ESTUDO FITOQUÍMICO PRELIMINAR DO EXTRATO ETANÓLICO DE XIMENIA AMERICANA L. E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIBACTERIANA SOBRE STAPHYLOCOCCUS AUREUS RESISTENTE À METICILINA

ISBN 978-85-85905-10-1

Área

Produtos Naturais

Autores

Paz, W.H.P. (UESPI) ; Sousa, H.G. (UESPI) ; Alves, P.S. (UESPI) ; Gomes, M.L. (UFPI) ; Quelemes, P.V. (UFPI) ; Santos, R.P. (UESPI)

Resumo

Os produtos naturais têm recebido bastante atenção devido à presença de metabólitos secundários bioativos presentes em seus extratos, os quais são responsáveis por atividades biológicas tais como a atividade antibacteriana. O objetivo desse estudo foi realizar uma triagem fitoquímica preliminar do extrato etanólico das cascas do caule de Ximenia americana L. e avaliar seu efeito antibacteriano sobre a bactéria Staphylococcus aureus resistente à Meticilina (SARM), pela determinação da concentração inibitória e bactericida mínima (CIM e CBM). Constatou-se a presença de fenóis, taninos, antocianinas, antocianidinas, flavonoides, flavonóis, flavononas, flavononois, xantonas, esteroides livres. Observou-se uma CIM de 250 µg/mL e CBM 500 µg/mL para a bactéria.

Palavras chaves

Ximenia americana L.; triagem fitoquímica; atividade antibacteriana

Introdução

Um grande avanço no estudo dos metabólitos secundários de plantas tem ocorrido nas últimas décadas. Grande parte desses componentes bioativos presentes são extraídos com solventes orgânicos e tem apresentado diversas atividades biológicas, dentre as quais se destaca os efeitos antibacterianos. Com isso, o estudo biológico desses compostos tem sido estimulado o dentro do âmbito da química orgânica (SANTOS et al., 2002; DUQUE et al., 2006). A espécie Ximenia americana L. é encontrada comumente na Índia, Nova Zelândia, África, América Central e América do Sul, e pertence à família Olacaceae. No Brasil, é encontrada nos estados Mato Grosso do Pará, Goiás, Minas Gerais, Bahia, e frequentemente no estado do Ceará. Mantém-se verde durante um longo período da estação seca e recupera as folhas perto do início da temporada das chuvas (ROCHA et al., 2009; SACANDE et al., 2006). É popularmente conhecida como: ameixa-brava, ameixa-da-Bahia, ameixa-de-espinho, ambuy, ameixa- da terra, ameixa-do-brasil, limão bravo-do-brejo, sândalo-do-brasil e umbu-bravo (MATOS et al., 2007; PLANTAMED et al., 2012). É utilizada na medicina popular para o tratamento como: cicatrização de ferimentos, úlceras, hemorróidas, inflamações e infecções da boca e garganta, dor de estômago, reumatismo, câncer, sífilis, adstringentes e menstruação excessiva (MWANGI et al., 1994; MATOS et al., 2007). O objetivo desse trabalho foi realizar uma triagem fitoquímica do extrato das cascas do caule de X. americana L. e avaliar o efeito antibacteriano pela determinação da concentração inibitória e bactericida mínima (CIM e CBM) sobre uma cepa de Staphylococcus aureus resistente à Meticilina (SARM), uma bactéria envolvida em casos graves de infecções hospitalares de difícil tratamento (NICAIDO, 2009).

Material e métodos

As cascas do caule de X. americana L. foram coletadas no povoado de Alecrim, União-PI, em abril de 2014, obtendo-se 242,80 g do material já seco e triturado, o qual foi submetido a extração com álcool etílico e, logo após, foi filtrado e rota-evaporado. Para a realização da pesquisa dos compostos bioativos foi utilizado a técnica de análise fitoquímica denominada por Matos (1997), no qual foram obtidos os resultados rápidos baseando-se nas reações qualitativas de precipitação e coloração e nas propriedades físico-químicas dos constituintes químicos que compõem a planta. Os testes para esteróides e triterpenóides foram realizados pela reação de Lieberman-Burchard, para taninos e fenóis realizou-se a reação com cloreto férrico, para saponinas submeteu-se ao teste de espuma, para antocianinas, antocianidinas e flavonóides, utilizou-se reações com os respectivos pH: 3, 8,5 e 11. A confirmação de flavonoides foi feita pelo teste de Cianidina, de Shinoda. Para a determinação da CIM, o extrato foi submetido a uma diluição seriada de razão 2 em caldo Mueller-Hinton, no qual as concentrações variaram de 125 a 1000 µg/mL. A bactéria SARM ATCC 43300 foi inoculada a uma concentração de 5×105 UFC/mL. Após incubação por 24 horas em condições aeróbicas, foi considerada a CIM a menor concentração do extrato que inibiu o crescimento bacteriano visível (pela coloração com cloreto de trifeniltetrazólio) no meio de cultura. Logo após, dos poços onde não houve o crescimento, foram retiradas alíquotas de 50 µL e inoculados em placas de Petri contendo ágar Mueller-Hinton, sendo estas, incubadas por 24 horas. Após esse tempo, foi considerada a CBM, a menor concentração do extrato que promoveu ausência do crescimento de colônias bacterianas sobre o ágar.

Resultado e discussão

A triagem fitoquímica do extrato etanólico evidenciou a presença de grupos metabólicos de interesse farmacológico (Tabela 1). O teste para flavonoides foi positivo devido conter o núcleo benzopirona em sua estrutura química, como as flavonas, flavonóis e flavononas, resultando na coloração vermelha (MARTÍNEZ et al., 2005). A reação para caracterização de polifenóis em geral foi positiva devida o agente oxidante cloreto férrico (FeCl3) resultando na coloração verde constando-se a presença de taninos flobênicos (condensados). A reação de Liebermann-Burchard (anidrido acético – ácido sulfúrico concentrado) resultou na presença de esteroides livres caracterizada pela coloração verde permanente. Os testes para antocianinas, antocianidinas e flavonóides resultou no aparecimento de cores diversas indicando a presença desses constituintes e mais dois tais como: chalconas e auronas. Os flavonoides no teste de pH foram mascarados pela coloração indicativa de algum constituinte, no entanto os flavonoides foram confirmados pela coloração vermelha através do teste de Ciadinina ou Shinoda (solução alcoólica ácida da substância um pequeno fragmento de magnésio) (SIMÕES et al., 2003; MATOS, 1997). Não foi confirmada a presença de saponinas. Nesta análise fitoquímica qualitativa, os constituintes detectados estão de acordo com a literatura, que caracteriza os taninos e flavonoides como os principais constituintes neste extrato (BRASILEIRO et al. 2008; JAMES et al., 2007; OGUNLEYE et al., 2003; MAIKAI et al., 2010). O extrato promoveu uma CIM de 250 µg/mL (Figura 2) e CBM 500 µg/mL sobre o SARM. Assim, devido a esse promissor potencial, mais estudos devem ser realizados, como o fracionamento do extrato e posterior busca de compostos que possam potencializar a atividade antimicrobiana.

Figura 1

Resultado da triagem fitoquímica preliminar do extrato etanólico de X. americana L. (+) composto presente (-) composto ausente.

Figura 2

Concentração inibitória mínima do extrato etanólico de X. americana L. sobre o SARM.

Conclusões

Por meio da triagem fitoquímica, foram constatadas as presenças de fenóis, taninos, antocianinas, antocianidinas, flavonoides, flavonóis, flavononas, flavononois, xantonas e esteroides livres. O extrato também apresentou promissora atividade antimicrobiana sobre o SARM.

Agradecimentos

Referências

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