Aprendizagem significativa e estratégias didáticas para estudantes de Licenciatura em Química

ISBN 978-85-85905-10-1

Área

Ensino de Química

Autores

Andrade, L.V. (INSTITUTO FEDERAL DE GOIÁS- CÂMPUS ITUMBIARA) ; Oliveira, M.E. (INSTITUTO FEDERAL DE GOIÁS- CÂMPUS ITUMBIARA)

Resumo

A presente investigação visou promover reflexão quanto à didática e o processo de ensino aprendizagem em cursos superiores, particularmente entre alunos que estão estudando para tornarem-se professores. Foi tomado como conceito central a ideia de aprendizagem significativa, enquanto aquela que é aplicável à vida e relacionada com as experiências dos alunos. Participaram da coleta de dados 104 alunos matriculados no curso de Licenciatura em Química do Instituto Federal de Goiás, Câmpus Itumbiara, englobando todos os oito períodos. Os resultados indicaram que os alunos possuem uma preferência por métodos didáticos tradicionais. A conclusão foi que há uma certa dificuldade em se agregar novas técnicas didáticas ao processo ensino-aprendizagem, sobretudo quanto ao uso de novas tecnologias.

Palavras chaves

DIDÁTICA; LICENCIATURA EM QUÍMICA; APRENDIZAGEM

Introdução

Estudiosos da Educação enfatizam que não há um único meio que se configure como ideal para a aprendizagem de qualquer conteúdo escolar. Os professores planejam suas aulas utilizando estratégias didáticas para orientar seus alunos em diferentes disciplinas escolares. Segundo Libâneo (1994), o planejamento é uma tarefa docente relacionada com a previsão, organização e coordenação das atividades didáticas, em face dos objetivos propostos. Tal planejamento resultará em práticas docentes, que serão consideradas eficazes se promoverem aprendizagem significativa. Karling (1991) define o conceito de aprendizagem significativa como aquela que é aplicável à vida e relacionada com as experiências. O autor afirma também que ensinar é procurar descobrir interesses, necessidades e problemas do aluno; escolher conteúdo, técnicas e estratégias; prover materiais adequados e criar ambiente favorável para o estudo. Neste sentido o professor deve ser mediador do processo ensino-aprendizagem do aluno, utilizando tecnologias e estratégias adequadas para que o ensino tenha a sua eficácia. Claramente, torna-se importante para a aprendizagem significativa que sejam utilizadas técnicas diversificadas de ensino, ou seja, o conjunto de recursos utilizados na prática docente, como aulas expositivas, aulas práticas, estudo de caso, dinâmica de grupo, pesquisas, palestras, conferências, seminários, softwares e recursos audiovisuais. Para alcançar seus objetivos, um método de ensino precisa de uma série de técnicas (OLIVEIRA; CRUZ, 2007). Em sua defesa, os professores revelam a dificuldade em diversificarem suas aulas, devido principalmente à burocratização a que são submetidos e às cobranças de órgãos governamentais e da equipe diretiva de suas escolas (ANDRADE et al., 2012).

Material e métodos

A ideia desta investigação surgiu com o propósito de correlacionar o conteúdo trabalhado nas disciplinas ‘Didática’ e ‘Educação e Tecnologia da Informação e Comunicação’ do curso de Licenciatura em Química, do Instituto Federal de Goiás, Câmpus Itumbiara, promovendo um trabalho interdisciplinar. Para tanto, ocorreu a verificação de quais estratégicas didáticas são julgadas eficazes na concepção dos alunos, em diferentes períodos do curso. Na disciplina ‘Didática’ foi elaborado um questionário, coletando dados biográficos (sexo, idade, informações sobre vida acadêmica prévia à faculdade, período em que se encontra matriculado no curso) e solicitando, em seguida, que o respondente realizasse a seguinte tarefa: "Dentre as estratégias e recursos didáticos abaixo relacionados e considerando sua experiência como aluno, aponte aqueles que se revelam, em sua opinião, os mais eficazes para o seu aprendizado. Considerando o número 1 como a melhor estratégia, o número 2 como a segunda melhor estratégia e assim por diante." A seguir, o questionário apresentou onze diferentes estratégias didáticas: 1) Estudo e discussão de texto; 2) Aula expositiva com uso do quadro; 3) Aula com filmes/vídeos; 4) Atividades lúdicas (jogos, dramatização); 5) Aula expositiva com uso de data show; 6) Seminários; 7) Resolução de exercícios; 8) Oficinas (laboratório); 9) Estudo de caso; 10) Ensino com pesquisa; 11) Softwares e outros recursos informatizados. Dentre as onze estratégias, o aluno deveria enumerar de 1 a 11 em termos de eficácia para promover aprendizagem significativa, conforme sua própria experiência.

Resultado e discussão

Para analisar os dados do questionário, o professor da disciplina 'Educação e Tecnologia da Informação e Comunicação' e seus alunos realizaram um trabalho de apuração, apresentação e discussão dos 90 questionários válidos, sendo 79 questionários dos oito períodos do curso e 11 questionários de alunos que não especificaram o período. Foi realizada uma apuração de dados biográficos dos alunos, conforme Figura 1. Dentre os alunos respondentes, 80% são do sexo feminino. Quanto à rede em que cursaram o ensino médio, 83,33% vieram de escolas públicas. A faixa etária predominante é entre 16 e 20 anos, com 39%, seguida por 21 a 25 anos, com 37% dos alunos. Em uma análise global, conforme Figura 2, dos 90 questionários válidos, 52,22% dos alunos avaliaram com os números 1, 2 e 3, as estratégias 'Aula expositiva com uso do quadro' e 'Resolução de exercícios' e 45,56% optaram pela 'Oficinas (laboratórios)', enquanto que, as estratégias consideradas pelos alunos como as menos eficazes (números 9, 10 e 11), foram: 'Softwares e outros recursos informatizados', com 60%; 'Seminários', com 47,78% e 'Estudo de caso', com 41,11%. As discussões na análise dos resultados, junto aos alunos da disciplina 'Educação e Tecnologia da Informação e Comunicação', levaram a reflexões de que esta preferência é uma conseqüência dos estilos didáticos comumente adotados no ensino médio, e que persistem nas aulas dos cursos superiores. Também se discute sobre a possibilidade de os alunos terem escolhido este ou aquele estilo didático como eficaz, devido à identificação que têm com algum professor, ou preferência por determinadas disciplinas.

Figura 1

Dados biográficos.

Figura 2

Porcentagem de alunos em relação ao grau de eficácia das estratégias didáticas.

Conclusões

Neste trabalho constatou-se que grande parte dos alunos de licenciatura, futuros professores de Química, prefere métodos tradicionais de ensino, como ‘Aula expositiva com uso do quadro' e ‘Resolução de exercícios’. Os alunos demonstraram ainda rejeição quanto ao uso de novas tecnologias, como 'Softwares e recursos informatizados'. Estes resultados se revelaram surpreendentes para a equipe pesquisadora, pois se contrapõem à ideia corrente de que o professor trabalha de maneira ultrapassada ao utilizar o quadro em aulas expositivas e a tradicional resolução de exercícios.

Agradecimentos

Aos alunos de Licenciatura em Química do Instituto Federal de Goiás - câmpus Itumbiara.

Referências

ANDRADE, L.V.; BASTOS, R.B.M.; DANTAS, J.M.; FARIA, V.D.; FERREIRA, K.D.; REZENDE, G.A.A. 2012. Percepções de alunos e professores sobre proposta lúdica de ensino: o bingo da tabela periódica. In: 52º Congresso Brasileiro de Química, Recife. Disponível em: http://www.abq.org.br/cbq/2012/trabalhos/6/603-14147.html
KARLING, A. A. 1991. A didáctica necessária. São Paulo: Ibrasa.
LIBÂNEO, J. C. 1994. Didática. São Paulo: Cortez.
OLIVEIRA, F. B.; CRUZ, F. O. 2007. Revitalizando o processo ensino-aprendizagem em administração. Cad. EBAPE.BR, Rio de Janeiro , v. 5.

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