O ENSINO DE QUÍMICA ORGÂNICA UTILIZANDO DIABETES MELLITUS COMO TEMA GERADOR

ISBN 978-85-85905-10-1

Área

Ensino de Química

Autores

Lemos, A.S. (INSTITUTO FEDERAL FLUMINENSE) ; Sampaio, C.R. (INSTITUTO FEDERAL FLUMINENSE) ; Barros, A.C.R. (INSTITUTO FEDERAL FLUMINENSE) ; Rangel, F.C.S. (INSTITUTO FEDERAL FLUMINENSE) ; Guimarães, M.B. (INSTITUTO FEDERAL FLUMINENSE) ; Lima, R.M. (INSTITUTO FEDERAL FLUMINENSE)

Resumo

Este trabalho propôs a aplicação de uma aula contextualizada utilizando diabetes mellitus como tema gerador, para estudar alguns tipos de isomeria baseando-se na estrutura das hexoses. O objetivo desta abordagem foi favorecer a compreensão dos aprendizes com o auxílio de métodos motivadores, despertando assim o interesse dos educandos. A análise desta proposta foi verificada através da aplicação dos questionários que se deu em dois momentos para posteriormente compará-los. Ademais, verificou-se o comportamento da turma diante da nova proposta para o Ensino de Química por meio da observação. Portanto, verificou-se que a proposta teve seus objetivos alcançados de forma eficaz, mostrando que o tema gerador é uma ferramenta facilitadora da aprendizagem.

Palavras chaves

Ensino de Química; Tema gerador; Isomeria

Introdução

O ensino de Química pode ser considerado abstrato por muitos alunos quando não é tratado de forma contextualizada. Na maioria das vezes, a disciplina é trabalhada de forma tradicional, e essa prática tradicionalista é considerada uma metodologia expositiva, em que o professor atua como um mero transmissor de conhecimentos, não permitindo que o aluno reflita e consiga assimilar o conteúdo de maneira eficaz (QUEIROZ, BARBOSA E LIMA, 2007, p. 273-291). Para superar o método tradicional de ensino o professor deve atuar como formador do conhecimento utilizando novas metodologias de ensino a fim de proporcionar uma aproximação entre o conteúdo abordado e a realidade do aluno (CHASSOT, 2010, p. 329-350). Pode-se citar, como um desses métodos, o Tema Gerador. Segundo Paulo Freire (1987, p.98), essa metodologia envolve uma situação-problema presente no cotidiano dos educandos buscando facilitar a compreensão do conteúdo trabalhado. O tema gerador deve se tornar significativo para o aprendiz, dessa forma é aconselhável que a realidade do mesmo seja trabalhada em sala de aula, de modo que ele reflita sobre as ações que ocorrem no seu dia-dia. O tema Diabetes Mellitus foi abordado devido ser bastante discutido atualmente, já que grande parte da população tem desenvolvido esse distúrbio metabólico que está associado a maus hábitos alimentares. A proposta deste trabalho foi aplicar uma aula contextualizada utilizando Diabetes Mellitus como Tema Gerador para o estudo dos tipos de isomeria tendo como base as hexoses. O intuito desta abordagem foi facilitar a compreensão dos discentes utilizando métodos mais atrativos e criativos, despertando maior interesse por parte dos alunos.

Material e métodos

O trabalho consistiu em três etapas que foram realizadas no 3º ano do Ensino Médio do IF Fluminense com treze alunos de uma turma do terceiro ano. Inicialmente foi aplicado o Questionário 1 com intuito de investigar os conhecimentos prévios sobre os conceitos de isomeria já vistos anteriormente na disciplina de Química. A etapa seguinte consistiu na aplicação de uma aula utilizando como recurso um vídeo que relata diferentes rotinas alimentares que serviu para contextualizar o tema proposto e o recurso audiovisual contribuiu para aproximar o aluno do assunto a ser trabalhado. Posteriormente, durante no desenvolvimento da aula foi utilizado uma célula de biscuit para demonstrar o metabolismo da glicose e as estruturas das hexoses abordando os tipos de isomeria presente nas mesmas. Ao final, os alunos participaram de um jogo de roleta adaptado ao conteúdo, com intuito de avaliar os conhecimentos adquiridos pelos discentes. Todos estes recursos utilizados foram confeccionados e adaptados pelas autoras deste trabalho. O emprego de jogos e brincadeiras como recurso de ensino, tem o intuito de conciliar a diversão e a aprendizagem (CRESPO et al., 2011, s.p.). Na visão de Cunha (2012) o jogo tem um papel crucial quando utilizado como recurso didático na aprendizagem de conceitos. Visando analisar se uma aula adotando um tema gerador é eficaz, foi empregado o Questionário 2 com um nível de dificuldade semelhante ao primeiro.

Resultado e discussão

Comparando os dados obtidos nos Questionários 1 e 2 observou-se que o número de acertos após a aplicação da aula aumentou significativamente em relação ao conceito de isômeros e os tipos de isomeria. Esse resultado provavelmente ocorreu devido uma nova abordagem desses conteúdos na aula utilizando os recursos didáticos citados acima. Como as definições de dextrógero e levógero foram abordados na turma pela primeira vez, notou-se que não houve um maior número de acertos após a aula, entretanto o conceito de quiralidade foi melhor entendido por parte dos alunos, pois apresentou um aumento significativo, passando de 23,07% antes da aula e 30,76% após a mesma. Por intermédio do Questionário 2 os alunos puderam expor suas opiniões sobre a metodologia aplicada. Aproximadamente 85% dos discentes apreciaram essa nova forma de aprendizagem, sugerindo que a metodologia aplicada desperta maior interesse pelo conteúdo e facilita o entendimento do mesmo. No entanto, uma pequena porcentagem dos educandos (15%) ainda prefere métodos mais tradicionais tendo como argumentos básicos o costume com essa forma de trabalho. A aprovação desta metodologia é confirmado por Pozo e Crespo (2009) quando afirmam que o modo como a Ciência é ensinada pode influenciar na aprendizagem dos alunos fazendo com que se sintam mais motivados diante da aplicação de uma aula contextualizada e utilizando diferentes recursos.


Figura 1: Respostas obtidas por meio do Questionário 1


Figura 2: Respostas obtidas por meio do Questionário 2

Conclusões

A proposta do trabalho influenciou de forma positiva como um auxílio durante o processo de ensino aprendizagem dos alunos. A forma contextualizada e didática como foi trabalhada os conceitos de química e sua relação com o cotidiano dos discentes, proporcionou um ambiente de aprendizagem com melhor absorção dos conteúdos, tornando assim o aprendizado mais prazeroso e interessante, constatando que a utilização do tema gerador facilita e proporciona melhorias na aprendizagem quando é utilizado em aulas pelos docentes.

Agradecimentos

Agradecemos ao professor Rodrigo Maciel Lima, pelas orientações e ao IF Fluminense.

Referências

CHASSOT, A. Sobre um continuado fazer-se professor. In: CHASSOT, A. Alfabetização científica: questões e desafios para a educação. Ijuí: Editora Unijuí, 2010. p. 329-350.

CRESPO, Larissa Codeço et al. Ludoteca de Química para o Ensino Médio. Campos dos Goytacazes, RJ: Essentia Editora, 2011.

CUNHA, Márcia Borin da. Jogos no ensino de química: considerações teóricas para sua utilização em sala de aula. Química Nova na Escola, v. 34, n. 2, maio 2012. Pesquisa em ensino, p. 95-96. Disponível em: <http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc34_2/07-PE-53-11.pdf>. Acesso em: 25 jul. 2014.

FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 17. ed. Rio de Janeiro: Paz na Terra, 1987. p. 98.

POZO, J. I. ; CRESPO, M. A. A aprendizagem e o ensino de ciências: do conhecimento cotidiano ao conhecimento científico. Porto Alegre: ARTIMED, 2009.

QUEIROZ, G. R. P. C.; BARBOSA – LIMA, M. C. A. Conhecimento científico, seu ensino e aprendizagem. Ciência & Educação, v.13, n.3, p. 273-291, 2007.

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