Inibição da corrosão do aço carbono em meio HCl 0,1 M na presença de extratos hidroalcoólicos de S. terebinthifolius R. e A. occidentale L.

ISBN 978-85-85905-10-1

Área

Produtos Naturais

Autores

Barros, A.S. (UECE) ; Junior, J.M.F. (UFC) ; Morais, S.M. (UECE) ; Silva, R.C.B. (UECE)

Resumo

Os inibidores de corrosão se destacam como principal alternativa para proteção de materiais metálicos. A busca por inibidores que sejam eficientes e ambientalmente viáveis desponta como importante ferramenta de desenvolvimento tecnológico e sustentável. Este trabalho busca então observar a capacidade de extratos vegetais em inibir a dissolução do ferro de aço-carbono em meio HCl 0,1 M como ferramenta preliminar para avaliar a capacidade inibidora de corrosão dos extratos. Foram realizados testes fitoquímicos, de teor de fenólicos, antioxidantes dos extratos de S. terebinthifolius R. e A. occidentale L. e ensaios de perda de massa por imersão em meio agressivo na presença dos extratos. O extrato das folhas do A. occidentale apresentou melhor desempenho como inibidor da dissolução do ferro.

Palavras chaves

Inibidores de Corrosão; aço carbono; extratos vegetais

Introdução

A corrosão é um dos principais processos de deterioração dos materiais, ela ocasiona alterações no material, tais como desgastes, variações na composição química ou modificações estruturais. Os problemas relacionados à corrosão são comuns e ocorrem nas mais variadas atividades, como indústria química, petroquímica, naval, de construção civil, automobilística entre outros. Várias formas de proteção de materiais contra a corrosão são utilizadas pela ciência e engenharia de materiais, como a eletrodeposição, aplicação de tintas anticorrosivas, adição de inibidores de corrosão a meios agressivos entre outros. O uso de inibidores de corrosão é uma das técnicas mais comumente utilizadas pela indústria para diminuir a degradação dos materiais. O inibidores de corrosão são substâncias que adicionadas ao meio corrosivo, em concentração adequada, reduzem a velocidade de corrosão, são geralmente compostos orgânicos com átomos de O,N e S na sua estrutura. Uma das principais alternativas para se obter inibidores de corrosão que seja eficientes e ambientalmente corretos, é a utilização de inibidores naturais. Estes podem ser obtidos a partir da matéria vegetal e apresentar boas propriedades inibidoras de corrosão. Dessa forma o presente trabalho tem como objetivo realizar uma avaliação preliminar da capacidade inibitória da corrosão de extratos de S. terebinthifolius R. (Aroeira vermelha) e A. occidentale L. (Cajueiro) e correlacionar sua capacidade inibitória da corrosão com a classe de fitoquímicos presentes nos extratos e suas propriedades antioxidantes.

Material e métodos

A coleta de material vegetal (folhas e caule) foi realizada na Universidade Estadual do Ceará (UECE), na cidade de Fortaleza, Ceará (Brasil). A determinação dos tipos de compostos fenólicos foi realizada de acordo com Matos (2009). O teor de fenólicos totais foi determinado por espectrofotometria utilizando o reagente Folin-ciolcateu pesando-se 7,5 mg do extrato e dissolvendo em metanol, em seguida transferiu-se para um balão volumétrico de 25 mL e completando o volume total com metanol. Retirou-se dessa solução uma alíquota de 100 µL colocando em um balão de 10 mL acrescentando em seguida 500 µL de Folin – Ciocalteu e agitando por 30 segundos, depois adicionou-se 6 mL de água destilada e 2 mL de Na2CO3 à 15%, agitando por mais 1 minuto. Completou-se o volume do balão com água destilada e mantendo a mistura no escuro por duas horas. Observada a absorbância a 750 nm (SOUSA et al, 2007). A determinação da atividade antioxidante foi feita seguindo Yepez et al (2002), onde 0,1 mL de solução de metanol da amostra (10.000-1 ppm) foi adicionado a um tubo de ensaio contendo 3,9 ml de 6.5x10-5 M de solução metanólica de DPPH. Após 1 h, a absorbância da mistura foi medida a 515 nm e o percentual de inibição foi calculado. Para os teste de imersão foi utilizado aço carbono 1020, os corpos de prova, com área de 1 cm², foram tratados com lixa de carbeto de silício de granulações decrescentes, lavados com água destilada, secos em estufa a 100ºC por 10 minutos e imersos em 4 mL de HCl 0,1 M e 1 mL de solução metanólica dos extratos a 1000 ppm (20%). Pesou-se as massas dos corpos antes e depois dos tempos: 1h, 4h, 10h, 15h e 24h. A perda de massa foi obtida a partir de balança analítica com precisão de 0,0000g.

Resultado e discussão

Observou-se nos extratos do caule de A. occidentale e nas folhas e caules de S. terebinthifolius a presença de taninos hidrolisáveis. Taninos condensados foram observados no extrato da folhas de A. occidentale. A presença de catequinas foi detectada nos extratos das folhas de S. terebinthifolius e leucocianidinas foram encontradas nos extratos dos caules de S. terebinthifolius e nos caules e folhas de A. occidentale. O teor de fenóis totais, calculado com curva padrão de ácido gálico, expresso em % de equivalente do ácido gálico / g do extrato, demonstrou que os extratos de folhas e caules de A. occidentale têm um teor de 26,46 ± 2,69 % e 8,77 ± 0,38 %, respectivamente e os extratos das folhas e caules de S. terebinthifolius possuem um teor de 10,82 ± 4,23 % e 8,26 ± 1,92 %, respectivamente. O extrato das folhas do cajueiro apresentou um bom teor de fenóis, se destacando dos demais. A atividade antioxidante frente ao DPPH mostrou valores de IC50 (em mg / mL) de 0,418 ± 0,023 e 0,425 ± 0,011 para os extratos das folhas e caules de A. occidentale, respectivamente. E de 0,225 ± 0,004 e 0,225 ± 0,001 para folhas e caules de S. terebinthifolius, respectivamente. Os extratos das folhas e caules do S. terebinthifolius se destacaram por suas atividades antioxidantes, com valores de IC50 menores em relação ao padrão de quercetina de 0,066 ± 0,001 mg / mL. É observado que a relação entre o teor de fenóis e a atividade antioxidante não apresenta correlação significativa. O teste de imersão mostrou que a perda de massa total foi menor nos corpos de prova imersos na solução contendo o extrato das folhas do A. occidentale, como mostrado no gráfico 1. É evidenciada uma forte correlação entre o teor de fenóis totais e a ação inibitória da dissolução de metais no aço carbono.

Gráfico 1

Perda de massa total dos corpos de prova em meio HCl 0,1 M na presença das amostras. A.o: A. occidentale; S.t: S. terebinthifolius.

Conclusões

Os extratos apresentaram significativo teor de fenóis. A atividade antioxidante foi melhor para o S. terebinthifolius e não apresentou correlação com o teor de fenóis. Já a ação inibitória da corrosão apresentou uma relativa correlação com o teor de fenóis dos extratos, se destacando o extrato das folhas do A. occidentale. Portanto, avaliando de forma preliminar a capacidade inibidora da corrosão de metais em meio HCl 0,1 M pode-se inferir que o extrato das folha do A. occidentale apresenta um bom potencial para se estudar suas propriedades como inibidor de corrosão em metais.

Agradecimentos

Universidade Estadual do Ceará (UECE), Mestrado Acadêmico em Recursos Naturais(MARENA)e FUNCAP

Referências

MATOS, F. J. A. Introdução à fitoquímica Experimental. 3. ed. Fortaleza: UFC, 2009. 45 p.

YEPEZ, B.; ESPINOSA, M.; LOPEZ, S.; BOLANOS, G.; Producing antioxidant fractions from herbaceous matrices by super-critical fluid extraction. Fluid Phase Equilibria, v.194, p.879-884, 2002.

SOUSA, C.M.M., SILVA, H.R., VIEIRA-Jr, G.M. AYRES, M.C.C., COSTA, C.L.S., ARAÚJO, D.S., CAVALCANTE, L.C.D., BARROS, E.D.S., ARAÚJO, P.B.M., BRANDÃO, M.S., CHAVES, M.H.; Fenóis totais e atividade antioxidante de cinco plantas medicinais. Quim. Nova, V. 30, N. 2, 351-355, 2007.

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