Determinação de Zinco e Manganês em ração para cães

ISBN 978-85-85905-10-1

Área

Química Analítica

Autores

Sousa, A. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ - UFPI) ; Costa, C.L. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ - UFPI) ; Mendes, M.K.A. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ - UFPI) ; Silva, D.S.N. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ - UFPI) ; Vieira, E.C. (UNIVRSIDADE FEDERAL DO PIAUI - UFPI)

Resumo

Esse trabalho é uma aplicação de conhecimentos analíticos na determinação quantitativa de manganês e zinco em rações caninas de uso comum e ditas de boa qualidade, utilizando a técnica espectroscópica com chama. O método desenvolvido para digestão das amostras foi eficiente, seguindo do método de adição e recuperação válido de acordo com os parâmetros de exatidão e precisão. Obteve-se resultado para o manganês e o zinco com valores mais próximos da quantidade recomendada nas rações standard e super prêmio, enquanto as rações econômicas, prêmio e especial configuram deficiência ambos os elementos. Sendo assim, o trabalho se mostra relevante diante da abordagem do assunto em vista a discordância entre os valores encontrados e os valores recomendados considerando a gravidade da discordância.

Palavras chaves

Espectrometria; Minerais; Ração canina

Introdução

A adoção de cães é uma prática cada dia mais comum que se justifica não só pelo desejo de proteção fiel e companhia dócil, mas se soma aos poucos ao relacionamento familiar, quando então passam a ter espaço garantido como integrantes da família. Essa relação exige maiores cuidados e estilos de vida comuns à família, se estendendo à alimentação (BORGES et al, 2003; PACHECO-FERREIRA, 2010). Os proprietários desses animais que almejam por uma alimentação completa e saudável para seus cães recorrem à variedade de alimentos processados pelas promessas que encontram nas embalagens (SAAD, 2010). Os fabricantes dos alimentos processados disseminaram uma classificação de rações: super prêmio, prêmio, standard (ou padrão), econômica (ou básica) e ainda algumas naturais e específicas para cães com enfermidades (ANTUNES et al, 2013), os quais variam muito na composição de nutrientes, disponibilidade, digestibilidade, palatabilidade, apresentação física e textura. A mineralização é muito importante na manutenção dos processos metabólicos normais dos cães, os que recebem rações balanceadas a deficiência é difícil, sendo mais comum a super mineralização, podendo conduzir a transtornos sérios (BORGES et al, 2004). Dessa forma, este trabalho visa a aplicação de conhecimentos analíticos na determinação de teores totais de manganês e zinco em rações caninas de uso comum e ditas de boa qualidade compará-los com a qualidade informada na embalagem, e ainda verificar a adequabilidade aos limites mínimos e máximos permitidos.

Material e métodos

Os equipamentos necessários para a realização do trabalho foram: - Espectrômetro de absorção atômica com chama (FAAS 240FS, Varian); - Forno de microondas com cavidade (Multiwave 3000, Anto Parr); - Liofilizador (L101, Liotop); - Sistema para destilação de ácido em sub-ebulição (Marconi, MA 075). Os materiais utilizados neste trabalho (béquer, almofariz, pistilo, pisseta, pipeta) foram descontaminados em banho de HNO3 10% (v v-1) por 24 h, e colocada água ultrapura (resistividade de 18,2 MΩcm) nestes. As soluções estoques foram preparadas a partir de padrões individuais de 1000 mg L-1 de Mn (Sigma Aldrich) e Zn (Sigma Aldrich). Foram utilizados ácido nítrico, HNO3, (Qhemis) e peróxido de hidrogênio, H2O2, (Sigma Aldrich) na digestão das amostras. As amostras de ração para cães foram adquiridas no comércio de Teresina – PI em embalagens de 1 Kg cada uma; as de classificação prêmio, standard e econômica foram encontradas com facilidade nos mercados mais frequentados, e as de classificação super prêmio e especiais foram encontradas em distribuidoras e lojas especializadas. As amostras de ração foram trituradas, submetidas a congelamento por 24 horas no liofilizador e colocadas para liofilizar por 24 horas. Para a dição e recuperação foram adicionadas alíquotas, em triplicata, de 250; 500 e 750 µL de solução estoque a 10 ppm (preparada a partir do padrão de 1000 ppm de Mn e Zn). Posteriormente, pesou-se 0,1 g de cada amostra e, em quadruplicata, juntamente com volumes de 2 mL de H2O2 (%) e 5 mL de HNO3 sub destilado (65%) e foram submetidas ao forno com radiação microondas. As amostras foram diluídas para 10 mL em água ultrapura para então, fazer a determinação dos teores totais de Mn e Zn através de um espectrômetro de absorção com chama.

Resultado e discussão

O método de digestão de amostras utilizado foi eficiente para a determinação dos minerais, considerando que o ácido nítrico é eficiente não só para decompor a parte orgânica das amostras mas também tem função de limpeza e manutenção do espectrofotômetro. Isso porque, a solução de ácido nítrico em altas temperaturas produz NO gasoso, que reage com O2 e é reabsorvido na solução produzindo NO3-, que em contato com a água recompõe parte do ácido nítrico, garantindo a acidez da solução e continuidade do processo digestivo (MENEZES, 2010). As faixas de trabalho apresentaram boas respostas lineares para ambos os elementos, com valores satisfatórios para os coeficientes de correlação linear. A exatidão do experimento foi determinada através do método de adição e recuperação de quantidades conhecidas de padrões de Mn e Zn, apresentando concordância entre os valores adicionados e recuperados no método da adição e recuperação, considerando o teste t-Student, a um nível de 95% de confiança. A porcentagem de recuperação de Mn e Zn no ponto 0,25 (de adição) apresentou valor fora da faixa esperada (63% e 155%). Já para os pontos 0,50 e 0,75 (de adição), os valores porcentuais de recuperação (93% e 109% para Mn e, 105% e 106% para Zn) ficaram dentro da faixa aceitável. Foram obtidos valores inferiores ao limite de detecção de manganês para as amostras das rações econômica, prêmio, super prêmio e especial, e valor adequado apenas para a ração standard. Quanto ao zinco, foram obtidos valores abaixo do limite de detecção para as amostras de ração prêmio e especial, valor inferior ao recomendado para a ração econômica, e as rações standard e super prêmio apresentaram quantidades adequadas para esse elemento.

Conclusões

O método desenvolvido para digestão das amostras foi eficiente, seguindo do método de adição e recuperação válido de acordo com os parâmetros de exatidão e precisão. Dos elementos analisados, obteve-se resultado para o manganês e o zinco com valores mais próximos da quantidade recomendada nas rações standard e super prêmio, enquanto as rações econômicas, prêmio e especial configuram deficiência de manganês e zinco. Sendo assim, o trabalho se mostra relevante diante da abordagem do assunto em vista a gravidade da discordância entre os valores encontrados e os valores recomendados.

Agradecimentos

Referências

ANTUNES, A. C. N.; OLIVEIRA, R. M.; RIBEIRO, A. S.; VIEIRA, M. A. Determinação de Na e K em ração animal aplicando diferentes métodos de preparo de amostra para determinação por F AES. In: Congresso de Iniciação Científica da Universidade Federal de Pelotas, 2013, Rio Grande do Sul.
BORGES, F. M. de O.; FERREIRA, W. M. Princípios nutritivos e exigências nutricionais de cães e gatos. Parte 2. Minas Gerais: Universidade Federal de Lavras, 2004.
BORGES, F. M. de O.; SALGARELLO, R. M.; GURIAN, T. M. Recentes avanços na nutrição de cães e gatos. 32p, 2003. Disponível em: <https://portal.ufpel.edu.br>. Acesso em: 16 jan. 2014.
MENEZES, E. de A. Determinação da disponibilidade de Ca, Cu, Fe, Mg e Zn em amostras de carnes bovinas, suínas e de frango In natura e processadas termicamente. 2010, 108p. Tese (Doutorado em Ciências) – Universidade Federal de São Carlos, São Paulo, 2010.
PACHECO-FERREIRA, A. Therapeutic Profit by Companion Animals Employment in Health Care of Older People. Revista Gerencia y Políticas de Salud [online], v. 11, n.22, p.58-66, 2010. ISSN 1657-7027.
SAAD, F. M. de O.B.; FRANÇA, J. Alimentação natural para cães de gatos. Revista Brasileira de Zootecnia, v.39, p.52-59, 2010. ISSN 1806-9290 Suplemento especial.

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