Desenvolvimento Sustentável no Ensino de Química: Bagaço de cana utilizado como aditivo estabilizante para pavimentação.

ISBN 978-85-85905-10-1

Área

Ensino de Química

Autores

Silva, M.R. (EREM LEOBALDO SOARES DA SILVA) ; Fernandes, E.L. (POLITEC) ; Dias, I.J.M. (SESI/PE) ; Rabelo, A.C.S. (UAA)

Resumo

Este trabalho apresenta um projeto realizado numa escola estadual, situada no município de Barra de Guabiraba-PE, com alunos do 3º ano do ensino médio. O objetivo do projeto foi estabelecer um destino para o bagaço de cana, visando reduzir os danos causados ao meio ambiente com o seu descarte e trabalhar conceitos químicos vinculados no processo de reciclagem. O bagaço de cana que é utilizado para produção de energia renovável, pode também substituir a fibra celulose, um produto importado, usado como aditivo estabilizante de asfalto, um processo conhecido como SMA (Stone Matrix Asphalt). Uma alternativa que além de sustentável, contribui economicamente na produção de pavimentação, podendo ainda ser levado à sala de aula como temática de solução para problemas ambientais.

Palavras chaves

Bagaço de cana; reciclagem; experimentação

Introdução

A produção de açúcar e álcool gera cerca de 270 quilogramas de bagaço por tonelada de cana- de- açúcar moída. A maior parte do bagaço e queimada nas caldeiras das usinas para produção de energia térmica ou elétrica, tornando a indústria sucroalcooleira uma das únicas a ser produtor e consumidor de energia renovável. Apesar de a maior parte do bagaço de cana ser queimada na produção de açúcar e álcool, ainda existe um excedente sem uma destinação certa (LEAL e CASTRO, 2012 apud SUN et al., 2004; CANILHA et al., 2007). Segundo Costa (2010), para evitar o desperdício é possível substituir a fibra celulose usada na produção de asfalto por bagaço de cana, um processo conhecido como Stone Matrix Asphalt (SMA), que além de ser mais econômico, apresenta maior resistência ao desgaste, diminuição do efeito de aquaplanagem e aumento da aderência do pneu à superfície do pavimento. É perceptível a busca por alternativas de preservação do meio ambiente, pois as conseqüências dos impactos ambientais já estão sendo vivenciadas. É nesse momento que a educação entra mostrando a sua importância, pois ela se apresenta como um dos principais divulgadores que tem a responsabilidade de esclarecer aos alunos as causas dos problemas ambientais, contribuindo dessa forma, para sensibilizar as diferentes gerações sobre a realidade, e possibilitar a oportunidade de mudança de atitudes, hábitos e valores (CARVALHO, 2009). O ensino de química não pode estar limitado a teoria, quando se pode vinculá-lo à prática. Nessa concepção é importante apresentar problemas sociais que podem ser resolvidos mediante o conhecimento químico no próprio ambiente escolar.

Material e métodos

O presente projeto foi realizado no período de 20 a 23 de maio de 2014, na Escola de Referência em Ensino Médio Leobaldo Soares da Silva, situada na cidade de Barra de Guabiraba, interior de Pernambuco, numa turma do 3º ano do Ensino Médio, com 35 alunos participantes. Antes de levar a proposta prática, foi apresentado o material teórico, relatando a produção de bagaço de cana-de-açúcar no país, que chega a um total de 132 milhões de toneladas por ano, que embora, a maior parte seja queimada nas caldeiras das próprias usinas para geração de energia térmica ou elétrica, cerca de 30% é descartado de forma inadequada no meio ambiente. Após a explanação teórica, em laboratório foi demonstrado como seria realizada a prática, dosando uma mistura asfáltica SMA, substituindo a fibra celulose pelo bagaço de cana. No dia seguinte, a turma foi dividida em grupos de 05 (cinco) pessoas para preparar o experimento conforme a orientação estabelecida no dia anterior. Com os grupos organizados e os materiais distribuídos, a turma realizou o experimento, cada um usou uma tábua de madeira revestida de areia, para simular um trecho de estrada, produziu-se o asfalto do tipo SMA e foi aplicado nas tábuas e as mesmas foram levadas para área externa da escola para expor ao sol, permitindo assim, uma secagem mais rápida. Sob um tempo de observação o asfalto ficou pronto em 03 dias. Após a realização do projeto foi solicitado a cada grupo a produção de um relatório, no qual, os alunos pudessem descrever de que forma o bagaço de cana excedente nos engenhos, pode ser útil nas vias urbanas, pois além da vantagem da abundância do produto na região, a mesma pode substituir a fibra celulose, que é produzida na Alemanha e importada pelo Brasil.

Resultado e discussão

Esse trabalho possibilitou uma atividade de reciclagem, visando os benefícios ambientais e sociais. Para os alunos foi uma inovação, pois os mesmos desconheciam que o bagaço de cana tinha alguma utilidade, tanto para energia renovável, quanto para a pavimentação asfáltica. Os resultados positivos do projeto ficaram evidentes, despertando o interesse e curiosidade do alunado sobre a importância da reciclagem e as vantagens de sua aplicação para um mundo mais sustentável. Foi possível trabalhar de forma inovadora sem fugir dos conteúdos de química, interligando o estudo ao cotidiano do aluno e incrementando ainda mais as aulas experimentais, mostrando assim que os experimentos não estão limitados as quatro paredes de um laboratório, mas tem sua aplicabilidade e produtividade no dia-a-dia da comunidade.

Conclusões

Através do projeto aplicado, ficou claro que ao se trabalhar com um tema diferenciado, mesmo simples, é possível obter resultados satisfatórios. A utilização de bagaço de cana como aditivo estabilizante para asfalto, substituindo um produto importado, a fibra celulose, é um processo simples e prático, que pode ainda trazer muitos benefícios para a comunidade, se implantado. Como estudo, observou-se que atração de atenção foi notória, e que temas diversificados podem ser alternativas para uma aula menos convencional e mais dinâmica, capaz de motivar os alunos para o ensino-aprendizagem.

Agradecimentos

Referências

CARVALHO, Maria de Lourdes de Souza. Educação Ambiental: A reciclagem de papel na sala de aula. Campina Grande – PB, 2009.

COSTA, Sirlene Maria da. Bagaço de cana deixa asfalto. Disponível em: http://brasileconomico.ig.com.br/ultimas-noticias/bagaco-de-cana-deixa-asfalto-mais-barato_88072.html. Acesso em: 12/05/2014

LEAL, Cláudio Luiz Dias; CASTRO, Protasio Ferreira e. Construção de um trecho experimental em SMA
usando bagaço de cana-de-açúcar como aditivo. Campos de Goytacazes – RJ, 2012.

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