ATIVIDADE ALELOPÁTICA DE EXTRATOS DE EUGENIA FLAVESCENS DC (MYRTACEAE)

ISBN 978-85-85905-10-1

Área

Produtos Naturais

Autores

Cantanhede Filho, A.J. (UFPA) ; Guilhon, G.M.S. (UFPA) ; Zoghbi, M.G.B. (MPEG) ; Santos, L.S. (UFPA) ; Souza Filho, A.P.S. (EMBRAPA-PA) ; Rodrigues, I.C.S. (UFPA)

Resumo

Este trabalho teve como objetivo obter indícios da ocorrência do efeito alelopático das partições das folhas da espécie vegetal Eugenia flavescens, frente a duas espécies de plantas invasoras de pastagens. O ensaio alelopático realizado, mostrou resultados mais significativos encontrados nas partições diclorometânica e acetato de etila frente a espécie, que indicaram alto percentual de inibição de germinação de sementes, frente à espécie malícia (Mimosa pudica), porém todas as partições da espécie vegetal em estudo tiveram baixo parcentual de inibição para a espécie. Da partição diclorometânica das folhas de Eugenia flavescens foram identificados ácidos graxos e terpenóides, dentre eles, o ácido betulínico, foi isolado em quantidade significativa

Palavras chaves

Alelopatia; Eugenia flavescens; Plantas invasoras

Introdução

As plantas afetam quimicamente seu ambiente de várias maneiras, alterando o balanço de nutrientes no solo, acidificando a rizosfera, secretando materiais e liberando partes. Sugere-se que uma maneira das plantas alterarem seu ambiente para obter vantagens sobre seus competidores é empregar uma “guerra química” com seus vizinhos liberando toxinas que reduzem o crescimento de plantas adjacentes ou até mesmo matando-as (GUREVITCH, 2009). Tal fenômeno é chamado alelopatia, e esse comportamento pode se tornar importante fator de manejo de culturas, pelo uso de plantas que exercem controle sobre determinadas espécies indesejadas, obtendo-se sistemas de culturas mais produtivas (GOLDFARB et al., 2009). Nesse trabalho são relatados os efeitos potencialmente alelopáticos das partições aquosas em hexano (PH), diclorometano (PD), acetato de etila (PA) e n-butanol (PB) do extrato bruto matanólico (EBM) obtido das folhas da espécie vegetal Eugenia flavescens (Myrtaceae), frente a duas plantas invasoras de pastagem, Mimosa pudica (malicia) e Senna obtusifolia (mata-pasto).

Material e métodos

O extrato bruto metanólico (EBM) das folhas de Eugenia flavescens foi solubilizado em água destilada e particionado com solventes em gradiente de polaridade, utilizando hexano, diclorometano, acetato de etila e n-butanol. Em seguida, as partições foram concentradas a vácuo utilizando evaporador rotativo. Foram preparadas soluções a 1% m/v de cada partição (100 mL) para a realização de bioensaios alelopáticos frente às espécies invasoras de pastagens Senna obtusifolia e Mimosa pudica. Foram utilizadas placas de Petri (em triplicata para cada extrato) e, nas quais, foram aplicadas 3 mL de cada solução, respectivamente. Em seguida, foram adicionadas, por placa, 15 sementes das espécies malicia e mata pasto. Os bioensaios foram desenvolvidos em câmara de germinação, controladas a 25 °C e fotoperíodo de 12 horas, em um período de cinco dias com contagens diárias e eliminação das sementes germinadas, visando à inibição da germinação de sementes.

Resultado e discussão

Nos bioensaios de germinação das sementes, frente à espécie malicia a partição hexânica apresentou o percentual de inibição 54,87%, a partição diclorometânica 77,68%, e as partições em acetato de etila e n-butanol apresentaram um percentual de inibição de germinação de sementes de 71,26% e 57,31%, respectivamente. Para a espécie mata-pasto, as partições de Eugenia flavescens apresentaram baixos valores de inibição de germinação. Tanto a partição hexânica quanto a n-butanólica apresentaram um valor de 3,40% de inibição frente a essa espécie vegetal. Da partição diclorometânica das folhas de Eugenia flavescens foram identificados ácidos graxos e terpenóides, sendo que, o triterpeno ácido betulínico, foi isolado em quantidade significativa por meio de técnicas cromatográficas e identificado por Ressonância Magnética Nuclear (RMN) de Hidrogênio (1H) e Carbono (13C), Espectrometria de Massas (EM) e dados da literatura (FALCÃO et al., 2003).

Conclusões

A análise da atividade alelopática indicou que as partições em diclorometano e acetato de etila obtidas a partir do extrato bruto metanólico das folhas da espécie Eugenia flavescens, apresentaram alto potencial de inibição da germinação das sementes frente a malícia, esse fato pode estar relacionado a presença do triterpeno ácido betulínico. Já para a espécie mata-pasto, todas as partições apresentaram baixo potencial inibitório de germinação.

Agradecimentos

EMBRAPA- PA, UFPA, PPGQ, MPEG

Referências

GUREVITCH, JESSICA. Ecologia vegetal/Jessica Gurevitch, Samuel M. Scheiner, Gordon A. Fox: Tradução Fernando Gertum Becher...[et al.] -2 ed. – Porto Alegre: Artmed, 2009. 592 p.
GOLDFARD, M.; PIMENTEL, L. W.; PIMENTEL, N. W. Alelopatia: relações nos agroecossistemas. Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v. 3, n. 1, p. 23-28, fev. 2009.
REZENDE, C. P.; PINTO, J. C.; EVANGELISTA, A. R.; SANTOS, I. P. A. Alelopátia e suas interações na formação e manejo de pastagens. Universidade Federal de Lavras, 2003.

FALCÃO, D. Q.; FERNANDES, S. B. O., MENESES, F. S. Triterpenos de Hyptis fasciculata Benth. Revista Brasileira de Farmacognosia. V. 13, sup., p. 81-83, 2003.

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