. O preparo das pré-formulações aniônicas foi realizado pelo método de inversão de fases, que inicia-se com o aquecimento das fases oleosa e aquosa, separadamente, logo após, a fase oleosa é vertida na fase aquosa, sob agitação com o agitador mecânico numa velocidade de 1500 rpm, até resfriamento a temperatura ambiente (SAMPAIO, 1999). Nos testes preliminares foram utilizadas as respectivas metodologias como na centrifugação foi realizada numa centrífuga de bancada, durante 30 minutos a 1500 rpm, seguidos de 10 minutos a 3000 rpm. As medidas de pH foram realizadas com o uso de um pHmêtro digital e foram acompanhadas quinzenalmente por exatamente 3 meses de preparo. A análise macroscópica foi realizada após 48 horas durante um período de 105 dias, a fim de detectar possíveis alterações no aspecto físico. Após 2 meses as análises microscópicas procederam por meio de um microscópio binocular fotônico, que focalizou os glóbulos da emulsão para foto-micrografias.

Resultado e discussão

O teste de centrifugação é de caráter eliminatório, o qual foi realizado nas pré- formulações após 24 h do preparo, de modo que a separação de fases não ocorreu em nenhuma delas, comprovando a homogeneidade dos sistemas emulsionados (Figura 1). Por meio da análise macroscópica observou-se que não houve qualquer alteração, quanto ao aspecto físico das pré-formulações como: separação das fases, sedimentação, mudança de cor e formação de grumo, conforme mostra a Figura 2. Foram constatados que os valores de pH nas pré-formulações cremosas mantiveram-se na faixa de 4,6 a 5,8, e nas formulações fluidas, numa faixa de 4,5 a 4,8; o qual se encontra adequado ao uso dermatológico (ANVISA, 2008). Na avaliação da homogeneidade dos glóbulos por microscopia foi possível observar as fases interna e externa, e verificou-se também que não houve nenhuma alteração nas pré-formulações B, C, D, E, F e G. Porém, na pré-formulação A, observou-se através da foto-micrografia, uma possível instabilidade do sistema, devido ao processo de floculação– onde as gotículas tendem a se unir formando aglomerados maiores. A partir do teste de centrifugação foram selecionados as pré-formulações e as análises realizadas mostraram que as pré-formulações mantiveram-se no padrão de estabilidade. Sendo que as pré-formulações fluidas E, F e G apresentaram comportamento mais estável, em relação as pré-formulações A, B, C e D, nas diferentes formas de extração.

Figura 1 – Resultados do teste de centrifugação das pré-formulações A,

Figura 1 – Resultados do teste de centrifugação das pré-formulações A, B, C, D, E, F e G.

Figura 2 – Imagem das pré-formulações A, B, C, D, E, F e G aniônica A/

Figura 2 – Imagem das pré-formulações A, B, C, D, E, F e G aniônica A/O.

Conclusões

De acordo com os dados apresentados neste trabalho as pré-formulações B, C, D, E, F e G mantiveram-se estáveis nas análises como: centrifugação (não apresentaram separação de fases); análise de pH (mostraram-se apropriadas para o uso dermatológico); análise macroscópica (não houve nenhuma alteração no aspecto físico) e análise microscópica (evidenciada a estabilidade dos glóbulos constituintes da fase interna e externa dos sistemas). Porém, na pré-formulação A, observou-se através da análise microscópica e análise de pH, a possível instabilidade do sistema, devido ao processo de floculação.

Agradecimentos

Agradecimentos a FAPEMA e a RedeBio por financiarem o projeto, as Instituições de Ensino Superior UEMA, UFMA e UFPI e aos meus amigos e familiares.

Referências

LIMA, C. G.; VILELA, A. F. G.; SILVA, A. A. S.; PIANNOVSKI, A. R.; SILVA, K. K.; CARVALHO, V. F. M.; MUSIS, C. R.; MACHADO, S. R. P.; FERRARI, M. Desenvolvimento e avaliação da estabilidade física de emulsões O/A contendo óleo de babaçu (Orbignya oleifera). Revista Brasileira de Farmácia, Rio de Janeiro, 89, 239-245, 2008.

ARAÚJO, J. M. A. Química de alimentos: teoria e prática. Editora UFV, Viçosa: 1999.

PINHO, J. J. R. G.; STORPIRTIS S. Formação e estabilidade física das emulsões. Cosmet. Toiletries, São Paulo, 10, 44-46, 50-54, 1998.

ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Guia de estabilidade de produtos cosméticos. Brasília: ANVISA, 2008.

LACHMAN, L.; LIBERMAN, H. A.; KANING, J. L. Teoria e prática na indústria farmacêutica. Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa: 2001.

SARTORI, L. R., LOPES N. P., GUARATINI, T. A química no cuidado da pele. Sociedade Brasileira de Química (Coleção Química no cotidiano), São Paulo, 5, 41-56, 2010.

SAMPAIO, A. C. Curso avançado de cremes e loções cremosas. Consulcom, São Paulo: 1999.

PEREIRA, N. P. Estudo fitoquímico do óleo da semente de [camomilla recutita (l.) rauschert] camomila, com avaliação de propriedades físico-químicas, biológicas e funcionais em emulsões. Tese de doutorado em Ciências Farmacêuticas – UFPR, 2008.

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