TABELA PERIÓDICA ESPECIAL: UMA FORMA ALTERNATIVA DE ENSINAR QUÍMICA PARA ALUNOS PORTADORES DE DEFICIÊNCIA AUDITIVA.

ISBN 978-85-85905-10-1

Área

Ensino de Química

Autores

Ribeiro, M.D.P. (UESPI) ; Paz, W.H.P. (UESPI) ; Lima, L.C. (UESPI) ; Santos, R.S. (UESPI)

Resumo

O presente trabalho tem como objetivo utilizar o jogo "tabela periódica especial" como ferramenta didática para ensinar química aos alunos portadores de deficiência auditiva, visando facilitar a compreensão de conceitos químicos e dinamizar o processo de ensino-aprendizagem. O trabalho faz parte das atividades relacionadas ao projeto PIBID-UESPI e foi aplicado em uma escola estadual de Teresina-PI. O jogo foi confeccionado com o auxílio do programa fotoshop, e as regras são as mesmas do jogo quebra-cabeça tradicional. Com a aplicação do jogo observou-se que os alunos tiveram mais facilidade na compreensão dos conceitos abordados. Além disso, cerca de 50 % dos alunos com deficiência auditiva conseguiram reconhecer os símbolos químicos em libras e aperfeiçoaram o conteúdo tabela periódica.

Palavras chaves

quebra-cabeça; deficiência auditiva ; tabela periódica

Introdução

Dentre os desafios do sistema educacional atual, a educação inclusiva tem surgido como um dos maiores desafios (FILHO et al., p 79, 2009). Pessoas surdas-mudas enfrentam dificuldades em participar do meio educacional e, em sua maioria, não têm oportunidade de desenvolverem suas competências-habilidades e darem continuidade a seus estudos. Atualmente percebe-se ainda que as escolas regulares não dispõem de recursos didáticos e quadro pedagógico suficiente para suprir a demanda de alunos com necessidades especiais. A falta de material didático-pedagógico adequado e voltado para deficientes auditivos é um fator que dificulta o ensino, principalmente o de temas que relaciona conceitos abstratos, como os símbolos utilizados nas ciências exatas. Agravando essa questão, está o despreparo dos docentes em relação à linguagem de sinais. Desse modo, percebe-se que os professores de química têm repassado aos intérpretes a responsabilidade de “ensinar” os conceitos químicos e, acompanhar suas aprendizagens. Essa deficiência interfere ainda na continuidade dos estudos iniciados por estudantes surdos-mudos e, sobretudo no interesse destes estudantes pela disciplina de química (SOUSA et al., p 37, 2011). Ensinar química seguindo parâmetros e orientações de contextualização tornam os conteúdos mais acessíveis aos alunos (MOURA et al., 2010). De modo geral, durante as aulas de química, é possível afirmar que alunos com deficiência auditiva apresentam maior dificuldade que os demais porque a linguagem oral é, na grande maioria, a única utilizada pelos educadores (PEREIRA et al., p 47, 2011). Neste estudo foi aplicado um quebra-cabeça da tabela periódica para deficientes auditivos. Esta metodologia objetiva facilitar a explanação do conteúdo tabela periódica, trabalhado em sala.

Material e métodos

Para a confecção do jogo foram utilizados os materiais: papel (75 g/m2), cola, papel cartão, fita adesiva, tesoura e folhas impressas com as peças em forma de puzzle (quebra-cabeça) contendo os símbolos dos elementos em libras e as figuras em libras associadas a cada um dos elementos. Para a construção das peças do jogo foi utilizado o software fotoshop e o livro didático, trabalhado pela escola. Os elementos estão divididos em hidrogênio, metais alcalinos; metais alcalinos terrosos, metais de transição, metais representativos, semi-metais, não-metais, halogênios e gases nobres. As divisões citadas foram confeccionadas nas cores; verde claro, roso, amarelo, azul turquesa, laranja, lilás, verde escuro, vermelho e azul, respectivamente (Figura 1). O jogo é composto de 222 peças e forma todas as famílias e períodos da tabela periódica. Os actinídeos e lantanídeos não foram incluídos no jogo. Antes de iniciar o jogo houve uma breve explanação do conteúdo tabela periódica, destacando-se sua divisão (períodos e famílias), elementos a constitui, aplicação e ocorrência de alguns elementos no cotidiano dos alunos. A regra do jogo segue as mesmas de um quebra cabeça tradicional. Inicialmente foi feito a divisão dos alunos em grupos contendo 4 participantes, incluindo os estudantes sem deficiência auditiva. As peças foram devidamente viradas e embaralhadas. Os participantes deveriam buscar as melhores estratégias para a execução do jogo, em um menor espaço de tempo. O grupo que executasse de modo correto a montagem era o vencedor.

Resultado e discussão

A forma de avaliação do jogo “tabela periódica especial” deu-se através de questionários aplicados antes e após a utilização do jogo com os alunos. Durante a realização do jogo nas turmas de 2º anos do ensino médio, pode-se observar que os alunos ficaram mais motivados, pois a metodologia era nova para eles. Os resultados obtidos encontram-se na Figura 2. A partir das respostas dos questionários e constatou-se que 50% dos alunos com deficiência auditiva tiveram melhor compreensão do conteúdo através do jogo. Somente cerca de 25% dos alunos com deficiência sentiram dificuldades na montagem do quebra-cabeça. Para os alunos sem deficiência auditiva constatou-se que cerca de 19% também apresentaram dificuldade; provavelmente porque não têm o conhecimento prévio de libras; mas, afirmam que domina o conteúdo de tabela periódica e 6 % não sentiu dificuldades na execução do jogo. Dos 16 alunos presente em sala de aula, quatro são estudantes sem deficiência auditiva que também participaram dessa atividade; estes estudantes avaliam a metodologia como uma oportunidade de rever ou conhecer a linguagem de libras. A partir dos resultados pode-se observar que a maioria dos alunos compreendeu a construção da tabela periódica visto que, grande parte tem domínio do conhecimento de libras no qual contribuiu para esse resultado positivo. Foi constatado também que ocorreu uma mudança de comportamento dos estudantes envolvidos neste estudo, refletindo no interesse durante as aulas práticas. Com isso pode-se verificar que o quebra-cabeça “tabela periódica especial” mostrou-se uma metodologia alternativa diferenciada, eficiente e motivadora no processo de ensino-aprendizagem do conteúdo de tabela periódica na disciplina de química.

Figura 1

Esquema das peças do quebra cabeça "Tabela periódica especial"

Figura 2

Resultado após a aplicação do jogo

Conclusões

Com a aplicação do jogo “tabela periódica especial” pode-se constatar que os alunos compreenderam mais facilmente os conceitos abordados no conteúdo tabela periódica. Com isso é possível destacar que o jogo contribuiu de forma significativa para o ensino-aprendizagem do tema proposto, sendo uma ferramenta alternativa para ensinar química aos estudantes surdos-mudos. Além disso, os estudantes sem deficiência auditiva também avaliaram a metodologia como uma forma fixar os conceitos trabalhados no livro didático.

Agradecimentos

Ao PIBID-UESPI, PREX e CAPES

Referências

FILHO, R.M.B.J.; ANDRADE, L. R.; SOUSA, K. V.; LIMEIRA, K. A. C.; BATISTA, P. K. Elaboração De Tabelas Periódicas Para a Facilitação da Aprendizagem de Alunos Portadores de Deficiência Visual. Experiências em Ensino de Ciências, v 3, nº 3, p 79-89, 2009.

MOURA, C. S. Adaptação de uma tabela periódica para alunos com deficiência visual. TCC, UNB, 2010.

SOUSA, S. F; SILVEIRA, H. E. Terminologias Químicas em Libras: A utilização de sinais na aprendizagem de alunos surdos. Química nova na escola. v 33, n° 1, p 37-46, 2011.

PEREIRA, L. L. S.; BENITE, C. R. M.; BENITE, A. M. C. Aula de química e surdez: sobre interações pedagógicas mediadas pela visão. Química Nova na Escola, v 33, nº 1, p 47-56, 2011.

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