O BRINQUEDO DE MIRITI COMO MÉTODO DIDÁTICO PARA AULAS DE GEOMETRIA DAS MOLÉCULAS ORGÂNICAS

ISBN 978-85-85905-10-1

Área

Ensino de Química

Autores

Correa, S.C. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; Duarte, A.O.S. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ)

Resumo

Os métodos didáticos como a ludicidade e a experimentação ajudam o aluno a entender a natureza abstrata da química. Através do lúdico com o brinquedo de miriti objetivou-se levar ao alunado uma compreensão mais significativa da geometria das moléculas orgânicas. Para isto, a metodologia foi desenvolvida sobre dois aspectos: exposição dialogada e prática, com a confecção de modelos moleculares com miriti. Os alunos organizaram seus exemplares de moléculas de acordo com a teoria ensinada previamente. Os resultados da utilização do lúdico para ilustrar a geometria das moléculas orgânicas foram satisfatórios, pois a partir da prática os alunos conseguiram compreender a dinâmica de arrumação das moléculas no espaço, como elas são formadas e suas propriedades de acordo como se arrumam.

Palavras chaves

Geometria molecular; Lúdico; Miriti

Introdução

O ensino de química merece bastante prudência, pois se percebe uma grande dificuldade por parte dos alunos no que diz respeito ao entendimento dos conteúdos e dos assuntos trabalhados de forma abstrata. Desta forma, buscam-se métodos de melhorar este ensino, a fim de propiciar clareza e maior assimilação nos conteúdos químicos, por meio de didáticas que proporcionem entendimento ao aluno e ao professor, melhor eficiência no ensino química. Nesta perspectiva este trabalho trata de como as técnicas didáticas, no caso o lúdico com o brinquedo de miriti, pode contribuir para o ensino de química. O brinquedo de miriti é oriundo do município de Abaetetuba que dista apenas 150 km capitais do Estado do Pará e é conhecida mundialmente como capital internacional do brinquedo de miriti, cultura artesanal cuja matéria prima é retirada da palmeira do miriti (Mauritia Flexuosa L.F.) um material biodegradável. Desde o inicio da colonização desta cidade situada às margens do rio Maratauíra, já se tinha uma grande influência da utilização do Miriti tanto no artesanato quanto na alimentação (SILVA, 2012). O objetivo da aplicação desta aula expositiva teórica e prática, desenvolvida no ensino médio foi contextualizar o ensino de geometria das moléculas orgânicas através da montagem molecular química com o brinquedo de miriti, na busca de entender os conteúdos relacionados ao assunto. Com efeito, levando o alunado a uma compreensão mais significativa, pois o material utilizado na metodologia é proveniente do local onde a prática foi desenvolvida e está diretamente ligado ao contexto cultural dos sujeitos envolvidos na pesquisa. Assim os alunos puderam construir seu conhecimento com auxílio de um material que já fazia parte de sua realidade e de baixo custo.

Material e métodos

A prática sobre geometria das moléculas orgânicas foi realizada na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Bernardinho Pereira de Barros localizado na área central do município de Abaetetuba – Pará, que alcançou o IDEB de 3.9 de um máximo10 no ano de 2011. O grupo escolhido para o teste foram os alunos do 3º ano do ensino médio, com uma amostra inicial de 30 alunos. Os instrumentos de coleta de dados foram questionários; material lúdico confeccionados com brinquedo de miriti, além de uma dinâmica com balões; vídeos e fotografias. Inicialmente foi aplicada uma avaliação prognóstica por meio de um teste de sondagem, sendo este um questionário com três perguntas fechadas, sobre o assunto de geometria molecular. Posteriormente iniciou-se a intervenção com a proposta metodológica de ensino, no qual foi exposto com auxilio do projetor o assunto geometria das moléculas orgânicas. Concomitantemente uma dinâmica com balões onde grupos de três alunos participaram, na pratica os alunos montaram suas moléculas com o brinquedo de miriti culminando com a avaliação somativa para verificação dos objetivos alcançados.

Resultado e discussão

O desinteresse pelo ensino de química deve-se a fatores como: algumas escolas não possuírem ou não utilizarem laboratórios; não fazerem das bibliotecas um ambiente frequentado; não possuírem recursos multimídia e métodos interativos de aprendizagem; falta de contextualização do assunto (TORRICELI, 2007). Neste sentido percebeu-se que o resultado do questionário inicial evidenciou que os conhecimentos prévios dos alunos em relação ao assunto foram insatisfatórios, pois anteriormente este conteúdo não foi fixado, pode-se então de acordo com o autor citado a ineficácia dos métodos utilizados. De acordo com as figuras 1 e 2. as duas questões analisadas dizem respeito à geometria das moléculas orgânicas com a hibridização do carbono. Na primeira questão o carbono por estar hibridizado em sp3 apresenta ligações simples e forma um tetraedro, a maioria dos alunos não marcou a alternativa correta. Na segunda questão o átomo do carbono faz ligações duplas com o oxigênio, a hibridização será sp2 e como o enunciado da teoria da repulsão dos pares eletrônicos que foi dada na questão, espera-se então que a molécula tenha geometria planar, pois no caso do CO2 sua estrutura estará no plano porque os dois átomos de oxigênio estão equidistantes. A experimentação nesta aula usou um método didático muito importante, onde Beltran (1991) ao relatar um histórico e os principais problemas no ensino de química, aponta a ausência de atividades experimentais, que permitam aos alunos vivenciarem alguma situação de investigação, na qual possam aprender como se processa a construção do conhecimento químico. Pois os alunos ao manipularem os materiais e desenvolverem seus modelos, puderam visualizar a “nível molecular” como se processa uma ligação química e entender a natureza abstrata das moléculas.

Figura 1

Questionário inicial - geometria molecular do carbono hibridizado em sp3

Figura 2

Questionário inicial - geometria molecular do carbono hibridizado em sp2

Conclusões

Os alunos puderam confeccionar seus modelos moleculares e posteriormente apresenta-los a toda a turma participante. Este foi o momento mais interativo da aula, pois trabalharam em grupo se esforçando para a reprodução de modelos coerentes. A aula pratica com montagem de moléculas de miriti foi utilizada como mecanismo de ensino apropriado para desmitificar a natureza oculta da ciência química. Por fim, concluímos que todos os alunos conseguiram de forma significativa identificar a geometria do carbono tetraédrico, montando suas moléculas de acordo com os modelos apresentados teoricamente.

Agradecimentos

Agradecemos a Escola Estadual Bernardino Pereira de Barros, na pessoa do Professor de Química que colaborou para sucesso do trabalho e a UEPA pelo apoio.

Referências

BELTRAN, N. O. Química. Coleção magistério 2º Grau. Série Formação Geral. São Paulo: Cortez, 1991.

Índice de desenvolvimento da educação básica – IDEB 2011, Fonte: (http://ideb.inep.gov.br) acessado em 01/07/2014.

SILVA, Claudete do S. Q. Da. Brinquedos de Miriti: educação, identidade e saberes cotidianos. (Dissertação de Mestrado em educação), Belém, Universidade do Estado do Pará, 2012.

TORRICELLI, Enéas. Dificuldades de aprendizagem no Ensino de Química. (Tese de livre docência), Belo Horizonte, Universidade Federal de Minas Gerais. Faculdade de Educação, 2007.

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