Comportamento Viscosimétrico e Rendimento do Óleo de Andiroba (Carapa guianensis Aublet.) Provenientes da Amazônia Setentrional

ISBN 978-85-85905-10-1

Área

Iniciação Científica

Autores

Nascimento Filho, W.B. (IC/UFRR) ; Pompeu de Sousa, R.C. (EMBRAPA-RR) ; Souza, O.S. (PPGQ/UFRR) ; Silva, H.E.B. (DQ/UFRR) ; de Melo Filho, A.A. (DQ/UFRR)

Resumo

A andiroba é uma arvore edemática da região amazônica, que produz um óleo que é extraído de suas sementes. O óleo apresenta grande potencial, em decorrência deste fator é utilizado pelas indústrias de cosméticos e farmacêuticas, o que possibilita a exploração não-madeireira desta arvore. O objetivo deste trabalho foi determinar o comportamento viscosimétrico e o rendimento do óleo de andiroba provenientes da Amazônia setentrional. A viscosidade do óleo em função do aumento de temperatura apresentou um comportamento exponencial caracterizando-o em um fluido newtoniano. O rendimento do óleo variou de 58,00 a 61,29% estando este teor contido na literatura vigente.

Palavras chaves

Região amazônica; Propriedades Fitoterápica; Viscosidade

Introdução

Com predominância na região amazônica a andiroba (Carapa guianensis Aublet.), destaca se por ser uma árvore de grande porte podendo alcançar 30 metros de altura. Sua madeira serve como matéria prima para fabricação de moveis, peças decorativas e na construção naval o que aumenta sua procura no mercado interno e externo (GONZAGA, 2006). Segundo Tonini e colaboradores (2012) o óleo de andiroba que é extraído de suas sementes é utilizado na indústria de cosméticos e na medicina popular e apresenta propriedades cicatrizantes, anti-inflamatória e inseticida, classificando-a como uma espécie florestal não-madeireira. O ministério da Saúde do Brasil reconhece suas propriedades fitoterápicas, possuindo propriedades medicinais contra os sintomas de gripe, infecção na garganta e inchaço (TONINI; KAMINSKI, 2009). Seu óleo é constituído basicamente pelos ácidos graxos mirístico, palmítico, esteárico, oléico (Ѡ-9), linoleico (Ѡ-6) e linolênico (Ѡ-3), fundamentais na dieta humana (CARVALHO, 2004).Segundo Farias 2013, o interesse mundial pelos produtos florestais não-madeireiros representa um grande potencial para o uso múltiplo da floresta, evidenciado pelo crescente interesse por produtos naturais somado à preocupação com a conservação dos ecossistemas florestais.Atualmente tem se verificado um amento acentuado na demanda do mercado pela procura por óleos vegetais das mais diversas fontes naturais, sendo a viscosidade parâmetro fundamental para a caracterização e avaliação de sua textura (Brock et al, 2008).Diante do exposto o objetivo deste trabalho é avaliar o comportamento viscosimétrico e rendimento do óleo extraído das sementes de andiroba provenientes da Amazônia Setentrional.

Material e métodos

As amostras de sementes de andiroba (Carapa guianensis Aublet) foram coletadas nos meses de fevereiro e abril de 2014, período seco, em parceria com a Embrapa- RR no campo avançado no município do Cantá (Vila Confiança) onde a Embrapa possui um campo experimental. Após a coleta, no laboratório de resíduos da EMBRAPA-RR, as amostras foram postas a secagem em estufa com circulação de ar a uma temperatura de 60±5 °C por um período de 30 dias. Após a secagem as mesmas foram trituradas em processador, marca ARNO, e passaram por um processo de tamisação onde se obteve uma granulometria de 20 mesh. Para a obtenção do óleo utilizou-se um extrator Soxhlet com cartuchos forrados com algodão hidrófilo. Utilizou-se como solvente o hexano, o qual foi aquecido até atingir a sua temperatura de ebulição e de condensação, de tal forma que a amostra pudesse ficar em contato direto com o solvente por aproximadamente 3 horas, conforme (VIEIRA, 2006). Após este período a mistura contendo óleo e hexano foi filtrada em sulfato de sódio anidro, em seguida passou por um processo de separação por evaporação, em um evaporador rotativo a vácuo, onde o solvente utilizado para a extração foi recuperado e posteriormente reutilizado. Finalmente o óleo foi pesado para o cálculo do rendimento. Para a obtenção do tempo de escoamento do óleo de andiroba utilizou-se um viscosímetro AVS 350 com banho termostatizado SL 152/18 e capilar de n° 400.

Resultado e discussão

Segundo Ferreira et al., (2005) para Newton a viscosidade de um fluido é definido por uma relação linear, que está relacionada com a tensão de cisalhamento (força de cisalhamento x área) sendo o gradiente local de velocidade, apresentando assim uma constante de proporcionalidade, sendo esta a viscosidade do fluido. Assim todos os fluidos que seguem este comportamento são denominados fluidos newtonianos. Por meio do gráfico apresentado na figura 1, pode-se observar que com o aumento da temperatura os valores de viscosidade para o óleo de andiroba diminuem. Estudos realizados por Brock et al., (2008) em relação a viscosidade com aumento de temperatura de óleos vegetais comerciais, demonstraram que com o aumento da temperatura, os óleos se tornavam menos viscosos, apresentando portanto uma comportamento newtoniano. A extração por soxhlet ou química se dá através da utilização de um solvente que age solubilizando o óleo que está contido nas amostras. Segundo Oetterer; Regitano-D’arce; Spoto (2006), com a utilização do solvente há um completo desengorduramento do material, produzindo um resíduo que contem menos de 1% de óleo, independente do teor inicial do material a ser utilizado para extração. A tabela 1 destaca o rendimento do óleo de andiroba e suas repetições. O teor de óleo obtido neste trabalho se encontra em uma faixa de 58,00 a 61,29%, enquanto Pereira (1998) determinou um teor de 44,00% e Farias (2013) 67,03% utilizando o mesmo método e solvente para extração.

Figura 1. Viscosidade Cinemática do óleo de andiroba



Tabela 1. Rendimento do óleo de andiroba.



Conclusões

A análise da viscosidade permite definir o comportamento de fluidos, o óleo de andiroba que em função do aumento de temperatura, apresenta um comportamento newtoniano. O rendimento do óleo obtido neste trabalho apresenta-se dentro dos resultados contidos na literatura vigente. Este estudo colabora para a caracterização do óleo de andiroba, agregando grande potencial e interesse econômico, científico e tecnológico.

Agradecimentos

CNPq, UFRR e Embrapa

Referências

BROCK, J.; NOGUEIRA, M.R.; ZAKRZEVSKI, C.; CORAZZA, F.C.; CORAZZA, M.C.; OLIVEIRA, J.V. Determinação experimental da viscosidade e condutividade térmica de óleos vegetais. Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas, n°3, 564-570, 2008.

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GONZAGA, A.L. Madeira: uso e conservação. Brasília – DF. IPHAN/ MONUMENTA, p. 246, 2006.

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TONINI, H. KAMINSKI, P.E. Processo Tradicional da Extração e Usos do Óleo da Andiroba em Roraima. Documentos 14. Embrapa Roraima: Boa Vista, Brasil, p. 23, 2009.

TONINI, H.; RUTINÉIA, M.; PEREIRA, N. Fenologia da andiroba (Carapa guianensis, Aublet. meliaceae) no sul do Estado de Roraima. Ciência Florestal, Santa Maria, n° 1, 47-58,2012.

VIEIRA, M. A. R. caracterização dos ácidos graxos das sementes e compostos voláteis dos frutos de espécies do gênero passiflora. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Ciências Agronomicas. Botucatu, SP, 2006.

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