A QUÍMICA E MEDIDAS DE PREVENÇÃO DA DENGUE: UM PROJETO DE INTERVENÇÃO ESCOLAR DIRECIONADO AO ENSINO MÉDIO

ISBN 978-85-85905-10-1

Área

Ensino de Química

Autores

Machado Goulart, S. (IFG) ; Tomaz Pereira, D. (IFG) ; Aparecida Rodrigues, E. (IFG) ; Souza do Nascimento, Q.C. (IFG) ; Viana Andrade, L. (IFG)

Resumo

Esta investigação partiu de um projeto de intervenção/ação, em que alunos do Instituto Federal de Goiás, através de seus conhecimentos técnicos e de práticas pedagógicas supervisionadas, direcionaram a alunos do 3° ano do Ensino Médio uma aula sobre o tema “Dengue: medidas caseiras de prevenção”. O professor da disciplina de Química da escola-campo acompanhou o trabalho e correlacionou o tema com as suas atividades ministradas. A atividade abrangeu a explicação, na escola-campo, dos compostos químicos presentes nos repelentes produzidos com óleos essenciais de plantas. Foram realizados os experimentos: obtenção do álcool aromatizado do cravo-da-índia e fabricação de velas de citronela. Os alunos responderam questionários para verificação de aprendizagem quanto aos temas trabalhados.

Palavras chaves

Dengue; Prevenção; Ensino de Química

Introdução

Realizar estágio em perspectiva de projetos supõe o compromisso de realizar ações significativas para uma escola de melhor qualidade voltada à inclusão social e em constante diálogo entre os participantes (PIMENTA; LIMA, 2011). O tema “Dengue: medidas caseiras de prevenção” foi escolhido considerando que no ano de 2013, houve um aumento significativo de pessoas infectadas na região de Goiás, comparado aos anos anteriores. Dengue é uma infecção que vem preocupando as autoridades sanitárias de todo o mundo, já que pode assumir formas graves e letais. Com a resistência do mosquito transmissor aos inseticidas convencionais, cresceu a procura por extratos naturais que sejam efetivos no combate ao mosquito adulto e/ou à larva de Aedes aegypti e que sejam isentas de toxicidade para o ambiente (SIMAS et. al. 2004). No Brasil, a ocorrência da dengue se espalhou pelos grandes centros urbanos de todas as regiões, transformando-se nas últimas duas décadas no principal problema de saúde pública do país (DUQUE, 2010). Novas formas de prevenção são adotadas, dentre estas, o uso de repelentes, industrializados ou caseiros. São usadas substâncias com discreto odor, veiculadas em preparações cosméticas convencionais, como: cremes, loções, géis e óleos. Os repelentes de aplicação tópica são substâncias usadas para afastá-los ou modificar o comportamento, impedindo-os de picarem. São divididos em duas categorias: os óleos (voláteis e fixos) derivados de plantas e as substâncias químicas sintéticas. Dentre os derivados de plantas, podemos citar: óleo de citronela, óleo de andiroba e os piretróides.Os repelentes químicos mais comuns são: indalona, dimetilftalato, hexanodiol e DEET (N,N-dimetil-meta- toluamida ou N,N-dimetil-3-metilbenzamida ou Benzamida, N,N-dietil-3-metill-) (CAMARGO, 2008).

Material e métodos

A presente pesquisa foi realizada a partir de projeto de intervenção/ação na escola-campo, junto a 15 alunos do 3º ano do ensino médio de uma escola pública de Itumbiara – Goiás. Três alunos de licenciatura do Instituto Federal de Goiás, câmpus Itumbiara, junto ao professor de Química da escola-campo e dois professores do IFG, orientadores do estágio, trabalharam as práticas utilizadas, despertando nos alunos do ensino médio o interesse em cuidar do meio ambiente e estimular técnicas simples de utilização de plantas e óleos aromáticos (citronela e cravo-da-índia) que afetam os mosquitos transmissores da dengue. O projeto de intervenção/ação foi definido com o intuito de transformar uma ideia de prevenção à Dengue em ação, visando amenizar um risco à saúde humana. Com a participação dos alunos da escola-campo, esperava-se conscientizar, prevenir e combater uma doença que atingiu a região fortemente. Para criação e desenvolvimento do projeto, o trabalho foi dividido tem três partes: fundamentação teórica, análise e diagnóstico do ensino de Química na escola campo e a elaboração/execução/avaliação do projeto de pesquisa/intervenção. A intervenção/ação abrangeu a elucidação, em sala de aula, dos compostos químicos presentes nos repelentes produzidos com óleos essenciais de plantas; em seguida, foi realizada a demonstração da produção de um repelente contra picada do mosquito da dengue a partir do botão seco da flor do cravo-da-índia; e a produção, em parceria com os alunos, de velas aromáticas de citronela. Para analisar o processo de desenvolvimento da aprendizagem dos alunos, utilizou-se um questionário após a etapa experimental. O professor da disciplina de Química da escola-campo acompanhou o trabalho, promovendo a correlação com as atividades ministradas.

Resultado e discussão

Inicialmente, um questionário foi entregue aos 15 alunos para identificar os conhecimentos prévios sobre o tema da aula. Dentre os respondentes, 100% demonstraram conhecer sobre a dengue e as maneiras de evitar a proliferação de larvas do transmissor. Já sobre a planta Citronela e o Cravo-da-Índia, apenas 7% demonstrou conhecimento, ainda assim, não muito preciso. Através da apresentação de slides - imagens e vídeos sobre as plantas Citronela e Craveiro da Índia - foram apresentados tópicos sobre os métodos caseiros que podem ser usados no combate ao mosquito Aedes Aegypti. Foram trabalhadas com os alunos as estruturas químicas dos componentes dos óleos essenciais, evidenciando a importância da conformação estereoquímica de cada um para garantir que os compostos preservem seu cheiro característico. Seguiu-se uma explicação sobre a extração do óleo de Citronela, com a demonstração da obtenção do álcool aromatizado do cravo-da- índia para a fabricação de repelentes e também a tintura de citronela para a criação de velas aromáticas, evidenciando sempre os processos químicos envolvidos. Os alunos produziram velas aromáticas de Citronela, que puderam levar para casa para utilizarem, a fim de verificar a eficiência do óleo da planta para repelir os insetos. Finalmente, foram sorteadas mudas de Citronela aos alunos que tinham interesse em plantar em suas residências. Foi aplicado novo questionário, sobre a Citronela e o Cravo-da-Índia, sua composição e aplicação. Sobre o Cravo-da-Índia, os alunos destacaram seu aroma marcante, seu efeito repelente e o fato de ser uma flor, e não caule ou fruto do Craveiro da Índia. Destacaram compreensão sobre a Citronela, sua composição repelente e que pode ser utilizada para desinfetantes caseiros.

Conclusões

O estágio curricular supervisionado tem como meta promover a formação dos futuros professores de Química, despertando nos licenciandos a habilidade de ser pesquisador. Projetos de extensão devem beneficiar a região e promover uma ponte entre academia e comunidade. O presente projeto representou a necessidade de promover ações de prevenção continuada, com estratégias que evitem a transmissão da Dengue. O presente estudo apontou para a necessidade de existir ações subsequentes, relacionadas a esta temática, envolvendo a Química nos conhecimentos e práticas cotidianas da sociedade.

Agradecimentos

Ao Instituto Federal de Goiás, alunos de Licenciatura em Química e alunos e professores da escola-campo, que participaram desta investigação.

Referências

CAMARGO, A. X. 2008. Uso de repelentes no meio militar como prevenção de doenças causadas por vetores: os benefícios vencendo os riscos. Rio de Janeiro: Essex.
DUQUE, Jonny E. et al. 2010. Dengue no Estado do Paraná, Brasil: distribuição temporal e espacial no período 1995-2007. Revista Univ. Ind. Santander. Salud, Bucaramanga, v. 42, n. 2.
SIMAS, Naomi Kato et al. 2004. Produtos naturais para o controle da transmissão da dengue: atividade larvicida de Myroxylon balsamum (óleo vermelho) e de terpenóides e fenilpropanóides. Revista Química Nova, vol.27, n.1.
PIMENTA, Selma Garrido. LIMA, Maria Socorro Lucena. 2011. Estágio e docência. In:____. Planejando o estágio em forma de projetos. 6. ed. São Paulo: Cortez.

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