CARACTERIZAÇÃO IÔNICA DA ÁGUA SUBTERRÂNEA DE DOIS MUNICÍPIOS DA REGIÃO METROPOLITANA DE MANAUS

ISBN 978-85-85905-10-1

Área

Ambiental

Autores

Lages, A.S. (UFAM) ; Lima, J.S. (UNINORTE) ; Santana, G.P. (UFAM)

Resumo

Os íons mais abundantes, como Na+, K+, Ca2+, Mg2+, Cl-, HCO3- e SO4-2 são influenciados pela hidrólise, na interação água subterrânea e rocha. Esse estudo foi conduzido nas cidades de Itacoatiara e Manacapuru (AM) e foram realizadas quatro coletas ao longo do ano 2012/13. Os íons analisados foram determinados por cromatografia de íons. Foi notado que o ciclo hidrológico funciona de forma inversa em Itacoatiara e Manacapuru. Tal fato tem implicação na química das águas. Não há tanta influência da rocha, mas sim da chuva nessas águas. O potássio prevalece no período chuvoso, enquanto cálcio e sulfato predominam na época de menor precipitação. Os compostos nitrogenados estão com concentrações acima do permitido por lei e podem estar associados a uma série de doenças, inclusive o câncer.

Palavras chaves

Dinâmica de íons; Ciclo Hidrológico; Interação água-rocha

Introdução

Através do ciclo hidrológico, a água percola, infiltra e evapora desencadeando reações de suma importância para processos biológicos. A água subterrânea corresponde à parcela mais lenta desse ciclo e constitui a principal reserva de água, ocorrendo em volumes muito superiores aos disponíveis na superfície. Ela ocorre preenchendo espaços formados entre grânulos minerais e nas fissuras das rochas, que se denominam aquíferos. As águas subterrâneas representam a parcela da chuva que se infiltra no subsolo e migra continuamente em direção às nascentes, leitos de rios, lagos e oceanos. Os aquíferos, ao reterem as águas das chuvas, desempenham papel fundamental no controle das cheias. Nos aquíferos, as águas encontram proteção natural contra agentes poluidores e ou perdas por evaporação. Na Região Hidrográfica Amazônica, as pesquisas sobre águas subterrâneas são ainda incipien¬tes e concentradas nos aquíferos da Formação Alter do Chão. As águas dessa Formação são consideradas potáveis, todavia, como em quase todas as unidades aquíferas da região, as águas são pouco mineralizadas com sólidos totais dissolvidos entre 10 a 20 mg/L e pH variando de 4,5 a 5,5. Predominam os tipos sulfatada-cloretada potássica e cloretada-sódica. Esses dados refletem infiltração rápida e ambiente de circulação quimicamente pobre. A espessura média é de 160 m e (já subtraídos 30 m da zona não saturada e 20% das camadas argilosas da formação). Sabe-se que a variação anual do nível das águas subterrâneas local, é em torno de 3,5 m. Esse trabalho visa investigar a hidroquímica da água subterrânea de dois municípios da região metropolitana de Manaus, Itacoatiara e Manacapuru, e verificar a influência do regime hidrológico na dinâmica desses aquíferos (Tancredi, 1996; Aguiar et al., 2002).

Material e métodos

Foi realizada uma análise estatística em função da população visando determinar quantos pontos de coleta se teria nesse trabalho e em quais cidades da Região Metropolitana de Manaus. De sorte, que as amostragens foram maiores para os municípios mais populosos, e, por conseguinte, os mais representativos para a região: Itacoatiara e Manacapuru. A região metropolitana representa quase 70% da população do território amazonense. Foram escolhidos de maneira aleatória doze poços de coleta, todos registrados pelas prefeituras das duas cidades, seis poços em Itacoatiara (ITA 1, ITA 2, ITA 3, ITA 4, ITA 5 e ITA 6) e seis em Manacapuru (MAN 7, MAN 8, MAN 9, MAN 10, MAN 11 e MAN 12). As amostras foram preservadas com timol e os íons (Na+, K+, Ca2+, Mg2+, Cl-, HCO3-, NO2-, NO3-, e SO42-) foram analisados por cromatografia de troca iônica no laboratório de Geoquímica da Universidade Federal do Amazonas.

Resultado e discussão

As concentrações de sulfato se mostraram, além de marcadoras geológicas, também climáticas para o município de Manacapuru. Esse íon predomina no período chuvoso naquela região, provavelmente precipitando na forma de aerossóis (Honório, 2009). A concentração total de íons se caracteriza por ter comportamento antagônico nas quatro coletas realizadas. Isso é decorrente do período sazonal ser oposto nos dois municípios. Os íons mais abundantes são HCO3-, NO3-, K+ e Na+ com destaque para Ca2+ e SO42- em Manacapuru. Nota-se que a precipitação exerce influência direta na composição química das águas dos poços estudados (Gaillardet et al., 1997), com processos reacionais que favorecem a dissolução de muitos íons ao longo do ano.

Conclusões

O ciclo hidrológico funciona de forma inversa em Itacoatiara e Manacapuru. Tal fato tem implicação direta na química das águas. Parece não haver tanta influência da rocha, mas sim da chuva nessas águas. Há uma taxa de infiltração de aproximadamente três meses, o que é facilitado pela porosidade dos solos das duas cidades. O potássio tem preferência pelo período chuvoso, enquanto cálcio e sulfato tendem a prevalecer na época de menor precipitação. Os compostos nitrogenados estão com concentrações acima do permitido por lei e podem estar associados a uma série de doenças.

Agradecimentos

À Capes e à universidade Federal do Amazonas, pelo apoio à pesquisa.

Referências

Aguiar,C. C. Caracterização dos principais aquíferos da região sudoeste da Amazônia ocidental.XVII Congresso Brasileiro de água subterrânea, 2002.
Honório, B. Composição química e isotópica das águas de chuva na Amazônia brasileira. Dissertação de mestrado em Geociências (UFAM), 2007.
Gaillardet, J.; Dupré, B.; Allègre, C.J.; Négrel P. 1997, Chemical and physical denudation in the Amazon River Basin. Chemical Geology, 142: 141-173
Stallard, R. F; Edmond, J. M. The influence of Geology and Weathering Enviroment on the dissolved load. Journal of Geophisical Research, vol. 88: 9671-9688- 1983.
Tancredi, A. C. F. N. Recursos Hídricos subterrâneos de Santarém. Fundamentos para uso e proteção. Universidade Federal do Pará,1996.

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