PERCEPÇÃO DA QUÍMICA NO DIA-A-DIA POR ESTUDANTES DO CURSO DE GESTÃO AMBIENTAL

ISBN 978-85-85905-10-1

Área

Ensino de Química

Autores

Costa, R. (UFRRJ/ITR) ; Garrido, F. (UFRRJ/ITR)

Resumo

Diferente do que se imagina, a Química sempre se relacionou com o nosso cotidiano, o que facilita a transmissão dos conceitos químicos (GADELHA, 2006). Porém, atualmente a forma de transmiti-los está tão obsoleta que desestimula cada vez mais os alunos dessa disciplina. Os alunos que todos os anos entram na Universidade possuem uma bagagem desfavorável, dificultando, assim, o trabalho dos professores universitários. Dessa maneira torna-se necessário o uso de metodologias que relacionem a Química às necessidades básicas do ser humano tais como: alimentação, vestuário, saúde, moradia e outras.

Palavras chaves

Química no cotidiano; ensino da química; metodologias alternativas

Introdução

A química está imersa no nosso cotidiano. Fornecimento de energia, alimentos, meio ambiente e poluição, processos biológicos, medicina, processos industriais. Essa presença no dia-a-dia estimula a curiosidade das pessoas e aparentemente facilitaria a transmissão dos conceitos químicos (GADELHA, 2006). Todavia, não é o que acontece. Boa parte dos alunos que entram na Universidade traz consigo do Ensino Médio uma Química rotulada como “difícil e complicada”. É preciso que o professor faça com que isso seja modificado, sendo uma boa estratégia para tal,abordar o conteúdo da disciplina relacionando-o às necessidades básicas do ser humano tais como: alimentação, vestuário, saúde. Segundo Vygotsky (2000), a interação social é fundamental para a tomada de consciência sobre o conhecimento abstrato. E a partir dessas definições, o estudante já poderia se posicionar em relação aos inúmeros problemas da vida moderna, os quais são estudados no curso de Gestão Ambiental, como: poluição, recursos energéticos, reservas minerais,uso de adubos e agrotóxicos. A química é fundamentalmente uma ciência experimental. É uma ciência muito além de aprender a observar a natureza e o universo. É poder instrumentalizar as explicações sobre fenômenos que acontecem. No entanto, diferentemente da forma de ensino limitada a se reproduzir fórmulas e conceitos, é preciso que haja uma interação entre o professor e o aluno. Pensando nisso, o trabalho realizado procurou revelar a percepção da química no dia-a-dia pelos calouros do curso, fazendo com que estes usassem novas metodologias para favorecer o processo ensino-aprendizagem de química. Com isso, tornou-se possível inspirar o interesse dos mesmos na participação em projetos acadêmicos, que envolvessem a química e Gestão Ambiental.

Material e métodos

Ao se iniciar o período, foi oferecida a leitura do capítulo do livro “Barbies, Bambolês e Bolas de Bilhar” intitulado "Em volta da casa", do autor Joe Scwarcz. Ele havia sido selecionado pela abordagem de sustentabilidade e química. A partir daí, foi proposto aos alunos que escrevessem um breve texto, dissertando sobre a intervenção da química no dia-a-dia de cada um. Houve diversas respostas desde a mais científica até a mais rotineira. E a partir da análise dessa produção textual, percebeu-se a necessidade de se apresentar aos estudantes uma realidade na qual a química não fosse tratada como um estudo à parte do que ocorre no seu dia-a-dia. Foi então que entrou a monitoria como forma de auxiliar nesse processo. A monitoria apresentou-se como trabalho de continuação das ações desenvolvidas em sala de aula, tendo como principal objetivo realizar uma ponte entre alunos e professor. Assim, as dúvidas que surgiam nas aulas eram reprocessadas na monitoria, onde se buscava solucioná-las. Foi nesse processo que o uso de metodologias e experimentos que relacionavam fatos do dia-a-dia com os assuntos abordados em aula ganharam destaque. O trabalho demandou a adaptação desses métodos e a busca por experimentos que se compatibilizassem com os assuntos estabelecidos pelo Programa Pedagógico do Curso de Gestão Ambiental.

Resultado e discussão

O entendimento de como a química pode ser percebida no entorno da vida de cada cidadão pode ser expressa na figura 1. Ao se analisar os textos produzidos, as respostas puderam ser agrupadas conforme os assuntos abaixo. Os estudantes destacaram com maior frequência a presença da química nos alimentos, cosméticos, na indústria, no aproveitamento da água e na geração de energia. Por outro lado, dois alunos relacionaram a química com uso de tecnologias para a natureza. Esses alunos puderam caracterizar problemas ambientais e relacionar a química na solução dos mesmos. Um deles se caracterizou como um futuro profissional que em sua rotina de trabalho executa a remediação de um lago eutrofizado – lago com grandes concentrações de matéria orgânica o que diminui a presença de oxigênio. A partir desse problema ele conta que buscaria correções, como por exemplo, soluções químicas para reverter essa problemática. A proposta resultou em pesquisas a respeito de como dinamizar o ensino da química. Foram criados protocolos experimentais com linguagem simples entendimento (FREITAS-REGO et al., 2008), os quais puderam ser usados em sala de aula a fim de demonstrar o porquê e o como que determinadas reações ou fenômenos acontecem. O resultado das pesquisas feitas com os alunos foi de que atualmente a química é uma disciplina que vem sendo ministrada a partir do seguimento de certos padrões, onde a transmissão de fórmulas e conceitos científicos é mais importante do que o encantamento do aluno pelo o que está aprendendo.

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A química para os alunos de Gestão Ambiental do Instituto Três Rios.

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Continuação.

Conclusões

Conclui-se, a partir desta pesquisa, que os mais novos universitários têm dificuldade de se encaixar na prática acadêmica por não possuírem uma base em disciplinas abordadas no dia-a-dia da academia. Então, propor uma abordagem mais dinâmica e experimental onde a prática está trabalhando com a teoria constantemente, é o essencial. Observou-se que a metodologia simples, com o uso de materiais e amostras do cotidiano, apresentou a Química como parte integrante da vida desses estudantes, os quais normalmente vivenciaram uma condição de sala de aula que distancia as ciências do cotidiano.

Agradecimentos

Referências

GADELHA, M. M.A identidade da Química no Brasil no contexto dos discursos de divulgação científica: um estudo de caso em quatro periódicos. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-graduação em Memória Social, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro: 2006.

REGO, F.F.; ALCANTARA L.C.; MOURA NETO, J.P.; MIRANDA, A.C.; PEREIRA, O.S.; GONCALVES, M.S.; GALVAO-CASTRO, B. HTLV type 1 molecular study in Brazilian villages with African characteristics giving support to the post-Columbian introduction hypothesis. AIDS Res Hum Retroviruses 24(5):673-7, 2008.

VYGOTSKY, L. S. (2000). A Formação Social da Mente. São Paulo: Martins Fontes.

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