Determinação de compostos voláteis pela técnica de SPME-GC/MS em amostras comerciais de chá verde (Camellia sinensis)

ISBN 978-85-85905-10-1

Área

Iniciação Científica

Autores

Borba Vilela Borges, G. (CEFET-MG) ; Lagneau, J. (UNIVERSITÉ JOSEPH FOURIER) ; Castro de Menezes, J. (CEFET-MG) ; Rungue Alvim, R.P. (CEFET-MG) ; de Resende Machado, A.M. (CEFET-MG) ; Oliveira Gomes, F.C. (CEFET-MG)

Resumo

Os compostos voláteis presentes nos chás verdes são determinantes nas características sensoriais da bebida. As análises desses compostos são importantes, pois estes são responsáveis pelo sabor e aroma, propriedades determinantes da qualidade e do preço de mercado do produto. Nessa perspectiva, esses chás estão associados ao combate e prevenção de doenças e a hábitos alimentares saudáveis, devido suas propriedades antioxidantes. Com o intuito de caracterizar os compostos voláteis foram realizadas extrações através da técnica de Microextração em Fase Sólida (SPME) e os compostos foram identificados por Cromatografia Gasosa acoplada a Espectrometria de Massas (GC-MS). As análises indicaram mais de 300 compostos voláteis nas amostras testadas.

Palavras chaves

SPME; compostos voláteis; chá verde

Introdução

Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), os chás são definidos como produtos constituídos de partes vegetais, inteiras, fragmentadas ou moídas, obtidas por processos tecnológicos adequados a cada espécie, utilizados exclusivamente na preparação de bebidas alimentícias por infusão ou decocção em água potável, não podendo ter finalidades farmacoterapêuticas (Brasil, 2005). O chá obtido pela planta Camellia sinensis tem sido uma das bebidas mais populares no mundo por 4000 anos (Pripdeevech et al., 2011). Os chás de C. sinensis podem ser classificados de acordo com o beneficiamento de suas folhas em três tipos, no branco, verde e preto. No chá verde, as folhas devem estar murchas para, posteriormente, serem escaldadas e fervidas para garantir a preservação da cor. (Müller, 2010; Nichiyama et al., 2010). Estudos descrevem que o consumo de C. sinensis está associado ao baixo risco de diversos tipos de câncer, aumento da atividade insulínica, capacidade antimicrobiana, imunoestimulatória, anti-inflamatórias além de protege contra doenças cardiovasculares e cerebrais. (Fanaro, 2009). A qualidade sensorial do chá está relacionada com a presença dos compostos voláteis, que são formados nas etapas do processamento. O objetivo do trabalho consistiu em identificar por GC-MS, os compostos voláteis presentes em amostras de chás, com extração prévia por SPME.

Material e métodos

As 15 amostras de chá verde foram coletadas em mercados e feiras de Belo Horizonte, Minas Gerais. Em um vial de 20 mL foram introduzidos 2 g de amostra triturada, 3 g de NaCl, 5 mL de água destilada. Posteriormente, sob agitação, o vial foi aquecido durante 10 minutos a 70°C. Então a fibra de PDMS-DVB-CAR foi exposta no modo “headspace” no vial, durante 30 min a 70°C. Após a extração, a fibra foi transferida para o injetor do cromatógrafo e exposta novamente para a dessorção dos compostos, utilizando o modo de “splitless” durante 15 minutos. As amostras do chá foram analisadas em cromatógrafo a gás (Agilent Technologies 7890A GC System) e em espectrômetro de massas (Agilent 5975C inerte MSD Triple- Axis Detector). Uma série de alcanos (C8-C22) foi analisada, nas mesmas condições da amostra para determinação do índice de kovats. Na identificação dos compostos comparou-se os dados de massas com a biblioteca NIST 2005 e com os índices de kovats da literatura.

Resultado e discussão

A análise por CG-MS revelou uma grande complexidade da composição química das amostras de chá. A comparação dos perfis cromatográficos obtidos para bebida mostrou excelente compatibilidade entre elas. O cromatograma de uma mostra de chá está representada na Figura 1. Neste estudo, cerca de 300 compostos foram identificados, com destaque paras as funções polifenóis, terpenos, álcoois, ésteres, aldeídos, cetonas e alcanos. Os principais compostos encontrados nas amostras foram benzaldeído, óxido de linalol, linalol, eugenol, benzenometanol, 2,4-octadienal, 2-hexenal, nonanal, butin-3-ona-1-il-mentol e bétula. Vinte compostos foram identificados em todas as amostras. Observou-se que a maioria dos compostos se repetem em quase todas a amostras. Assim, os compostos específicos de cada amostra podem ser os responsáveis por fornecer um sabor característico para cada marca de chá, uma vez que as substâncias voláteis são as responsáveis pelo aroma e sabor da bebida. Os resultados encontrados neste trabalho,corroboram com os de alguns pesquisadores. Lin et al. (2012) identificou alguns compostos que também estão presentes em nosso trabalho, tais como 1-octen-3-ol, mirceno, limoneno, linalol, nonanal, óxido de linalol, naftaleno, safranal, dodecano, decanal, indole, cubene, ioneno, jasmone , tetradecano, cedreno, ionona, β-farneseno, β-ionona, nerolidol, cafeína e outros. Da mesma forma Lee et al. (2013) identificaram os compostos, também descritos nesse trabalho como 3-hexen-1-ol, terpineol, jasmone, ionona, hexanal, linalol, nonanal, geraniol e benzaldeído

Figura 1

Cromatograma de uma amostra de chá verde.

Conclusões

A análise indicou pequenas diferenças entre os compostos voláteis das amostras. A extração dos compostos por SPME e a identificação destes por GC-MS permitiu identificar mais de 300 substâncias voláteis diferentes em amostras de chá verde. O método empregado é rápido e eficaz na caracterização e identificação de componentes voláteis o que pode garantir um maior controle de qualidade das amostras comerciais de plantas.

Agradecimentos

À Fapemig, CNPq, CEFET-MG pelo apoio financeiro.

Referências

BRASIL. Regulamento Técnico para café, cevada, chá, erva-mate e produtos solúveis. Resolução de Diretoria Colegiada - RDC nº 277, de 22 de setembro de 2005 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

FANARO, G. B. Efeitos da radiação ionizante na formação de voláteis em chás da planta Camellia sinensis. IPEN. São Paulo. 2009.

LEE, J.; CHAMBERS, D. H.; CHAMBERS, E.; ADHIKARI, K.; YOON, T. Volatile Aroma Compounds in various brewed green teas. Molecules, v.18, n.8, p. 10024-10041, 2013.

LIN, J.;WANG, X.; GUO, Y.; XU, H.. Volatile profile analysis and quality prediction of Longjing tea (Camellia sinensis) by HS-SPME/GC-MS. J Zhejiang University – SCIENCE B, v. 12, n. 12, p. 972-980. 2012.

MÜLLER, E. P. Efeitos dos chás verde e branco extraídos de folhas de Camellia sinensis sobre a viabilidade e o conteúdo de melanina de células de melanona murino B12F10. UFPR, Cutritiba, 2010.


NISHIYAMA, M. F.; COSTA, M. A. F.; COSTAM A. M.; SOUZA, C. G. M.; BÔER, C. G.; BRACHT, C. K.; PERALTA, R. M. Chá verde brasileiro (Camellia sinensis var assamica): efeitos do tempo de infusão, acondicionamento da erva e forma de preparo sobre a eficiência de extração dos bioativos e sobre a estabilidade da bebida. Ciênc. Tecnol. Aliment., Vol. 30, No. 1, 191-196, 2010.

PRIPDEEVECH, P.; MACHAN, T. Fingerprint of volatile flavour constituents and antioxidant activities of teas from Thailand. Food Chamistry. Vol. 125, 797-802, 2011.

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