MINIMIZAÇÃO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS OCASIONADOS PELO OLEO RESIDUAL DE FRITURA UTILIZANDO A HIDROLISE BÁSICA DE LÍPIDEOS PARA A PRODUÇÃO DE SABÃO

ISBN 978-85-85905-10-1

Área

Ambiental

Autores

Sousa, E.F. (IFTO CAMPUS PARAÍSO DO TOCANTINS) ; Marques, J.L. (IFTO CAMPUS PARAÍSO DO TOCANTINS) ; Montelo, D.B. (IFTO CAMPUS PARAÍSO DO TOCANTINS) ; Oliveira, C.L. (IFTO CAMPUS PARAÍSO DO TOCANTINS) ; Barbosa, L.G.L. (IFTO CAMPUS PARAÍSO DO TOCANTINS) ; Fonseca, K.C.S. (IFTO CAMPUS PARAÍSO DO TOCANTINS) ; Sousa, J.S. (IFTO CAMPUS PARAÍSO DO TOCANTINS) ; Martins, C.P.S. (IFTO CAMPUS PARAÍSO DO TOCANTINS) ; Viroli, S.L.M. (PROFESSOR DO IFTO CAMPUS PARAÍSO DO TOCANTINS) ; Ferraz, R.G.B. (PROFESSOR DO IFTO CAMPUS PARAÍSO DO TOCANTINS)

Resumo

O objetivo da pesquisa foi demonstrar a viabilidade da produção de sabão utilizando óleos comestíveis residuais. A matéria-prima para a produção do sabão foi adquirida no Município de Paraíso do Tocantins – TO. A avaliação físico- química do óleo foi realizada através dos índices de acidez, iodo, saponificação e pH, conforme procedimentos descritos pelo Instituto Adolfo Lutz. A qualidade do sabão obtido foi avaliada por meio de questionário aplicado a dez usuárias selecionadas ao acaso. Os atributos avaliados foram: consistência, produção de espuma e remoção de sujidades. A utilização de óleo residual comestível é uma alternativa viável e possível que pode ser transformado em um produto útil para uso doméstico, contribuindo, assim, para preservação do meio ambiente.

Palavras chaves

IMPACTO AMBIENTAL; SABÃO; ÓLEO RESIDUAL DE FRITURA

Introdução

A produção de sabão é uma das alternativas para reciclar óleos comestíveis residuais na tentativa de evitar problemas ao meio ambiente e minimizar os impactos ambientais ocasionados pelo descarte incorreto do resíduo. (SOUSA, 2008; CALADO et al., 2010; SILVA et al., 2010 e ALMEIDA et al., 2011). O óleo pos fritura descartado de forma incorreta gera problemas de entupimento, danos nos canos e aumentando em até 45% o gasto em tratamento de redes de esgoto (OLIVEIRA e AQUINO, 2012; RABELO e FERREIRA, 2008). Na natureza o óleo provoca danos irreparáveis para flora e fauna aquáticas, impermeabilização do solo aumentando o risco de enchentes, interferem nas trocas gasosas através de formação de uma película na superfície da água. (Odum e Barret, 2007; Ricklefs, 2003). Em contato com a água do mar são degradados por bactérias anaeróbicas produzindo o gás metano um dos principais causadores do efeito estufa (FEARNSIDE, 2011). O lançamento dessas substâncias em corpos hídricos deve cumprir as determinações da Resolução CONAMA 357/05 e 430/2011 que dispõe sobre as condições e padrões de lançamento de efluentes (BALDASSO, E. et al., 2010; Brasil, 2005). Cada litro de óleo despejado no esgoto urbano polui cerca de um milhão de litros de água, o que equivale à quantidade que uma pessoa consome ao longo de quatorze anos de vida. (BARBOSA e PASQUALETTO, 2007). Mais de 200 milhões de litros de óleos usados são descartados nos rios e lagos anualmente impactando o meio ambiente e tornando-se o maior poluidor de águas doces e salgadas das regiões mais adensadas do Brasil (MARCONDES, 2013; GAMBOA 2013). O objetivo desse trabalho foi minimizar os impactos ambientais ocasionados pelos descartes dos óleos de fritura através da produção de um sabão de baixo custo.

Material e métodos

A pesquisa foi realizada no Laboratório de Alimentos do Instituto Federal de Educação Ciências e Tecnologia do Tocantins IFTO Campus Paraíso do Tocantins. As análises físico químicas da matéria-prima, processamento do sabão e avaliação de sua qualidade foram realizados no período de agosto a dezembro a de 2013. A matéria-prima utilizada para a produção do sabão foi adquirida de bares e restaurantes do município de Paraíso do Tocantins. Os óleos comestíveis residuais foram filtrados e armazenados em bombonas plásticos com capacidade para 100 litros. A avaliação físico-química do óleo armazenado foi realizada através do índice de acidez, índice de iodo (teste de Wijs) e índice de saponificação e pH, conforme os procedimentos descritos pelo Instituto Adolfo Lutz (IAL. 2008). A reação de saponificação foi realizada em uma bombona de 50 litros com 3 litros de óleo de fritura usado, 2 litros de álcool etílico, 500 gramas de hidróxido de sódio (NaOH) e 20 litros de água. O processo de preparação ocorreu com a dissolução do NaOH em 1 litro de água. O óleo filtrado e livre de impurezas foi misturado ao álcool. Após a mistura do óleo e álcool adicionou-se o NaOH dissolvido em água onde realizou-se uma homogeneização por 10 minutos. Após a homogeneização foi adicionado restante da água com mais uma homogeneização de 10 minutos. A mistura foi transferida para formas plásticas, retiradas após 48 horas, sendo mantida à temperatura ambiente por 30 dias. Aplicou-se um questionário a 10 dez donas de casa do distrito de Santana no Município de Paraíso, escolhidas aleatoriamente, que aceitaram avaliar o sabão produzido com óleo comestível pos fritura. A avaliação do sabão foi relativa aos atributos: consistência, produção de espuma e remoção de sujidades.

Resultado e discussão

O óleo analisado apresentou-se impróprio para o consumo humano. O índice de acidez encontrado foi de 9,4 mg KOH/g valor superior ao máximo estabelecido para óleos vegetais refinados, que é 0,6 mg KOH/g (BRASIL, 2005). A legislação brasileira não estabelece limites para os valores de índice de iodo e índice de saponificação de óleo vegetal. O índice de iodo obtido foi 58,3 g I100 g-1 valor inferior à faixa característica para óleo de soja, que é 124 a 139 gI100 g- 1(CODEX ALIMENTARIUS, 2005), indicando que houve oxidação de ácidos graxos insaturados da amostra, o que é indesejável para o consumo humano. Para o índice de saponificação, obteve-se 20,5 KOH/g valor abaixo da faixa de valores característicos para óleo de soja, que é de 189 a 195 mg KOH/g(CODEX ALIMENTARIUS, 2005). O pH alcalino é o principal responsável pelo potencial irritante e desidratante da pele. Observou-se que houve redução do pH, indicando que o processo de hidrólise dos triacilgliceróis continua após o processamento dos sabões, ocorrendo consumo de hidróxido de sódio. O valor de pH do sabão produzido foi superior quando comparado com sabões comerciais analisados que apresentaram pH médio de 10,2. Almeida et al. (2011) obtiveram produtos com valores de pH entre 9 e 10, embora tenham utilizado ácido clorídrico para a redução do pH. A avaliação do questionário apresentou boa consistência, capacidade de geração de espuma e remoção de sujidades para o sabão produzido. Alberici e Pontes (2004) também produziram um sabão utilizando óleos e gorduras residuais, obtendo um produto de consistência firme, espumante e eficiente em limpeza de roupas e louças. Os resultados obtidos para à caracterização físico química do óleo e avaliação do sabão produzido estão apresentados nos gráfico 01 e 02.

CARACTERIZAÇÃO DO ÓLEO E SABÃO PRODUZIDO

GRÁFICO 01. CARACTERIZAÇÃO DO ÓLEO E SABÃO PRODUZIDO

AVALIAÇÃO DO SABÃO PRODUZIDO

GRÁFICO 02. AVALIAÇÃO DO SABÃO PRODUZIDO

Conclusões

O estudo demonstrou a possibilidade e viabilidade da produção de sabão utilizando o óleo pos fritura como matéria prima. A qualidade do sabão produzido foi comprovada através da utilização em atividades domésticas. Ao óleo pós fritura mátria prima baixa qualidade pode ser agregado valor, transformando-o em um produto útil para uso doméstico, contribuindo, assim, para preservação do meio ambiente.

Agradecimentos

A DEUS, AO IFTO/CAMPUS PARAÍSO DO TOCANTINS

Referências

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