VAMOS FAZER UMA PROTEÍNA? FERRAMENTA LÚDICA PARA O ENSINO DE BIOQUÍMICA.

ISBN 978-85-85905-10-1

Área

Ensino de Química

Autores

Higuchi, D.A. (IFSP) ; Marcon, R.O. (IFSP)

Resumo

Este artigo vem apresentar um relato de experiência vivenciado no IFSP Campus Suzano, que apresentou a estudantes de ensino médio da região e alunos do curso superior de Tecnologia em Processos Químicos uma forma mais atraente e lúdica a importância, função de proteínas e a relação com o DNA. Antes da dinâmica alguns fundamentos importantes foram abordados com auxílio de data show e apresentada a tabela de códigos genéticos. Alunos divididos em grupos iniciaram uma "corrida" para a construção correta de uma proteína utilizando peças que representavam os aminoácidos. Espera-se que a divulgação desta dinâmica possa contribuir com as novas formas de ensinar a bioquímica no ensino médio ou ensino superior.

Palavras chaves

lúdico; proteína; código genético

Introdução

A Bioquímica pode ser considerada um exemplo de aplicação da Química no cotidiano, sendo responsável por demonstrar a importância das moléculas e reações dentro dos seres vivos. Como toda a Química, a Bioquímica também é considerada uma disciplina difícil, pois trata de fenômenos micro e macro moleculares difíceis de serem compreendidos (YOKAICHIYA et al., 2004), além de exigir conhecimentos em outra área, a Biologia. Esta interdisciplinaridade é importante para o processo de ensino, pois evita uma visão reducionista da ciência (LIMA et al., 2000). É crescente as publicações sobre ensino em Bioquímica (LOGUERCIO et al., 2007), sendo que muitos destes trabalhos propõem formas diferentes de ensinar o conteúdo desta área. Em muitos livros e ementas de disciplinas da área, os conceitos relacionados ao DNA e a proteínas são ensinados separadamente, o que é compreensível, já que cada macromolécula exige um alto grau de complexidade no entendimento funcional e estrutural. Mas quando há falta de exemplos claros que auxiliem na fixação dos processos da síntese de proteínas, além da abstração já conhecida na Química em geral e Bioquímica, parte dos alunos apresentam dificuldades para assimilar a relação entre o DNA e proteínas, como relatado por Silva et al. (2013). Neste contexto, este trabalho propõe utilizar uma dinâmica de grupo para auxiliar na compreensão de como a informação contida no DNA é responsável pela produção e função de proteínas. Após uso de exemplos do cotidiano para transmissão de conceitos sobre transcrição, tradução e estrutura de proteínas, os alunos participaram de uma competição, “corrida”, para construção de um segmento peptídico baseando-se na consulta dos códigos genéticos e recortes de EVA com formatos diferentes representando os aminoácidos.

Material e métodos

Este estudo foi realizado em uma aula extracurricular realizada no Instituto Federal de São Paulo, campus Suzano, contando com a participação de 20 alunos, sendo 14 do ensino médio e 6 do 1º semestre do curso superior em Tecnologia em Processos Químicos do próprio campus. Antes do início da dinâmica, alguns fundamentos foram abordados com o auxílio de data show, como, por exemplo: funções exercidas pelas proteínas nos seres vivos, importância da estrutura tridimensional e papel do DNA na produção de proteínas. Então, foi apresentada aos alunos a tabela com códigos genéticos. Para o entendimento da síntese da proteína, o processo de transcrição e tradução do DNA foi comparado à produção de um bolo (Figura 1), no qual o DNA no núcleo foi associado à receita, RNA ao cozinheiro e a proteína ao bolo. Na dinâmica, os alunos foram divididos em grupos de 5 e uma sequência nucleotídica foi passada para que esta fosse transformada em uma proteína. Foram disponibilizados a todos vários recortes de EVA com formatos e cores diferentes possuindo siglas referentes aos aminoácidos. O grupo vencedor foi aquele que conseguiu montar a sequência peptídica com a estrutura correta em menor tempo. A escolha da sequência nucleotídica utilizada na dinâmica e os formatos dos recortes de EVA foram planejados cuidadosamente com o objetivo de demonstrar didaticamente que um pequeno erro na escolha do aminoácido por algum integrante do grupo (ou no processo real dentro da célula, mutação) é responsável pela construção incorreta da proteína. No final da dinâmica, os alunos responderam um questionário para avaliar a qualidade da dinâmica, que utilizou a escala de Likert, com 5 níveis, conforme especificado a seguir: excelente, bom, regular ruim e péssimo.

Resultado e discussão

A comparação do processo de transcrição e tradução de uma sequência nucleotídica em uma sequência peptídica apesar de complexa foi de fácil assimilação quando comparada com a simples produção de um bolo. A figura I é um exemplo de uma sequência interessante a ser aplicada na dinâmica, demonstrando que o erro de leitura dos participantes, no caso real, de uma mutação, pode influenciar na estrutura e por consequência na função proteica. Dos 20 alunos que participaram deste estudo ...% consideraram a metodologia aplicada para a transmissão dos conceitos fundamentais relacionados ao DNA e estrutura de proteínas como muito satisfatória e motivadora (figura II). A elaboração da dinâmica é muito acessível, quanto sua aplicação como recurso didático, já que apresenta material de baixo custo, EVA e de fácil preparação. Espera-se que este trabalho venha somar com as novas formas de ensino, utilizando o lúdico como ferramenta na bioquímica.

Figura 1

Função do DNA e RNA na síntese de proteínas, comparada com a produção de um bolo.

Figura 2

Exemplo de sequência nucleotídica a ser utilizada na dinâmica para ilustrar a influência da troca de uma base nitrogenada na estrutura da proteína.

Conclusões

A dinâmica da construção de uma proteína a partir da consulta da tabela de códigos genéticos e recortes em EVA é de fácil aplicação. Todos os alunos participantes consideraram importante para assimilação e fixação do conteúdo. Espera-se que este trabalho possa servir como um instrumento a mais no ensino do processo de síntese de proteínas, somando-se ao esforço de educadores na transmissão de conhecimentos na área da Química e Bioquímica.

Agradecimentos

Ao IFSP Campus Suzano.

Referências

LIMA, J.F.L.; PINA, M.S.L.; BARBOSA, R.M.N. ; JÓFOLI, Z.M.S. A contextualização no ensino de cinética química. Química Nova na Escola, n. 11, 27-29, 2000.

LOGUERCIO, R. ; SOUZA, D. ; DEL PINO, J.C. Mapeando a educação em bioquímica no Brasil. Ciências e Cognição/Science and Cognition, v. 10, 2007.

SILVA, M. I ; PINHEIRO, S. B. ; MENDES, S. A. B. A.; CAMPELO, T. W. M. ; DOS SANTOS, Y. V. S., GROSS, M. C.; RODRIGUES, D. P. Jogo AminoUNO: uma ferramenta alternativa para o ensino da síntese de proteínas no Ensino Médio. Revista de Ensino de Bioquímica, v. 11, n. 1, 37-53, 2013.

YOKAICHIYA, D. K.; GALEMBECK, E.; TORRES, B. B. O que alunos de diferentes cursos procuram em disciplinas extracurriculares de bioquímica? Revista de Ensino de Bioquímica, v. 2, n. 1, 37-44, 2004.

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