CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DAS MISTURAS DE DIESEL, ETANOL E ÓLEO DE SOJA.

ISBN 978-85-85905-10-1

Área

Físico-Química

Autores

Moraes, S. (UFPA) ; Maciel, C.J. (UFPA)

Resumo

Neste trabalho foi realizada a misturas de amostras de diesel A, óleo de soja e etanol absoluto, nas proporções 5%, 10%, 15%, e 20% da mistura óleo de soja e 5% de etanol em diesel A e nas proporções 5%, 10%, 15% e 20% e da mistura óleo de soja e 10% de etanol em diesel A. O objetivo é avaliar possíveis variações em suas propriedades físico – químicas através das análises de massa específica á 20°C, viscosidade cinemática á 40°C e poder calorífico superior para por fim comparar os resultados obtidos com os estipulas pela ANP a um diesel B comercial.

Palavras chaves

Diesel; misturas; óleo de soja

Introdução

Como consequência das preocupações relacionadas aos problemas ambientais e a possível escassez de recursos petrolíferos, a sociedade cientifica tem buscado estudar a viabilidade de novas e renováveis fontes de energia, para uso como combustível, que possam diminuir a dependência do petróleo e contribuir para a minimização dos efeitos da poluição. A utilização de biodiesel, produzido a partir de óleos e gorduras vegetais, tem recebido muita atenção porque o biodiesel pode ser utilizado em motores diesel sem modificações importantes no motor (OZENER, 2012). O governo brasileiro incrementou o uso comercial de biocombustíveis na matriz energética prevendo a comercialização de misturas (Diesel/Biodiesel) com até 5% de biodiesel, chamado diesel B. Portanto o foco do trabalho avaliar o comportamento de misturas de diesel A, óleo de soja e etanol com proporções que variam de 5 a 20%. Todas as misturas preparadas serão caracterizadas com ênfase nas análises de Massa específica a 20°C, Viscosidade Cinemática a 40°C e Poder Calorífico Superior com a finalidade de investigar a influência das proporções nestas propriedades e por fim comparar os resultados obtidos com os de um diesel B comercial (diesel A adicionado de 5% de biodiesel).

Material e métodos

Foi utilizado o diesel B S10 cedido pelo Laboratório de Pesquisa e Análise de Combustíveis (LAPAC) da UFPA para realizar sua caracterização físico-química. Para a preparação das misturas utilizou-se o Óleo de Soja Comercial da Marca Sinhá, Álcool Etílico Absoluto (Nuclear P.A., pureza 99,5 %) e Diesel A fornecido gentilmente pela Transpetros. Os materiais utilizados foram: chapa magnética com agitação, pipeta graduada de 5 ou 10 mL, proveta de 50 mL, erlenmeyer de 120 mL com rolha, Becker de 100 mL, barra magnética e pera. As misturas foram preparadas da mesma forma, nas concentrações especificas para a amostra desejada, sob agitação constante, num sistema fechado e à temperatura ambiente durante um período de 30 min. A primeira etapa do trabalho constitui na preparação de quatro misturas nas proporções de 5, 10, 15 e 20% de óleo de soja em diesel A. A segunda etapa consistiu na preparação de duas misturas nas proporções de 5% e 10% de etanol em óleo de soja. A terceira etapa consistiu na preparação de oito misturas de diesel A, óleo de soja e etanol absoluto. Quatro nas proporções 5, 10, 15, e 20% da mistura óleo de soja e 5% de etanol em diesel A e quatro nas proporções 5, 10, 15 e 20% da mistura óleo de soja e 10% de etanol em diesel A. Para todas as misturas foram realizadas análises de Massa específica a 20°C, Viscosidade Cinemática a 40°C e Poder Calorífico Superior (PCS). Todas as etapas descritas foram realizadas no Laboratório de Pesquisa e Análise de Combustíveis (LAPAC) da UFPA. Por fim foi realizado um teste de volatilidade do etanol nas amostras de diesel A com 20% da mistura soja e etanol, tal com diferentes porcentagens de etanol (5% e 10%).

Resultado e discussão

Analisando os resultados das tabelas 1 e 2 é possível detectar que todas as misturas apresentaram-se límpidas e isentas de impurezas ou materiais em suspensão, estando de acordo com a norma estabelecida pela ANP. Foi possível observar que com a adição de maiores proporções da mistura óleo de soja e etanol a massa específica se elevou porem ainda esta em concordância com a norma (820 a 850 Kg/m3). O que mostra que se as misturas forem usadas como combustível não trará problemas ao motor quanto a tal propriedade. A viscosidade cinemática também se elevou com o acréscimo da mistura óleo de soja e etanol, estando mais próximo do valor máximo aceito pela ANP de 4,5 mm2/s, mas ainda dentro dos limites e mostrando que também não apresentaram problemas ao motor quanto a essa propriedade.O poder calorífico do óleo vegetal é menor que a do diesel mineral, portanto explica- se o fato de as misturas apresentarem um decréscimo conforme maiores concentrações da mistura óleo de soja e etanol foram adicionadas ao diesel. Tendo posse das mistura com Diesel A e 20% de (óleo de soja + 5% de etanol) e Diesel A e 20% de (óleo de soja e 10% de etanol), foram realizados testes para verificar a volatilização do etanol, averiguando um possível aumento da viscosidade foi possível observar que todas as amostras sofreram variação em sua viscosidade com o passar do tempo, isso é facilmente explicado, pois a fração leve das misturas e dos diesel volatizaram. Porem segundo o teste feito nenhuma variação foi tão drástico ao ponto de ultrapassar o valor máximo aceito de 4,5 mm2/s, ou seja, segunda a ANP todos estão adequados a comercialização se tratando da analise de viscosidade.

TABELA 1

Resultados das propriedades físico-químicas das misturas de Diesel A, óleo de soja e 5% de etanol

TABELA 2

Resultados das propriedades físico-químicas misturas das misturas de diesel A, óleo de soja e 10% de etanol

Conclusões

Este trabalho propôs estudar as propriedades das misturas de diesel A, óleo de soja e etanol com a finalidade de investigar as consequências dessas diferentes concentrações de óleo de soja e etanol e apesar das variações as misturas não apresentaram alterações nos seus valores de formas significativas, pois todos os parâmetros continuaram dentro dos limites estipulados pela ANP, desse modo, pouco afetam o estado, o desempenho e a eficiência do motor mostrando uma boa alternativa para posteriores estudos dessas misturas para comprovar seu uso como combustível comercial dentro dos padrões.

Agradecimentos

Referências

REFERÊNCIAS


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