Avaliação da toxicidade aguda frente ao microcrustáceo Artemia sp.de três variedades de espécies do gênero Ocimus

ISBN 978-85-85905-10-1

Área

Produtos Naturais

Autores

Pinto, C.C.C. (UECE) ; Nobre, A.C.O. (UECE) ; Morais, S.M. (UECE) ; Vieira, (UECE) ; Gonçalves, N.P. (UECE) ; da Silva, A.Q. (UECE) ; Sousa, T.K.C. (UECE) ; Menezes, J.E.S.A. (UECE)

Resumo

O gênero Ocimum da família Laminaceae compreende mais de 60 espécies herbáceas e subarbustivas encontradas em regiões tropical e subtropical da Ásia, África, América Central e do Sul. Este gênero abrange grande diversidade de espécies, sendo conhecidas popularmente como manjericões e alfavacas. O presente estudo consistiu em avaliar o potencial de toxicidade frente as larvas do microcrustáceo Artemia salina L. dos extratos de três espécies do gênero Ocimus: alfavaca, Dark Opal e Selloi.Os valores de toxicidade obtidos foram acima de 3mg/ml (maior que 3000ppm) nas primeiras 24 horas de exposição e em 48 horas esses valores permaneceram entre 0,30mg/ml e 2,70mg/ml. Os extratos que revelaram maior atividade biológica em 24 horas foram Selloi e Alfavaca.

Palavras chaves

Ocimum; Artemia salina; toxicidade

Introdução

Mesmo em meio ao século XXI com o avanço da Ciência e da tecnologia, existem muitas doenças sem cura ou cujos tratamentos ainda são insatisfatórios. Com base nisso, tem crescido a busca por métodos alternativos no combate a diversas enfermidades e as espécies vegetais têm sido alvo de estudos para este propósito, uma vez que, as mesmas possuem propriedades farmacológicas e são utilizadas com frequência pela população no tratamento de várias doenças. Desse modo, espécies do gênero Ocimum podem ser promissoras no combate a diversas enfermidades, pois muitas são utilizadas para fins medicinais, na culinária e também na agricultura, por serem detentoras de óleos essenciais (GRAYER et al., 1996). Este gênero pertencente à família Lamiaceae, compreende aproximadamente 50 espécies (MIELE et al., 2001) distribuídas comumente nas regiões tropicais e subtropicais do planeta (VIEIRA & SIMON, 2000). O Nordeste abriga o ecossistema Caatinga – rico em plantas com verdadeiro potencial farmacológico – onde podem ser encontradas diversas espécies de Ocimum. Esta variedade de Ocimum é largamente empregada na medicina popular caseira como, por exemplo, o Ocimum seloi, chamado também de manjerina, e usado contra diversos tipos de dores, enquanto a espécie Alfavaca é empregada como anti-gripal (BRITO et al., 2010). Diante do exposto, surgiu o objetivo deste trabalho, avaliar o potencial de toxicidades de três espécies pertencentes ao gênero Ocimus: Ocimum Alfavaca, Ocimum Dark Opal e o Selloi, a fim de contribuir com o crescimento da Química de Produtos Naturais na descoberta de novas substâncias de origem vegetail que possam ser utilizadas na cura de enfermidades, justificando-se assim, o interesse no estudo químico e biológico destas espécies.

Material e métodos

Inicialmente, as amostras de Ocimum foram obtidas no laboratório Padetec, localizado na unidade da Universidade Federal do Ceará – Fortaleza-CE. Para o presente estudo, foram utilizados 5g de matéria-prima (folhas) de cada espécie. Para a obtenção dos extratos, as folhas foram trituradas e 3g foram adicionadas ao cartucho e depositadas na vidraria Soxhlet, em uma altura compatível para a ocorrência de contínuos ciclos de refluxo. No balão de fundo chato (250mL) foi adicionado ¾ de solvente metanol e submetido ao aquecimento em manta aquecedora durante três horas. O resíduo de solvente e amostras obtidos foram transferidos para um balão e levados à evaporação e condensação em evaporador rotativo, a fim de recuperar o solvente e isolar o extrato do mesmo. Por fim, para evaporação completa do metanol, o extrato foi disposto em banho termostatizado, a uma temperatura de 66°C. Já para a determinação da toxicidade foi usado placa de 24 cavidades, onde os extratos foram pesados (20mg) e dissolvidos em 2mL de MeOH. Uma alíquota de 0,5mL desta solução foi retirada para diluição em 10mL de metanol, de forma a obter as concentrações estoques finais de 10.000mg/ml, 1.000mg/mL, 100mg/mL, 10mg/mL e 1mg/mL. Logo após, para cada concentração estoque foi retirada uma alíquota de 250µL e transferida para cada poço (triplicata). A placa permaneceu coberta durante 24 horas onde adicionou-se 50µL de DMSO em cada poço que teve seu volume completado com água do mar até atingir 2,5ml. Dez náuplios de Artemia sp. foram adicionados a cada poço. O procedimento durou 48 horas. As placas foram mantidas sob temperatura de 24ºC e em fotoperíodo, 12h claro/ 12h escuro. A cada 24 h era efetuada a contagem do número de organismos mortos. Extratos com CL50 menores que 1000mg/mL são considerados ativos.

Resultado e discussão

Todos os extratos metanólicos que foram submetidos à avaliação toxicológica frente ao microcrustáceo Artemia sp. apresentaram toxicidade acima de 3mg/ml (maior que 3000ppm) nas primeiras 24 horas de exposição e em 48 horas esses valores permaneceram na faixa de 0,30mg/ml e 2,70mg/mL. Os extratos que mostraram ter maior atividade biológica em 24 horas foram os das espécies Selloi com CL50 de 3,90mg/ml e Alfavaca com CL50 4,48mg/ml. Para o extrato do Ocimum Dark Opal, não foi possível determinar o valor da CL50, evidenciando que a concentração responsável por ocasionar a morte de 50% dos organismos usados como modelo experimental, está acima da maior concentração (10.000ppm ou 10mg/ml) testada neste estudo. Segundo a Literatura, há extratos das variedades de Ocimum que apresentam valores de CL50 acima de 1000 µg/ml , podendo, portanto serem considerados atóxicos, possibilitando aos mesmos serem utilizados por comunidades no combate a doenças, visando a melhoria da qualidade de vida da população (NGUTA et al., 2011).

Conclusões

O teste de letalidade com Artemia salina L. é um método simples utilizado na Pesquisa de Produtos Naturais (MEYER et al.,1982),fornecendo correlação entre a sua toxicidade e a citotoxicidade diante de células tumorais humanas. Na avaliação da toxicidade de extratos vegetais, um valor de DL50 menor que 1000 ppm permite considerar o composto como tóxico, sugerindo atividade antitumoral. Assim, constatou-se através deste trabalho o potencial biológico de Ocimum Selloi e Ocimum Alfavaca, sugerindo a continuidade de estudos químicos e biológicos com as referidas espécies.

Agradecimentos

A CAPES, Universidade Estadual do Ceará(UECE)e Mestrado Acadêmico em Recursos Naturais (MARENA).

Referências

BRITO, A. F.; SILVA, G. A.; FIGUEIRA, A. C. G.. AVALIAÇÃO DA TOXICIDADE DE PLANTAS MEDICINAIS BRASILEIRAS POR MEIO DO BIOENSAIO COM Artemia salina. In: JIC - JORNADA DE PESQUISA E INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 2012, Ceres. Anais Jornada de Pesquisa e Iniciação Científica. Ceres: Jic, 2012. v. 3, p. 11 - 23.

GRAYER, Renée J.; KITE, Geoffrey C.; VEITCH, Nigel C.; ECKERT,Maria R.; MARIN, Petar D.; SENANAYAKE, Priyanganie; PATON, Alan J.. Leaf flavonoid glycosides as chemosystematic characters in Ocimum. Biochemical Systematics And Ecology,Surrey, v. 30, p.327-342, 2002.

NGUTA,J. M. et al. Biological screening of kenya medicinal plants using Artemiasalina L. (Artemiidae).Pharmacologyonline, [s.l.], v. 2, [s.n.] p. 458-78, 2011.

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