GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS QUÍMICOS, RECICLÁVEIS E VIDRARIAS QUEBRADAS ORIUNDOS DOS LABORATÓRIOS DA UFBA/CAT/IMS.

ISBN 978-85-85905-10-1

Área

Ambiental

Autores

Batista-sobrinho, I.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA) ; Lima, A.P.A. (UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA) ; Abreu Junior, V.A. (UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA) ; Santana, R.O. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA) ; Medrado, H.H.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA)

Resumo

As substâncias usadas em laboratórios de universidades, embora relacionados à pesquisa ou ensino, podem tornar-se perigosas. Os acidentes devido ao descarte inadequado de resíduos ameaçam o meio ambiente e a saúde da população. Na Universidade Federal da Bahia, Campus Anísio Teixeira, Instituto Multidisciplinar em Saúde (UFBA/CAT/IMS), os resíduos são recolhidos e alocados conforme a Resolução 358/05 do CONAMA. Apesar do aumento dos resíduos gerados, os materiais antes descartados em lixo comum, ou até mesmo em pias, passaram a ter um destino correto. O objetivo deste trabalho foi implantação do gerenciamento dos resíduos químicos, recicláveis e descarte de vidrarias quebradas, visando diminuir a produção deles, além de propor um descarte correto em instituições de ensino e pesquisa.

Palavras chaves

Biossegurança; Meio Ambiente; Universidades

Introdução

Os resíduos apresentam-se como um dos principais problemas nas áreas urbanas, pois sua geração, descarte e disposição inadequados provocam impactos sócio- econômico-ambiental e de saúde pública (GONÇALVES et al., 2010). Na gestão dos resíduos, a sustentabilidade sócio-ambiental se constrói a partir da redução do lixo gerado, da reutilização de resíduos e da reciclagem dos materiais que possam servir de matéria-prima para a indústria. Essas ações diminuem o desperdício e geram renda (GALBIATI, 2001). As atividades de ensino e pesquisa que ocorrem nos laboratórios das universidades geram, mesmo que em pequena quantidade, resíduos perigosos à saúde humana e principalmente ao meio ambiente (NASCIMENTO & TENUTA-FILHO, 2010). O Instituto oferece os cursos de graduação em biologia, biotecnologia, enfermagem, farmácia, nutrição, psicologia e cursos de pós-graduação stricto sensu nas áreas de biociências e fisiologia. A maioria desses cursos possui aulas práticas e geram resíduos químicos, indicando a necessidade da segregação e descarte corretos. Dentre os resíduos estão metais pesados, os quais são considerados poluentes perigosos devido a seus efeitos tóxicos sobre a vida dos sistemas aquáticos e poder de bioacumulação (HATJE, 2012). Verifica-se que o uso de compostos orgânicos nocivos à saúde ambiental aumentou nas últimas décadas (CAI et al., 2008). Assim, objetivou-se com o presente estudo conscientizar a comunidade do IMS e operacionalizar a produção, coleta e descarte dos resíduos gerados nos laboratórios do Instituto. Vale ressaltar que este programa foi interdisciplinar, pois permeia todas as áreas existentes no Instituto, contando com a participação de docentes, discentes, técnicos, funcionários terceirizados, além de empresas que fazem a coleta dos resíduos.

Material e métodos

O projeto surgiu na UFBA/CAT/IMS em março de 2011. Todo o material recolhido passou a ser alocado em recipientes específicos de polietileno conforme preconiza a Resolução 358/05 do CONAMA (BRASIL, 2005), que determina grupos para os tipos de resíduos, classificando-os em: A, B, C, D e E. Em seguida, a empresa contratada passou a fazer a coleta e procedeu com o descarte final para cada tipo de resíduo (BRASIL, 2005). Tanto os perfurocortantes (grupo E) quanto os materiais de risco biológico (grupo A) são acomodados no mesmo depósito e a vidraria quebrada fica acomodada juntamente com os resíduos químicos (grupo B) noutro depósito. Resíduos grupo A e E são coletados semanalmente, enquanto que os do grupo B conforme demanda dos laboratórios da Unidade. O gerenciamento de resíduos sólidos ocorre por meio de 2 caixas identificadas em cada laboratório, uma para vidraria quebrada e outra perfuro-cortantes. Todo este material é identificado (1), recolhido (2), pesado (3), dados preenchimento de planilha de controle (4) e por fim, acomodados em depósitos (5). Os procedimentos das coletas dos resíduos químicos e biológicos se dão conforme a sua periculosidade. Cada laboratório gera variados tipos de resíduo, sendo estes, acomodados em recipientes específicos, etiquetados (substância, data, nº do laboratório e responsável). Quando se trata de resíduos biológicos, estes são inativados em autoclave (SERCON - HF, Brasil) e depois encaminhados para o depósito, já os químicos são encaminhados diretamente para posteriormente, todos serem coletados pela empresa contratada para fazer o descarte adequado final.

Resultado e discussão

De 2006 (início do instituto) até início de 2011, os resíduos químicos eram armazenados. Nesse intervalo, acredita-se que muito material tenha sido descartado nas pias dos laboratórios, assim como os perfurocortantes descartados junto à vidraria quebrada (Figura 01). Com o inicio do projeto, os reagentes passaram a ser acomodados em embalagens adequadas, identificados e etiquetados, além da segregação das substâncias incompatíveis. De 2011 até 2013, descartou-se 687 kg de resíduos químicos e 542 kg de vidrarias quebradas (Tabela 01). Em 2013 percebeu-se uma conscientização das pessoas quanto à utilização das vidrarias, pois reduziu em 47,1% a quantidade de descarte, apesar de ainda ser alta a quantidade de vidrarias quebradas. Quanto aos recicláveis, entre 2011 e 2012 não se verificou aumento significativo, enquanto que em 2013 cresceu em 299%. Isso se deu pela intensificação do processo de conscientização. As ações do gerenciamento contribuem para o aumento desse tipo de resíduo, pois evidencia a destinação correta de materiais que antes eram descartados no lixo comum. Intervenções educativas, por meio de seminários, abordando os riscos de contaminação por insumos produzidos nos laboratórios foram feitas entre os meses de dezembro 2012 e março de 2013. Outra proposta do projeto foi a reutilização dos frascos âmbar e também de plástico de álcool comercial de 1.000 mL. Estimular o reaproveitamento do resíduo é uma boa alternativa para a redução do descarte, por meio da reciclagem, da recuperação ou da reutilização (NOLASCO et al., 2006). As Universidades, como instituições responsáveis pela formação de seus estudantes e, consequentemente, pelo seu comportamento como cidadãos do mundo, devem também estar conscientes e preocupadas com este problema (MARQUES & VAZ, 2009).


Figura 01: Descarte de perfurocortantes junto com a vidraria quebrada que seria destinada à reciclagem.




Conclusões

A partir dos dados apresentados, observa-e que é possível transformar as condutas da Comunidade Acadêmica quanto à forma adequada do descarte dos resíduos. Além disso, os programas educativos têm demonstrado eficazes na correção de falhas que persistiam, mesmo após a implantação do projeto. Todo o programa de gerenciamento de resíduos gerados na UFBA/CAT/IMS tem como base a melhor forma de interação sustentável entre o homem e o ambiente. E ainda, serve de estímulo para outras Universidades desenvolverem planos de gerenciamento de resíduos em suas atividades de pesquisa, ensino e extensão.

Agradecimentos

Os autores agradecem a Universidade Federal da Bahia.

Referências

BRASIL. Conselho Nacional do Meio ambiente. Resolução 358 de 29 de abril de 2005. Diário Oficial da União, n. 84. seção 1, p. 63-65, Brasília, 2005.

CAI, Q.; MO, C.; WU, Q.; KATSOYIANNIS, A.; ZENG, Q. The status of soil contamination by semivolatile organic chemicals (SVOCs) in China: A review. Science of the total environment, v 2-3, n. 389, p. 209–224, 2008.

GALBIATI, A. F. O Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos e a Reciclagem. [Online], 2001. Disponível em: <http://www.redeaguape.org.br/artigo.php?id=87>. Acesso em: 07/06/2013.

GONÇALVES, M. S.; KUMMER, L.; SEJAS, M. I.; RAUEN, T. G.; BRAVO, C. E. C. Gerenciamento de resíduos sólidos na Universidade Tecnológica Federal do Paraná Campus Francisco Beltrão. Revista Brasileira de Ciências Ambientais, v.15, p. 79-84, 2010.

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MARQUES, A. C. F.; VAZ, L. M. S. Gestão de resíduos laboratoriais em instituição de ensino superior: análise do sistema de gestão dos resíduos laboratoriais da faculdade de tecnologia e ciências. In: 25º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental, 2009, Recife. Anais... Recife, Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, 2009.

NASCIMENTO, E. S.; TENUTA-FILHO, A. Chemical waste risk reduction and environmental impact generated by laboratory activities in research and teaching institutions. Brazilian Journal of Pharmaceutical Sciences, v. 46, n. 2, p. 187-198, 2010.

NOLASCO, F. R.; TAVARES, G. A.; BENDASSOLLI, J. A. Implantação de programas de gerenciamento de resíduos químicos laboratoriais em universidades: análise crítica e recomendações. Revista Engenharia Sanitária e Ambiental, v.11, n. 2, p.118-124, 2006.

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