Roxinho (Peltogyne cf. subsessilis) como proposta de indicador natural de pH e sua aplicação em uma escola de ensino de Ariquemes – Rondônia – Amazônia Ocidental – Brasil

ISBN 978-85-85905-10-1

Área

Ensino de Química

Autores

Souza, A. (INSTITUTO FEDERAL DE RONDÔNIA) ; Vanuchi, V. (INSTITUTO FEDERAL DE RONDÔNIA) ; Souza, F. (INSTITUTO FEDERAL DE RONDÔNIA) ; Ribeiro, L. (INSTITUTO FEDERAL DE RONDÔNIA) ; Faustino, E. (FAEMA) ; Baptista, J. (INSTITUTO FEDERAL DE RONDÔNIA) ; Zan, R. (INSTITUTO FEDERAL DE RONDÔNIA)

Resumo

A escala de pH é utilizada para medir a acidez e a alcalinidade de substâncias através do pHmetro, podendo ser sintético ou natural, em uma escala que varia de 0 a 14. A árvore encontrada na Amazônia Peltogyne cf. subsessilis (conhecida como Roxinho) possui uma tintura que é liberada com facilidade, sendo assim foi utilizada como teste para desenvolver uma escala de pH. Feito a escala obteve-se colorações diferentes, em um ácido forte obteve-se coloração rosa, ácido fraco, coloração cinza, neutro, coloração verde, base fraca, coloração marrom claro e base forte coloração marrom escuro. A proposta foi aplicada na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Heitor Villa Lobos (Ariquemes - RO) demonstrando resultados favoráveis em relação ao uso do extrato do roxinho como indicador.

Palavras chaves

Roxinho; pH; Indicador

Introdução

De acordo com GAMA E AFONSO (2007), em 1909 Sören P. T. Sörensen (1868-1939), bioquímico dinamarquês, estabeleceu uma maneira conveniente de expressar a acidez utilizando o logaritmo negativo da concentração do íon hidrogênio: pH = - log [H+]. A introdução do pH revolucionou inúmeros processos industriais em meio aquoso: precipitações, culturas bacteriológicas, fermentações, produção de leite e derivados e também, diversas operações unitárias da indústria (filtração, decantação, flotação), feitas antes às custas de procedimentos inadequados. Para medir o pH utilizam-se indicadores, que são substâncias que mudam de cor em função da concentração do íon hidrônio (H+) e da concentração do íon hidroxila (OH-), a qual apresenta valores que variam de 0 (zero) a 14 (quatorze) (USBERCO E SALVADOR, 2002), e quando a substância for neutra o pH = 7, ácida o pH < 7 e básica o pH > 7 (FATIBELLO-FILHO et al, 2006). Segundo CUCHINSKI, CAETANO E DRAGUNSKI (2010) os extratos de plantas podem ser uma alternativa simples e de baixo custo, podendo auxiliar o professor no processo de ensino-aprendizagem de química, tornando o aprendizado mais interessante. Na maioria das escolas públicas a estrutura laboratorial é precária, faltando espaço físico, reagentes e vidrarias. Sabendo da importância dos temas pH, acidez e basicidade no ensino de química, e na busca de ferramentas de como demonstrar de forma concreta esses temas, com uso de materiais cotidianos e regionais, o objetivo é buscar uma alternativa da saída do abstrato do livro didático para a realidade do aluno, sendo a proposta medir o pH de substâncias utilizando o Roxinho como indicador natural, embora menos preciso que o pHmetro, mas eficiente como material didático, valorizando a flora local como fonte de pesquisa.

Material e métodos

A proposta foi realizada em três momentos distintos: preparação do extrato, elaboração da escala de pH e a aplicação do projeto na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Heitor Villa-Lobos, em horário oposto ao da aula. Foram coletadas lascas de tronco da árvore roxinho (Peltogyne cf. subsessilis), cortadas em cubos de aproximadamente um centímetro quadrado, colocados em recipiente com tampa e adicionou-se álcool etílico 96° e a mistura, a qual foi deixada em repouso por 6 horas. Em 14 tubos de ensaios foram colocadas separadamente 14 soluções tampões, com pH de 0 à 14 (Figura 1), foi adicionado o extrato de roxinho e anotado a coloração de cada tubo de ensaio, foi elaborado uma escala de cores relacionada com o valor do pH (Figura 2). A técnica utilizando o extrato de roxinho para aferir pH de substâncias presentes no cotidiano, foi aplicado na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Heitor Villa- Lobos, localizada no município de Ariquemes-RO com alunos do 2º ano do ensino médio, com os seguintes procedimentos descritos: Questionário diagnóstico, com perguntas como: afinidade ou não pela Química? O que significa pH para você e onde é utilizado como informação importante? O que é um ácido e uma base? Por que os indicadores de pH mudam de cor? No laboratório de química foi apresentada a escala de pH feita a partir do extrato de roxinho para os alunos, divididos em sete grupos, mediram- se o pH das respectivas substâncias: água do bebedouro escola, vinagre branco, refrigerante de limão, solução de sabão, solução de leite de magnésia (Mg(OH)2), solução de cal (CaO) e laranja espremida na hora. Cada grupo elaborou um relatório contendo os resultados e a fundamentação teórica sobre pH e conceito de ácido e base através do que foi apresentado até o momento.

Resultado e discussão

Nos testes para avaliação da régua de pH, foram utilizadas quatorze soluções tampão de pH variando de 1 à 14, inicialmente incolores que adquiriram coloração diferentes com a presença do extrato do roxinho, resultado da concentração de (H+) e/ou (OH-) das soluções. A Figura 1 representa os quatorze tubos de ensaio com seus respectivos valores de pH e a coloração adquirida com a presença do extrato de roxinho. Na Figura 2 é demonstrada a proposta de uma régua de pH com as colorações diferenciadas na escala de pH (1 à 14) a partir do extrato de roxinho. BRAIBANTE et al (2013) mencionam que as práticas interdisciplinares não são uma realidade nas escolas brasileiras, ainda que recomendadas pelos documentos de estruturação curriculares; neste mesmo sentido PAZINATO et al (2012) afirmam que os professores de ensino médio possuem dificuldade em contextualizar os conteúdos curriculares de química, e DIAS, GUIMARÃES E MERÇON (2003) realçam que o profissional de química tem dificuldade em relacionar os conceitos químicos expostos nas abordagens em sala de aula com a vivência cotidiana do aluno e ainda afirmam que as escolas, em especial as públicas, não possuem laboratórios nem materiais adequados para desenvolver práticas educacionais. O questionário contou com a participação de 20 alunos do 2º ano do ensino médio, apenas 30% responderam que possuem afinidade pela química, antes da aplicação da pratica cerca de 60% acertaram as perguntas sobre pH e 100% depois da pratica. No final da atividade foi solicitado aos alunos que atribuíssem uma nota de zero a dez a atividade realizada por eles, onde o resultado obtido foi uma média de 96,667, demonstrando assim o grau de satisfação deles em participar de atividades diferenciadas do cotidiano da sala de aula.

figura 1

tubos de ensaio com soluções tampões com seus respectivos valores de pH mais o extrato de roxinho. Fonte: os autores.

Figura 2

escala natural de pH a partir da flora amazônica, do tronco roxinho (Peltogyne cf. subsessilis). Fonte: os autores

Conclusões

Através desta proposta de ensino aprendizagem, constatou-se que o extrato do tronco de roxinho (Peltogyne cf. subsessilis) é um ótimo indicador de pH, além de ser simples e prático, podendo ser utilizado como uma ferramenta de ensino, onde a nova escala proposta pode ter sua utilização na construção do conhecimento em química, auxiliando o docente e proporcionando um melhor aprendizado por parte do aluno.

Agradecimentos

Agradeço primeiramente a Deus pela saúde e capacitação, ao IFRO, FAEMA e orientadores pela colaboração.

Referências

BRAIBANTE, M.E.F.; PAZINATO, M.S.; ROCHA, T.R. da.; FRIEDRICH, L. da S. e NARDY, F.C. A CANA-DE-AÇÚCAR NO BRASIL SOB UM OLHAR QUÍMICO E HISTÓRICO. Química Nova na Escola, v. 35, n. 1, p. 3-10, 2013.

CUCHINSKI, A.S.; CAETANO, J. e DRAGUNSKI, D.C. EXTRAÇÃO DO CORANTE DA BETERRABA (BETA VULGARIS) PARA UTILIZAÇÃO COMO INDICADOR ÁCIDO-BASE. Eclet. Quím., v. 35, n. 4, p. 17-23, 2010.

DIAS, M.V.; GUIMARÃES, P.I.C. e MERÇON, F. CORANTES NATURAIS: EXTRAÇÃO E EMPREGO COMO INDICADOR DE PH. Química Nova na Escola, v. 17, n. 1, 2003.

FATIBELLO-FILHO, O.; WOLF, L.D.; ASSUMPÇÃO, M.H.M.T. e LEITE, O.D. EXPERIMENTO SIMPLES E RÁPIDO ILUSTRANDO A HIDRÓLISE DE SAIS. Química Nova na Escola, v. 24, 2006.

GAMA, M. da S. E AFONSO, J.C. DE SVANTE ARRHENIUS AO PEAGÂMETRO DIGITAL: 100 ANOS DE MEDIDA DE ACIDEZ. Química Nova na Escola, v. 30, n. 1, p. 232-239, 2007.

PAZINATO, M.S.; BRAIBANTE, H.T.S.; BRAIBANTE, M.E.F.; TREVISAN, M.C. e SILVA, G.S. UMA ABORDAGEM DIFERENCIADA PARA O ENSINO DE FUNÇÕES ORGÂNICAS ATRAVÉS DA TEMÁTICA MEDICAMENTOS. Química Nova na Escola, v. 34, n. 1, p. 21-25, 2012.

USBERCO, J. e SALVADOR, E. QUIMICA. 5ª ed. São Paulo: Saraiva, 2002.

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