ESTUDO TEÓRICO DO PROCESSO CORROSIVO DA PONTE SOBRE O RIO CALHAU NA AVENIDA LITORÂNEA EM SÃO LUÍS-MA

ISBN 978-85-85905-10-1

Área

Ambiental

Autores

Silva, A.L. (UEMA) ; Monteiro, T.O. (UEMA) ; Santos, M.S. (UEMA) ; Duarte, D.S. (UEMA) ; Santos, K.M.S. (UEMA) ; Menezes, S.L. (UEMA)

Resumo

A corrosão de armaduras é um dos graves problemas que afetam as estruturas metálicas, uma vez que danifica a estabilidade das mesmas. Nesta pesquisa realizou-se o estudo teórico do processo corrosivo da ponte sobre o rio Calhau, na cidade de São Luís - MA, o CREA (Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura) foi o órgão responsável pela elaboração do laudo técnico que contém a natureza, causa e extensão da corrosão na ponte em questão. Por meio das vistorias realizadas, pôde-se verificar que, na ponte, a contaminação do concreto armado por íons cloretos ocorre com maior intensidade nas obras situadas em ambiente marinho e a ação agressiva desses íons e o mecanismo de carbonatação são os principais fatores responsáveis pelo início do processo de corrosão da armadura.

Palavras chaves

Carbonatação; Corrosão de Armaduras; Íons Cloretos

Introdução

A corrosão é um permanente desafio ao homem, e sua definição consiste na deterioração de um metal pela ação química ou eletroquímica do meio, comumente associado ou não a esforços mecânicos (GENTIL, 2007). Concreto armado é a estrutura de concreto que possui, em seu interior, armações feitas com barras de aço. Cascudo (2005) afirma que o desencadeamento da corrosão se dá inicialmente pela destruição da película passivadora, logo após o início da corrosão do aço, e a tendência é que o concreto sofra trincas e fissurações devido à expansão das barras. Os principais agentes iniciadores do processo corrosivo são íons cloretos, encontrados em regiões litorâneas, com alta concentração de sais, e a carbonatação, em regiões densamente povoadas, principalmente devido à exposição aos gases de combustão dos veículos automotores. A ponte sobre o Rio Calhau está situada na Avenida Litorânea em São Luís-MA, foi construída em 1990 e constitui- se de três passarelas: uma de passeio, para pedestres e ciclistas, e duas para tráfego de veículos, encontrando-se em avançado estado de corrosão e desde a sua construção não passou por nenhum tipo de intervenção. A falta de uma cultura de manutenção, em especial a preventiva, faz com que os órgãos responsáveis pelas obras públicas priorizem apenas a execução, em detrimento das questões relacionadas à conservação. Assim, o objetivo deste trabalho foi realizar estudo teórico do processo corrosivo da ponte sobre o Rio Calhau, identificando a natureza, causa e extensão da corrosão e distinguir o procedimento adequado para a recuperação da ponte, para posteriormente informar aos órgãos competentes acerca da necessidade da conservação e manutenção das estruturas de pontes.

Material e métodos

O presente trabalho foi dividido em duas partes: pesquisa teórica e pesquisa de campo. O interesse pelo estudo originou-se de matéria lida em um jornal local, que relatava a gravidade da condição estrutural e física da ponte sobre o rio Calhau, incluindo a falta de manutenção, descaso com o bem público e possíveis consequências relacionadas à segurança da população. Em seguida fez-se visita ao CREA-MA, órgão estadual responsável pelas inspeções do patrimônio público, sobre a possibilidade de acompanhar a vistoria técnica para conhecimento do processo corrosivo na referida ponte. Posteriormente, consultaram-se estudos bibliográficos relacionados direta ou indiretamente ao assunto em questão, extraídos de livros, revistas, sites, dissertações e trabalhos monográficos. Já na pesquisa de campo fez-se visita “in loco” à ponte, acompanhada pelo engenheiro Antônio Xavier, do CREA-MA, responsável pela vistoria técnica, com registro fotográfico das patologias e explicações sobre o processo corrosivo verificado na ponte. Alguns dias depois da visita, obteve-se o laudo técnico contendo informações sobre o tipo de corrosão (concreto armado), os fatores que desencadearam o processo corrosivo e a recuperação adequada. Em seguida aplicou- se um questionário, contendo dez perguntas sobre a deterioração e a recuperação da ponte, dirigidas e respondidas pelo engenheiro. Posteriormente coletaram-se e organizaram-se os dados obtidos do laudo técnico e do questionário e analisaram- se as informações e os dados coletados para elaboração da discussão.

Resultado e discussão

Os sintomas do processo corrosivo identificados na ponte sobre o Rio Calhau foram os seguintes: fissuras no concreto paralelas às armaduras, fragmentação e destacamento do cobrimento e comprometimento da aderência aço-concreto. As patologias deletérias verificadas nas peças estruturais da ponte apresentam-se em estado bastante avançado, tendo como principal agente agressor os íons cloretos e sulfatos existentes em grande quantidade na região. Muitas peças expõem concreto encunhado, segregado e fissuras de corrosão. Outras, em estágio crítico, apresentam as armaduras expostas e altamente oxidadas, devido à expulsão do concreto, provocada pela expansão dos produtos de corrosão das barras de aço. Constatou-se também que várias placas pré-moldadas da passarela de passeio se encontravam quebradas e é evidente que essa situação prejudique os pedestres que por ali trafegam. O Engenheiro Antônio Xavier nos informou que a estrutura caminha para um estado de degradação crítica, e como se trata de uma ponte que permite fluir o tráfego na Avenida Litorânea, há a preocupação de recuperar estruturalmente o conjunto. Deverá ser analisado o seu projeto, a fim de adequá-lo ao tráfego local, podendo até ser necessário reforço estrutural, em vez de apenas recuperação. Somente assim a obra poderá ser enquadrada dentro de um programa de manutenção preventiva, em obediência às normas da ABNT. À vista dos fatos observados, identificou-se a natureza e morfologia do ataque: corrosão por pites, que é um tipo de corrosão localizada, provocada pelos íons cloretos. De acordo com o laudo técnico do CREA-MA, dentre os processos de recuperação que serão usados na ponte, destacam-se a limpeza no aço usando um inibidor de corrosão e a reposição da seção do concreto.

Figura 1: Ponte sobre o Rio Calhau



Figura 2: Pilar em estado crítico de corrosão



Conclusões

Após os procedimentos realizados, verificou-se que a corrosão na ponte estudada é de natureza eletroquímica e os principais causadores da corrosão de armadura do concreto foram os íons cloretos e a carbonatação do concreto. O primeiro contribuiu com a queda do pH e a despassivação da armadura, e o segundo, com a diminuição da resistividade do concreto e o ataque à camada passivadora. Como para cada situação de corrosão há um tipo de recuperação anticorrosiva apropriada, neste caso os tratamentos adequados são: limpeza do aço usando inibidores de corrosão e encamisamento da peça.

Agradecimentos

À Deus; À Universidade do Maranhão; Aos colaboradores desse trabalho.

Referências

CASCUDO, O. Inspeção e diagnóstico de estruturas de concreto com problemas de corrosão da armadura. In: ISAÍA, G.C. (ed.), Concreto: Ensino, pesquisa e realizações –
São Paulo: IBRACON, 2005.
GENTIL, Vicente. Corrosão. 5.ed. São Paulo: LTC, 2007.

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