DETERMINAÇÃO DE MINERAIS EM CALDOS DE CANA COMERCIALIZADOS EM FEIRAS LIVRES

ISBN 978-85-85905-10-1

Área

Química Analítica

Autores

Ferreira, R.D.S. (UFPA) ; Santos Filho, L.P. (UFPA) ; Moreira, R.F. (UFPA) ; Moraes Junior, E.F. (UFPA) ; Mendes, A.S. (UFPA)

Resumo

Caldo de cana ou garapa é o nome dado ao líquido extraído da cana-de-açúcar em seu processo de moagem. Foram coletadas 5 amostras em feiras livres nas cidades de Belém (PA) e Castanhal (PA). Após a coleta, as amostras foram levadas ao laboratório de ensino da Universidade Federal do Pará para o início das análises. O presente trabalho teve como objetivo determinar a concentração de alguns nutrientes presentes no caldo de cana. O cálcio (Ca) e magnésio (Mg) foram quantificados pelo método titulométrico e o ferro (Fe) e o fósforo (P) por colorimetria. Os teores obtidos foram: Ca (0,64 – 1,54 mg), Mg (72,00 - 216,00 mg), Fe (1,33 - 5,26 mg) e P (2,93 - 14,51 mg).

Palavras chaves

caldo de cana; minerais; feiras livres

Introdução

A cana-de-açúcar (Sacharum ssp) é uma gramínea cultivada nas regiões tropicais e subtropicais. Segundo OLIVEIRA (2009), durante o processo de moagem do colmo da cana-de-açúcar se obtém o caldo de cana in natura, conhecido como garapa, que é uma bebida energética e não alcoólica. Sua vida útil após extração é muito reduzida, a perda da qualidade do produto é principalmente devida à sua fermentação, que resulta em um produto ácido (MARQUES, 2009). A rica composição química do caldo de cana torna-o um meio propício ao crescimento e desenvolvimento de microrganismos, mesmo sob refrigeração apresenta sinais de alteração sensoriais visíveis. Segundo TACO (2011), o caldo de cana apresenta a composição mineral de alimentos em 100 g de parte comestível: cálcio (9 mg); magnésio (12 mg), ferro (0,8 mg) e fósforo (5 mg). O fósforo se apresenta no vegetal na forma de fosfato, sendo encontrado no solo formando compostos com magnésio, alumínio e ferro. O magnésio se apresenta na forma de íons Mg2+, ele é um componente essencial da molécula de clorofila, ativador de muitas enzimas envolvidas na respiração, fotossíntese etc. O cálcio se apresenta na forma de íons Ca2+ livres ou como íons eletrostaticamente ligados a substâncias (MOREIRA, 2012). O teor de fósforo no caldo depende da capacidade de suprimento de fósforo no solo, é importante no processo industrial, pela sua ação na clarificação do caldo (PEREIRA et al,1995). O ferro é um micronutriente requerido para a síntese de clorofila que se apresenta na forma reversivelmente oxidado (Fe2+/Fe3+) durante a transferência de elétrons (MOREIRA, 2012). O estudo dos nutrientes encontrados em bebidas energéticas não alcoólica é importante, pois são fontes saudáveis de nutrição.

Material e métodos

As amostras de caldo de cana foram denominadas de “A”, “B”, “C”, “D” (provenientes de Belém) e “E” (proveniente de Castanhal). As análises do caldo in natura (amostras “A”, “C”, “D” e “E) e a amostra B não in natura foram realizadas imediatamente após a coleta. As análises foram baseadas pelo método descrito por MALAVOLTA (1989), sendo realizadas em duplicata. As amostras foram preparadas para quantificar os minerais através do método de digestão por via seca (calcinação) sendo que as cinzas foram solubilizadas com ácido clorídrico e água destilada. O cálcio e magnésio foram quantificados por complexação pelo Na2-EDTA utilizando-se o indicador complexante calcon (C21H14N2O7S) para o cálcio e o eriocromo negro T(EBT) como indicador complexante para o magnésio. O fósforo total e o ferro foram determinados pelo método colorimétrico. Para o fósforo, foi usado o molibdato para a formação de um complexo solúvel pela adição de ácido ascórbico (agente redutor). Para a analise do ferro, utilizou-se a ortofenantrolina (Fen) que forma um complexo alaranjado-vermelho.

Resultado e discussão

Foram preparadas curvas padrão de ferro (R2 = 0,9995) mostrada na figura 1-A e para o fósforo (R2 = 0,9888), mostrada na figura 1-B para a determinação destes nutrientes no caldo de cana. Analisando os dados contidos na figura 2, todas as amostras apresentaram concentrações elevadas de ferro e de fósforo. As amostras A, B, C e E apresentaram concentrações elevadas de fósforo, já a amostra D ficou dentro da composição média em 100 g. A determinação titulométrica revelou que as amostras apresentaram concentrações de Ca abaixo do valor de referência, todavia os teores de Mg para as amostras B e D apresentaram elevadas concentrações, para as amostras A,C e E não foram detectadas. As elevadas concentrações dos nutrientes analisados podem está relacionada ao acúmulo de matéria orgânica no solo proveniente de canaviais devidamente adubados, contribuindo significativamente para elevados teores destes minerais e vice-versa. De acordo com a TACO (2011), o caldo de cana é um alimento que pode receber a denominação de fonte de vitaminas ou minerais se contiver um valor mínimo da ingestão diária recomendada do respectivo nutriente em 100 g. Ao serem estabelecidos estes limites, foi considerada a quantidade possível de ser ingerida dos alimentos. Os limites de quantificação são: Ca (0,04mg/100g), Mg (0,015mg/100g); Fe (0,001mg/100g) e P (0,001mg/100g). Para os cálculos das médias determinadas experimentalmente das amostras em estudo pode-se dizer que 95% provável que as concentrações dos minerais estudados estejam inseridas no intervalo de confiança apresentados na figura 1-B. Analisando os desvios padrões dos minerais apresentados na figura 1-B, pode-se concluir que o método tem satisfatória precisão, para as determinações dos minerais estudados.

Figura 1: A) Curva padrão de Ferro; B) Curva padrão de Fósforo.

Curva utilizada para determinação de Ferro e Fósforo.

Figura 2: Resultados dos parâmetros em 100g.

Nota: Média (M); Desvio padrão relativo (DPR); Intervalo de Confiança de 95% (IC) e Não detectado (ND).

Conclusões

Os teores médios obtidos foram: Ca (0,64 – 1,54 mg), Mg (72,00 - 216,00 mg), Fe (1,33 - 5,26 mg) e P (2,93 - 14,51 mg). Para os cálculos das médias determinadas experimentalmente das amostras em estudo pode-se dizer que em 95% delas as concentrações dos minerais estudados estejam inseridas no intervalo de confiança e os desvios padrões dos minerais tem satisfatória precisão, para as determinações dos minerais estudados com exceção da amostra D para analise de cálcio.

Agradecimentos

Ao laboratório de ensino da universidade federal do Pará (UFPA).

Referências

MALAVOLTA, Eurípedes; VITTI, Godofredo César; OLIVEIRA, Sebastião A. de. Avaliação do estado nutricional das plantas: princípios e aplicações. Piracicaba, SP: Associação Brasileira para Pesquisa da Potassa e do Fosfato, 1989. 201 p.

MARQUES, Gutto Monzelle Rios- Secagem de caldo de cana em leito de espuma e avaliação sensorial do produto – Itapetinga-Ba: Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia-UESB, 2009. 84p.

MENDES, Lester Carvalho -Eficiência Nutricional de Cultivares de Cana-de-açúcar-Universidade Federal de Viçosa(UFV)- Minas Gerais – Brasil-fol,46- 2006.

MOREIRA, Rosiane Fernandes- Análise Foliar de Algumas Plantas Frutíferas Cultivadas na Região Metropolitana de Belém - Universidade Federal do Pará (UFPA)-(Monografia)-pg.74, 2012.

OLIVEIRA, Kelly Cristine Dias de - Análise Microbiológica de Caldos de Cana Comercializados em Lanchonetes de Belo Horizonte - UFMG - BELO HORIZONTE, 2009.
PEREIRA, José Ribamar; FARIA, Clementino Marcos Batista de; MORGADO, Luiz Balbino - Efeito de Níveis e do Resíduo de Fosforo sobre a produtividade da cana-de-açucar em Vertisolo - Pesquisa Agropecuaria-Revista Brasileira, v.30,nº1,p.43-48,janeiro,1995.

TACO -Tabela brasileira de composição de alimentos / NEPA –UNICAMP.- 4. ed. rev. e ampl.- Campinas, 161 p.2011.

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