A PRÁTICA DE QUÍMICA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS (EJA)

ISBN 978-85-85905-10-1

Área

Ensino de Química

Autores

Santos, J.P.V. (UFU) ; Rodrigues Filho, G. (UFU) ; Amauro, N.Q. (UFU)

Resumo

A EJA é uma modalidade de ensino voltada para jovens e adultos que estão fora do sistema educacional regular e desejam retornar aos estudos e recuperar as oportunidades perdidas. Neste retorno é esperado que estes alunos encontrem um modelo de ensino adaptado à sua nova realidade e que, principalmente, leve em consideração as suas experiências e expectativas de melhorias. A disciplina de Química deve possibilitar a esses alunos a compreensão das transformações químicas que ocorrem no mundo Neste trabalho alunos de duas escolas que ofertam a EJA- Ensino Médio no município de Itumbiara-GO participaram de duas atividades práticas de Química. Na percepção dos educandos as aulas práticas assumiram papel significante e possibilitaram uma melhor compreensão da Química.

Palavras chaves

EJA; Ensino; Química

Introdução

De acordo com o Conselho Nacional de Educação (CNE) (Brasil, 2000 e 2006), a Educação de Jovens e Adultos (EJA) destina-se a assegurar gratuitamente aos jovens e adultos, que não puderam efetuar os estudos na idade regular, oportunidades educacionais apropriadas, considerando as características do aluno, seus interesses, condições de vida e de trabalho. A Química é uma disciplina que faz parte do programa curricular do ensino médio. A aprendizagem de Química deve possibilitar aos alunos a compreensão das transformações químicas que ocorrem no mundo físico de forma abrangente e integrada, para que estes possam julgar, com fundamentos, as informações adquiridas na mídia, na escola, com pessoas, etc. (PCN's. MEC/SEMTEC, 1999). Como tem demonstrado Chassot (2004), o ensino de Química brasileiro é inútil, ou melhor, só tem sido útil para ajudar os estudantes a serem mais dominados. Para tentar reverter essa situação é preciso que a Química seja percebida como algo útil e significativo e isso ocorrerá na medida em que o educador mantiver uma relação recíproca dos conhecimentos científicos com o mundo atual e vivido pelos alunos. As aulas de Química, incrementadas por aulas prática, são uma maneira eficiente de ensinar e melhorar o entendimento dos conteúdos do cotidiano, facilitando a aprendizagem. Os experimentos facilitam a compreensão da natureza da ciência e dos seus conceitos, auxiliam no desenvolvimento de atitudes científicas e no diagnóstico de concepções não científicas.

Material e métodos

Alunos de duas escolas (A e B) que ofertam a EJA-Ensino Médio no município de Itumbiara-GO participaram de duas atividades práticas de Química nos laboratórios do IFG-Câmpus Itumbiara e posteriormente alguns destes responderam a entrevista realizada em grupos que variaram de dois a quatro totalizando quinze alunos. Na primeira atividade os alunos receberam noções gerais de segurança no laboratório e conheceram algumas das principais vidrarias usadas em aulas práticas e análises laboratoriais. Na sequência realizaram atividade de identificação de ácidos e bases pelo indicador fenolftaleína e noções de pH através da utilização de papel indicador. Esta aula teve duração aproximada de uma hora e foi realizada com explicação teórica em quadro branco com pincel e demonstrações práticas. Na segunda atividade os alunos retornaram ao laboratório e realizaram atividades relacionadas às reações químicas. Uma semana após a realização das duas atividades práticas os alunos foram convidados a participar de uma entrevista em grupo. As perguntas fizeram parte de um roteiro além de novos questionamentos ao longo do processo de acordo com o andamento da entrevista. Esta pesquisa possui caráter qualitativo e os principais temas abordados nas entrevistas foram relativos às dificuldades do aluno EJA para estudar, a sua percepção sobre a disciplina de Química antes e após terem realizado as atividades práticas, a visão desses alunos em relação à importância da disciplina de Química dentre outros.

Resultado e discussão

Antes de realizar as atividades os alunos foram questionados sobre o que aconteceria em cada uma das reações e as respostas foram distantes da realidade, mostrando a falta de relação teoria-prática por parte deles. Após cada atividade (Figura 1) eles receberam as explicações que deram sustentação teórica ao que realizavam. Sobre a vinculação do conteúdo teórico de Química com o dia a dia todos acham importante, porém também afirmam que isso não ocorre com frequência nas aulas, o que prejudica muito o entendimento dos conteúdos. “Acho incrível saber que tudo que você aprende na escola é o seu dia-a-dia que você está vivendo” (Aluno escola B). A contextualização dos conteúdos teóricos com o cotidiano do aluno é tema frequente de discussão em muitos trabalhos (MOREIRA, et al., 2011; VIDAL e MELO, 2013; KASSEBOEHMER e FERREIRA, 2013; WARTHA et al., 2013). São vários os bons exemplos de aplicações, mas, o grande diferencial para que isso aconteça é a vontade do professor em superar os desafios como tempo para ministrar sua aula, falta de recursos, falta de local apropriado para a experimentação e de materiais. Os alunos também afirmaram terem sido muito importantes as atividades práticas realizadas no laboratório, pois propiciaram conhecer um ambiente em que a Química acontece na prática. “Facilitou bastante. Eu mesmo não conhecia nada, só por televisão. Na aula prática a gente aprende mais e conhece mais os instrumentos de trabalho, facilita bastante mesmo” (Aluno escola A). As duas aulas práticas assumiram papel significante na percepção da importância da Química o que pode ser demonstrado nas respostas dadas ao longo das entrevistas.

Figura 1:

Alunos da escola A realizando atividades práticas no laboratório de química.

Conclusões

É preciso repensar a Educação de Jovens e Adultos em sua totalidade e, diante deste quadro, promover a capacitação do cidadão, a inclusão, o resgate de seu valor e da sua autoestima. Neste cenário, cada disciplina ofertada deve ser vista como uma oportunidade de resgate desses valores. As atividades práticas em laboratórios propiciam uma aproximação dos alunos da EJA da verdadeira finalidade de se ensinar Química e são eficientes em chamar a atenção do aluno, despertar a curiosidade e aproximar teoria da prática.

Agradecimentos

À UFU e ao IFG pela estrutura oferecida e pela bolsa do PIQS/IFG.

Referências

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros curriculares nacionais: ensino médio. Brasília: MEC/SEMTEC, 1999. 4v.

BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos. Brasília: MEC, 2000. ______. Parecer CNE/CEB nº 36/2004, de 7 de dezembro de 2004. Brasília: Conselho Nacional de Educação,2006.______Orientações Curriculares para o Ensino Médio. v.. 2.Brasília: MEC/SEB, 2008.

CHASSOT, A. Para que(m) é útil o ensino?2.ed. Canoas: Ed. ULBRA, 2004.

KASSEBOEHMER, A. C e FERREIRA, L. H. Elaboração de hipóteses em atividades investigativas em aulas teóricas de Química por estudantes de Ensino Médio. Química Nova na Escola, n. 3, p.158-164, 2013.

MOREIRA, P. F. S. D; RODRIQUES FILHO, G; FUSCONI, R; JACOBUCCI, D. F. C. A Bioquímica do Candomblé – Possibilidades Didáticas de Aplicação da Lei Federal 10639/03. Química Nova na Escola, n. 2, p. 85-91, 2011.

VIDAL, R.M.B.; MELO, R.C. A química dos sentidos – uma proposta metodológica. Química Nova na Escola. n. 1, p. 182-188, 2013.

WARTHA, E. J; SILVA, E. L; BEJANARO, N. R. Cotidiano e Contextualização no Ensino de Química. Química Nova na Escola, n. 2, p.84-90, 2013.

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