QUANTIFICAÇÃO DE FUNGOS E MICOTOXINAS EM DIFERENTES GENÓTIPOS DE MILHO TRANSGÊNICO

ISBN 978-85-85905-10-1

Área

Iniciação Científica

Autores

Primel, F. (UPF) ; A. Santin, J. (UPF)

Resumo

O presente trabalho objetivou avaliar a qualidade de grãos de milho geneticamente modificado determinando os teores de proteína, umidade e gordura, a incidência de fungos em meio BSA e micotoxinas por métodos diagnósticos de espectrometria de massas. As amostras de grãos de milho foram coletadas em durante utilização destes no preparo de produtos em forma de suplementos para alimentação animal. Os resultados das avaliações indicam que umidade elevada contribui para o aumento da incidência de fungos Penicillium e Aspergillus. As aflatoxinas ocorrem apenas uma das amostras. As micotoxinas mais detectadas são as fumonisinas e a zearelanona, metabolizadas principalmente pelos fungos do gênero Fusarium.

Palavras chaves

Milho; Fungos ; Micotoxinas

Introdução

O milho constitui parte essencial da base alimentar dos seres humanos e animais, pois apresenta características essencialmente energéticas. Um dos grandes obstáculos do produtor de milho são as pragas, doenças provocadas por fungos, micotoxinas e problemas climáticos, as ocorrências dessas doenças podem comprometer seriamente a produtividade e qualidade dos grãos. A maior aliada para a produção mais eficiente das plantas é a biotecnologia que tem permitido o desenvolvimento de diversas plantas resistentes a insetos e tolerantes a herbicidas, resultando em lavouras mais produtivas sem aumento da área plantada. (CIB, 2012). A colonização de grãos de milho por fungos fitopatogênicos causadores de podridão de espigas e de grãos ardidos, é a principal causa de deterioração do produto reduzindo seu teor de matéria seca e podendo ocorrer produção de micotoxinas. Os fungos que mais contribuem para esse quadro são as espécies dos gêneros Fusairum, Aspergillus e Penicillium, sendo que as de maior incidência na lavoura são as espécies de F. moniliforme, F. graminearum, F. proliferatum, Cephalosporium acremonium e no armazenamento A. flavus, A. parasiticus (Santin et al., 2004). As principais micotoxinas causadas por estes fungos são: Aflatoxina, Fumonisina, Desoxivalenol e Zearelanona. A ingestão destas toxinas pelos animais podem desenvolver vários sintomas de doenças, sendo que as mais nocivas são as AFLA – pela redução do desenvolvimento produtivo; DON - por causar náusea, vômito, diarreia, perda de peso e redução de fertilidade; FUMO - pode causar edema pulmonar e hidrotórax e ZEA com sinais de intoxicação crônica que se manifestam gradativamente nos órgãos primários e secundários do sistema genital. (Lorini, Miike e Scussel, 2002).

Material e métodos

Para análise de proteína foi medido 1 g de cada amostra e acondicionada em tubo de digestão. Foram acrescentados catalisador e ácido sulfúrico concentrado. Após, os tubos foram instalados no bloco digestor com aquecimento até 420°C por 1 hora. Depois de digeridas as amostras foram tiradas do bloco digestor e colocadas em sistema de destilação. O destilado foi recolhido em erlenmeyer contendo ácido bórico e indicador misto. O destilado recolhido foi titulado com ácido sulfúrico 0,2 N. Para análise de gordura foram medidas as massas dos copos de extração, após a massa de 2 g de cada amostra e acondicionadas dentro de um envelope de papel filtro e, em seguida colocados dentro de um cartucho de extração. Os cartuchos foram acoplados ao equipamento contendo hexano nos copo. Após terminar a extração, os copos foram levados a estufa por 20 minutos. Para determinação de umidade foram medidas 3,5 g de amostra em cadinhos de porcelana e levados para estufa de circulação de ar forçado com temperatura de 105°C por 4 horas. Para a determinação da incidência de fungos, os grãos foram desinfetados com etanol 70 % por 2 minutos; em seguida, com hipoclorito de sódio 2 % por 2 minutos, e, após enxaguados com água destilada. Os grãos foram dispostos em caixas de gerbox, contendo meio de cultura BSA (Batata, sacarose, ágar e sulfato de estreptomicina). Foram distribuídos 25 grãos constituído de oito repetições. Os gerbox foram mantidos em câmara climatizada em temperatura de 25 °C e fotoperíodo de 12 horas por 7 dias. As análises de micotoxinas foram terceirizadas ao Instituto Samitec de Santa Maria – RS. As metodologias aplicadas foram Cromatografia Líquida de Alta Eficiência e Cromatografia de Camada Delgada acopladas à Espectrometria de Massas (UHPLC-MS/MS LC-MS/MS).

Resultado e discussão

A discussão dos resultados obtidos aborda os parâmetros individualmente ou agrupados representados nas Tabelas 1, 2 e 3. A tabela 01 mostra os resultados obtidos nas análises físico-químicas, cada amostra teve variação de umidade, proteína e gordura. Santin et al.,(2004) diz que a colonização de grãos de milho por fungos fitopatogênicos causadores de podridão de espigas e de grãos ardidos, é a principal causa de deterioração do produto reduzindo seu teor de matéria seca. Algumas amostras perderam parte da matéria seca e por sua vez degradando sua gordura como a amostra 11. Na tabela 02 mostra os resultados obtidos para as análises de fungos, foram feitas através de porcentagem de incidência, observou-se maior incidência dos fungos Penicillium nas amostras com mais umidade. Também se observou forte incidência de Fusarium moniliforme e graminearum. O crescimento dos principais fungos tóxicos que produzem as micotoxinas capazes alterar vários sistemas animais aumenta rapidamente quando tem condições favoráveis de umidade e temperatura. As micotoxinas de maior ocorrência nos grãos em estudo são as fumonisinas B1 e B2, a zearalenona e a vomitoxina, conforme a Tabela 03, produzidas por espécies do gênero Fusarium identificadas como Moniliforme e Graminearum. As aflatoxinas B1 e B2 estão presentes na amostra número 11, pode ser associadas a elevada umidade dos grãos, tendo em vista que os fungos produtores desses metabólitos são do gênero Aspergillus, os quais predominam durante o armazenamento e ambientes com elevada umidade. Observa-se que apenas as amostras 08 e 10 da tabela 03 não apresentaram a ocorrência de micotoxinas, indicando que a presença desses metabólitos são bastante frequentes em nossos alimentos.

Tabela 01

Resultados das análises físico-químicas das amostras de grãos de milho em estudo.

Tabela 02

Porcentagem da incidência de fungos nas amostras de grãos de milho.

Tabela 03

Resultados da ocorrência de micotoxinas, nos grãos de milho em estudo.

Conclusões

Os genótipos de milho transgênico desse estudo apresentam a incidência de fungos e a ocorrência de micotoxinas semelhante a qualquer outra cultivar de milho. Desse modo a qualidade dos grãos depende do manejo correto da cultura que inicia pela a escolha e preparo do solo, da colheita e do armazenamento tendo como fator principal o controle umidade e da temperatura nos silos.

Agradecimentos

Referências

CONSELHO de INFORMAÇÕES SOBRE BIOTECNOLOGIA. Guia do milho, Tecnologia do campo à mesa. Set.2010. Disponível em: <http://www.cib.org.br/pdf/guia_do_milho_CIB.pdf>. Acesso em 10 Maio 2013.
CRUZ, C. D.; REGAZZI, A. J. Modelos biométricos aplicados ao melhoramento genético. Viçosa: UFV, 1994. 390 p.
LORINI, I; MIIKE, L. H.; SCUSSEL, V.M. Armazenagem de Grãos. Campinas: IBG, 2002.
SANTIN, J. A.; REIS, E. M.; MATSUMURA, A. T. S.; MORAES; M. G. Efeito do retardamento da colheita de milho na incidência de grãos ardidos e de fungos patogênicos, Revista Brasileira de Milho e Sorgo, Sete Lagoas, v.3, n.2, p.182-192, 2004.

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