Oficina de refrigerante: Inovando o ensino de equilíbrio químico e princípio de Le Chatelier

ISBN 978-85-85905-10-1

Área

Ensino de Química

Autores

Bombonatto, A.K.G. (UEG) ; Fernandes, A.S. (UEG) ; Moreira, L.M.O. (UEG) ; Santos, F.S. (UEG) ; Silva, K.T. (UEG)

Resumo

A contextualização é uma ferramenta eficaz para despertar a curiosidade e o interesse do aluno em aprender conteúdos. Além disso, permite a aprendizagem significativa, uma vez que permite o aluno relacionar conhecimentos novos, a conhecimentos prévios. Nesse sentido, a presente proposta visou contribuir para construção do conhecimento “Equilíbrio químico e Princípio de Le Chatelier” a partir da temática refrigerante. Sendo esta bebida muito apreciada pelos estudantes, estes se sentiram motivados em compreender os conceitos químicos por detrás da famosa bebida. As atividades lúdicas colaboraram para motivação e integração dos estudantes.

Palavras chaves

contextualização; jogos; experimentação

Introdução

A legislação brasileira define refrigerante como, uma bebida gaseificada, obtida pela dissolução em água potável, de suco, xaropes, extratos, adicionada de açúcar, onde deverá ser obrigatoriamente saturado de dióxido de carbono, industrialmente puro (Brasil, 2009). Quando o refrigerante é fabricado, o gás carbônico se solubiliza no líquido, por meio de duas condições: pressões elevadíssimas e baixas temperaturas. Assim, o gás se torna líquido e é engarrafado. É por isso que o refrigerante já sai gelado das fábricas. Quando bebemos o refrigerante, várias alterações são feitas nesse sistema, deslocando equilíbrio químico de diversas formas. Essas alterações no equilíbrio podem ser compreendidas pelo principio de Le Chatelier, que diz que, quando é causada alguma forma de perturbação em um sistema químico, o seu equilíbrio se desloca, no sentido de reduzir essas perturbações. Existem três fatores principais, que podem interferir no equilíbrio químico do refrigerante, no caso, a temperatura, a concentração e a pressão (Atkins e Jones,2006). Pelo fato dessa bebida ser muito consumida e estar presente em nosso cotidiano, buscamos melhorar o ensino- aprendizagem de conteúdos, de equilíbrio químico e principio de Le Chatelier,a partir da contextualização por meio da temática “Fabricação de refrigerantes”. A contextualização está proposta na LDB e permite a inserção de assuntos do dia-a- dia em sala de aula. Além de proporcionar uma melhor participação do aluno, permite que ele seja agente do processo ensino-aprendizagem, uma vez que suas vivências e experiências são consideradas. Ressaltamos que a contextualização também desperta a curiosidade e melhora a aprendizagem, pois o aluno compreende que seu estudo será útil de alguma forma na sua vida cotidiana.

Material e métodos

A presente proposta foi realizada em uma turma de terceira série do ensino médio do Colégio Estadual Américo Borges de Carvalho, município Anápolis, Goiás. A Temática foi escolhida levando em consideração o grande consumo de refrigerantes entre os jovens e adolescentes e dificuldades que os estudantes têm em compreender os conteúdos de Equilíbrio químico e Principio de Le Chatelier. Dividimos o plano de trabalho em duas etapas. 1) Seminário, oficina e jogo: “Fabricação industrial do refrigerante” e “Elaboração de refrigerante caseiro de laranja”. Inicialmente foi apresentado histórico e composição do refrigerante, seguido de um “tour”, em vídeo, a uma fábrica de refrigerantes, mostrando todas as etapas de do processo de fabricação. Logo após, foi conduzida a oficina de elaboração do refrigerante. O refrigerante foi preparado conforme receita apresentada na Figura 1a. No final, os alunos participaram de um jogo, cruzadinha química (Figura 1b) para avaliação da aprendizagem dos conteúdos ministrados. 2) Discussão e jogo:Fatores que influem o equilíbrio gasoso, de acordo com o princípio de Le Chatelier. Para isso, foi apresentado um painel, contendo reações químicas e ilustrações,mostrando o que ocorre com o gás do refrigerante ao ser submetido a alterações na temperatura e pressão. Além disso, os alunos trocaram experiências, sobre beber refrigerante aberto depois de um tempo e o que ocorre com o gás quando a temperatura é aumentada. Após a discussão o aproveitamos para mostrar o porquê da eructação (arroto) depois de ingerir a bebida gasosa (Figura 2a). Neste momento, foram apresentadas todas as reações químicas, bem como o deslocamento do equilíbrio. Para avaliar o aprendizado dos alunos foi realizado o jogo - loteria química, conforme regras contidas na Figura 2b.

Resultado e discussão

A contextualização a partir da temática “Refrigerante” colaborou eficazmente para o ensino-aprendizagem de equilíbrio químico e princípio de Le Chatelier. Segundo Kato e Kawasaki (2011), a contextualização no ensino permite trazer o cotidiano para a sala de aula, ao mesmo tempo em que aproxima o dia-a-dia dos alunos do conhecimento científico. Assim, a aprendizagem é possível, porque o aluno é capaz de aprender o novo conhecimento (científico), a partir do que já sabia, pelas suas vivências cotidianas. Essa transposição de conhecimento cotidiano em conhecimento científico acontece, porque segundo Ausubel et al. (1980), o indivíduo é capaz de relacionar novos conhecimentos a conhecimentos prévios. E desta forma, a aprendizagem é significativa.A realização das diferentes atividadespropostas, seminário, oficina, discussão e jogos colaboraram para motivação, participação e integração dos estudantes. Isto foi percebido pela mudança de atitude dos mesmos. Durante o seminário, os alunos estavam curiosos e atentos. Quando apresentamos o “tour” à fábrica de refrigerantes, eles fizeram anotações e posteriormente questionaram sobre o processo de fabricação e composição do refrigerante. A oficina de fabricação do refrigerante caseiro de laranja permitiu que os alunos experimentassem, de forma simples, a elaboração da bebida tão apreciada por eles. E os jogos, cruzadinha e loteria química motivaram os estudantes. Segundo Cunha (2012), a ideia do ensino despertado pelo interesse do estudante passou a ser um desafio à competência do docente, e por isso, é necessário que o professor seja criativo, ousado e procure novas metodologias para suas aulas, rompendo com o método tradicional.







Conclusões

A contextualização do ensino de equilíbrio químico, por meio da temática refrigerante, desperta o interesse dos estudantes, uma vez que eles se sentem motivados a descobrir o novo, de algo que é tão presente no seu dia-a-dia. Diferentes atividades, como experimentação e jogos permitiu a participação ativa dos estudantes na elaboração de hipóteses, argumentações, o que permitiu a construção do conhecimento. As manifestações de satisfação dos alunos, pelas atividades diferenciadas, deixam claro que sua insatisfação não é com a química, mas sim com a metodologia de ensino que o professor adota.

Agradecimentos

Agradecemos ao apoio financeiro da Bolsa Pró-Licenciatura e ao programa de auxílio eventos (Pró-Eventos) da UEG.

Referências

Atkins, P.W.;Jones, L.Princípios de química: questionando a vida moderna e o meio ambiente. 3.ed. Porto Alegre: Bookman, 2006. 965 p.
Ausubel, David P., Novak, Joseph D., Hanesian, Helen. Psicologia educacional. Tradução Eva Nick. Rio de Janeiro: Interamericana, 1980.
Brasil. MAPA. Decreto n. 6.871, de 4 de junho de 2009. Regulamenta a Lei n° 8.918, de 14 de julho de 1994, que dispõe sobre a padronização, a classificação, o registro, a inspeção, a produção e a fiscalização de bebidas. Diário Oficial da União, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Brasília, DF, 4 jun. 2009. Acesso em: 02 de Abril de 2014.
Cunha, Márcia Borin. Jogos no ensino de química: considerações teóricas para sua utilização em sala de aula. Química Nova na Escola, v. 34, n. 2, p. 92-98, maio 2012.
Kato, D. S. e Kawasaki, C. S. As concepções de contextualização do ensino em documentos curriculares oficiais e de professores de ciências. Ciência & Educação, 17, n.1, 2011. P.35-50.

Patrocinadores

CNPQ CAPES CRQ15 PROEX ALLCROM

Apoio

Natal Convention Bureau Instituto de Química IFRN UFERSA UFRN

Realização

ABQ