DESENVOLVIMENTO DE MÉTODO ANALÍTICO BASEADO EM ANÁLISE POR INJEÇÃO EM BATELADA COM DETECÇÃO AMPEROMÉTRICA PARA A DETERMINAÇÃO DE PARACETAMOL EM FORMULAÇÕES FARMACÊUTICAS

ISBN 978-85-85905-10-1

Área

Iniciação Científica

Autores

Santos, R.B. (UFGD) ; Alencar, L.M. (UFGD) ; Silva, R.A.B. (UFGD)

Resumo

Neste trabalho foi desenvolvido um novo método analítico para o doseamento de paracetamol em medicamentos contendo paracetamol individualmente ou na presença de ácido acetil salicílico e cafeína. Este protocolo utiliza a técnica de Análise por Injeção em Batelada (BIA) com detecção amperométrica e eletrodo de diamante dopado com boro (DDB) pré-tratado catodicamente. O método proposto apresentou uma faixa linear de 0,3 a 20 mg/L, baixo limite de detecção (0,0107 mg/L), alta frequência analítica (200 injeções por hora), elevada precisão (DPR =0,9701). Os resultados obtidos foram comparados com um método recomendado pela farmacopeia brasileira (UV-VIS). As dosagens de PA obtidas por ambos os métodos foram semelhantes e abaixo dos valores rotulados para a maioria dos medicamentos.

Palavras chaves

Paracetamol; Análise por injeção em ba; Amperometria

Introdução

O paracetamol, acetaminofeno ou N-(4-hidroxifenil)etanamida (IUPAC) é um fármaco com propriedades analgésicas e antipiréticas (antitérmicas) (HODGMAN, M.J, et al, p.28), bastante utilizado em formulações farmacêuticas com capacidade de combater a dor e a febre. Nas drogarias, os medicamentos contendo paracetamol podem ser encontrados na forma de comprimidos, soluções orais, injetáveis. Devido à elevada presença deste fármaco no mercado farmacêutico e ao risco em potencial oferecido devido ao consumo de medicamentos de dosagem duvidosa, o controle de qualidade dos medicamentos contendo paracetamol é extremamente importante. De acordo com a farmacopéia brasileira, é recomendado que a análise em um medicamento contendo mais de um princípio ativo deve ser realizada através de métodos analíticos baseados na cromatografia líquida de alta eficiência com detecção óptica na região do ultravioleta (UV) (FARMACOPÉIA, 2010). No entanto, devido ao elevado custo destes equipamentos e dos solventes de alta pureza (grau espectroscópico), as análises quantitativas ficam limitadas em muitos laboratórios brasileiros (SANTOS, W.T.P, p.126, 2009). Neste sentido, a utilização de métodos eletroanalíticos é bastante vantajoso, devido ao custo reduzido da instrumentação utilizada quando comparados aos métodos cromatográficos. A Análise por injeção em batelada (BIA) é um sistema eletroquímico nesta técnica, a solução de análise é injetada diretamente sobre a superfície do eletrodo de trabalho localizado numa célula eletroquímica contendo um grande volume de eletrólito suporte e inerte (célula BIA). O objetivo deste trabalho é desenvolver uma metodologia para a determinação seletiva de paracetamol em formulações farmacêuticas empregando um sistema simples, rápido e de baixo custo.

Material e métodos

A solução de ácido sulfúrico 0,1 mol/L (eletrólito suporte) foi preparada pela diluição do ácido concentrado (98 %). As soluções de paracetamol (PA), ácido acetilsalicílico (AAS) ou cafeína (CA) foram preparadas pela dissolução de quantidade adequada dos respectivos reagentes no eletrólito suporte (ácido sulfúrico 0,1 mol/L). Todas as soluções foram preparadas previamente ao uso. As medidas eletroquímicas foram realizadas empregando-se um mini potenciostato portátil (Emstat, Palmsens®) interfaceado a um netbook contendo o software PSLite 1.8. Um mini eletrodo de Ag/AgCl/KClsat. construído em laboratório, um fio de platina e uma placa de diamante dopado com boro (DDB) foram usados como eletrodo de referência , auxiliar e de trabalho, respectivamente. O eletrodo de DDB foi submetido um pré-tratamento catódico, aplicando -0,1 A por 300 segundos em meio de solução de ácido sulfúrico 0,5 mol/L. Para o desenvolvimento da metodologia proposta (BIA-AMP), foram realizadas as otimizações do sistema (potencial aplicado no eletrodo de DDB, velocidade, volumes de injeção e agitação da célula BIA). Cinco medicamentos contendo paracetamol (PA) foram adquiridos em drogarias locais, sendo quatro na forma de comprimido (contendo PA individualmente ou na presença de AAS e/ou CA) e um na forma de solução oral. Para o preparo de cada amostra, dez comprimidos foram macerados. Para a metodologia proposta, as massas adequadas de cada comprimido e o volume de cada solução foram então dissolvidas em um volume adequado de ácido sulfúrico 0,1 mol/L e posteriormente injetadas na célula BIA. Já para a metodologia recomendada pela farmacopeia (UV-VIS), as amostras maceradas foram 20 comprimidos. Mediu-se as absorbâncias das soluções resultantes em 257 nm.

Resultado e discussão

As primeiras etapas no desenvolvimento da metodologia foi realizar as otimizações do sistema BIA-AMP, para a obtenção das melhores respostas. As variáveis otimizadas foram o potencial aplicado no eletrodo de DDB, o volume injetado e a velocidade de injeção do analito na célula BIA, e a agitação do eletrólito suporte. De acordo com os resultados (não apresentados), o paracetamol é oxidado na superfície do eletrodo de DDB em potenciais superiores a + 0,7 V, atingindo um máximo de corrente em um potencial de +1,0 V ou acima. No entanto, foi escolhido um potencial de +1,0 V, devido à interferência de AAS e CA em potenciais superiores a +1,1 V e +1,3 V, respectivamente. Estas condições foram escolhidas com base na intensidade do pico, largura do pico e precisão. Nestas condições foi realizado um estudo de repetibilidade para vinte injeções sucessivas de solução de dipirona 50 μmol/L. A partir deste estudo, foi obtido um baixo desvio padrão das correntes de pico (DPR =0,9701) e uma excelente frequência analítica (87 injeções por hora). Empregando as condições otimizadas (E = +1,0 V, Volume injetado = 100 μL, velocidade de injeção = 200 μL/s), soluções de PA em diferentes concentrações de PA (de 0,3 a 20 mg/L) foram injetadas no sistema BIA-AMP, bem como as cinco amostras (A1 até A5) diluídas no eletrólito suporte. O amperograma obtido é apresentado na Figura 1. A partir dos resultados da Figura 1 algumas figuras de mérito foram estimadas, correlação linear R = 0,9999, a sensibilidade foi de 2,0159μA mol-1L, e os limites de detecção e quantificação obtidos foram de 0,0107 mg/L e 0,0358 mg/L. As dosagens de PA as dosagens de PA nas cinco amostras foram calculadas. Estes resultados são apresentados na Tabela 1.

Figura 1.

Amperograma obtido para injeções em triplicata de soluções de paracetamol 0,3 a 20 mg/L sistema BIA (A) e respectiva curva de calibração obtida (B).

Tabela 1.

Dosagens rotuladas em cinco amostras contendo paracetamol e dosagens obtidas pelo método proposto (BIA-AMP) e pelo método da farmacopeia (UV-VIS).

Conclusões

Foi demonstrado neste trabalho que o método proposto (BIA-AMP) foi adequado para a determinação de PA em formulações farmacêuticas que contenham PA e também outros princípios ativos (AAS e CA). O sistema apresentou sensibilidade e precisão adequada, bem como elevada frequência analítica. Além disto, o sistema BIA é portátil, robusto e bastante estável. Os resultados obtidos pelo método proposto foram similares aos obtidos pela farmacopeia brasileira (UV-VIS) para a maioria das amostras. Entretanto, para ambos os métodos os valores obtidos ficaram abaixo dos valores rotulados.

Agradecimentos

Ao CNPq, a Fundect e ao Professor Dr. Rodrigo Amorim Bezerra da Silva, por toda orientação e incentivo.

Referências

FARMACOPÉIA BRASILEIRA, ANVISA, Brasília 2010.

HODGMAN, M. J., GARRARD, A. R., Critical Care Clinics, 28, 499.

SANTOS, W.T.P., Instituto de Química, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia 2009, p. 126.

WANG, J., TAHA, Z., Analytical Chemistry 1991, 63, 1053-1056.

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