Avaliação do potencial larvicida do óleo essencial de Laurus nobilis L. contra o Aedes aegypti

ISBN 978-85-85905-10-1

Área

Produtos Naturais

Autores

Fernandez, C.M.M. (UNIOESTE/TOLEDO) ; Fernandez, A.C.A.M. (UNIOESTE/TOLEDO) ; Gazim, Z.C. (UNIPAR/UMUARAMA) ; Simões, M.R. (UNIOESTE/TOLEDO) ; Lobo, V.S. (UTFPR/TOLEDO) ; Rosa, M.F. (UNIOESTE/TOLEDO)

Resumo

O objetivo do presente trabalho consistiu em avaliar a atividade larvicida do óleo essencial de (Laurus nobilis) sobre as larvas de Aedes aegypti. A extração do óleo foi realizada por hidrodestilação através de um extrator tipo Clevenger por 2 horas. O óleo essencial de L. nobilis apresentou 100% de mortalidade das larvas nas concentrações de 100.000 a 780 µg/mL e na concentração de 390 µg/mL exibiu 40% de mortalidade e não apresentou ação na concentração de 190 µg/mL. O óleo essencial apresentou efeito larvicida moderado com CL50 380 µg/mL e CL99 481,2 µg/mL.

Palavras chaves

óleo essencial; Laurus nobilis; Aedes aegypti

Introdução

O Laurus nobilis L. é uma árvore nativa da Ásia pertencente à família Lauraceae, conhecido popularmente como louro, é cultivado no Sul e Sudeste do Brasil (MARQUES, 2001). É uma planta condimentar aromática muito utilizada na culinária e as folhas são usadas na medicina popular tradicional como estimulante das afecções gástricas e reumáticas, usada externamente contra reumatismo e como antisséptico para caspas e piolhos (LORENZI e MATOS, 2008). O óleo essencial apresenta os terpenos e fenilpropanóides em sua composição, apresentando como composto majoritário o 1,8-cineol, apresentando atividades antibacteriana, antifúngica, antioxidante, anti- inflamatória, inseticida e repelente, antiviral, analgésica, anticolinesterásica e baixo efeito sedativo (EL et al., 2014). O Aedes aegypti L. (Diptera, Culicidae)é o vetor transmissor da dengue, pela picada do mosquito fêmea infectado. A dengue é uma doença viral que pode assumir formas graves e letais, como a dengue clássica e a hemorrágica, que tornou-se um problema mundial de saúde pública em países de clima tropical (Magalhães et al., 2010) Este trabalho teve por objetivo avaliar a atividade larvicida do óleo essencial de Laurus nobilis contra as larvas do mosquito Aedes aegypti.

Material e métodos

As folhas de louro (Laurus nobilis) foram coletadas nos meses de novembro e dezembro de 2013 na cidade de Pérola – Paraná, no período da manhã por volta das 8 horas. O material foi fragmentado e submetido à hidrodestilação em aparelho de Clevenger modificado. A destilação ocorreu por 2 horas, em seguida o óleo essencial foi retirado do aparelho com o auxílio de uma pipeta de Pasteur e filtrado com sulfato de sódio anidro (Na2SO4), acondicionado em frascos de vidro âmbar e armazenados em freezer a – 20 º C. Para os bioensaios foram utilizadas larvas do terceiro estágio do A. Aegypti oriundas do Núcleo de Controle de Endemias Transmissíveis por Vetores da Secretaria de Vigilância Sanitária do município de Toledo, PR. O óleo essencial de L. nobilis foi diluído em polisorbato 80 a 2 % nas concentrações de 100.000, 50.000, 25.000, 12.500 6.250, 3.125, 1.562, 780, 390, 190 µg/mL. Dez larvas no terceiro estágio de A. aegypti foram separadas utilizando uma pipeta de Pasteur e colocados em frascos de 250 mL com 10 mL das diferentes concentrações do óleo essencial. Para o controle negativo utilizou-se uma solução com polissorbato 80 a 20.000µg/mL e como controle positivo utilizou-se um organofosforado a base de Temephós® na concentração de 400 mg/mL.O número de larvas mortas foi obtido após estas serem expostas ao óleo essencial nas diferentes concentrações por 24 horas. As larvas que não apresentaram movimentos e não responderam aos estímulos foram consideradas mortas (COSTA et al., 2005). As concentrações letais (CL) para matar 50% e 99,9% de larvas e seus respectivos intervalos de confiança de 95% (IC) foram calculados pela análise Probit (Software SAS versão 9.0).

Resultado e discussão

O óleo essencial de L. nobilis apresentou 100% de mortalidade das larvas do A. aegypti nas concentrações de 100.000 a 780 µg/mL e na concentração de 390 µg/mL exibiu 40% de mortalidade e não apresentou ação na concentração de 190 µg/mL. A partir destes resultados foi possível calcular as CL50 380 µg/mL e CL99 481,2 µg/mL, encontradas na Tabela 1. O óleo essencial de L. nobilis foi um agente larvicida eficaz contra as larvas A. aegypti, as taxas de mortalidade larval observado nas concentrações por 24 h de exposição indicam a toxicidade do produto. Tabanca et al. (2013) avaliaram a ação larvicida sobre as larvas de A. aegypti do óleo essencial de L. nobilis após 24 h de exposição, porém o óleo essencial não apresentou efeito na dose 125 µg/mL. O óleo essencial de L. nobilis apresentou efeito repelente na concentração de 1%, reduzindo 30% da atração do mosquito A. aegypti. Em outro estudo, o óleo essencial de louro apresentou CL50117 µg/mL sobre as larvas de Culex pipiens, e também apresentou CL50 167,9 µg/mL contra as larvas Culex quinquefasciatus em 24 h de exposição, todos atribuídos a substâncias na forma isolada ou sinergismo entre os constituintes (DRAPEAU et al., 2009; PAVELA, 2009; TRABOULSI et al., 2005).

Tabela 1

Toxicidade do óleo essencial de L. nobilis sobre as larvas no terceiro estádio do A. aegypti em µg/mL.

Conclusões

O óleo essencial de L. nobilis apresentou efeito larvicida moderado sobre as larvas de A. aegypti com CL50 380 µg/mL e CL99 481,2 µg/mL. O resultado obtido neste trabalho é promissor. Posteriormente, podem ser realizados experimentos com seus constituintes isolados e também para a compreensão do mecanismo de ação dos destes constituintes.

Agradecimentos

Os autores agradecem a CAPES pelo auxílio financeiro.

Referências

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TRABOULSI, A.F.; El-Haj, S.; TUENI, M.; TAOUBI, K.; NADER, N.A.; MRAD, A. Repellency and toxicity of aromatic plant extracts against the mosquito Culex pipiens molestus (Diptera:Culicidae). Pest Management Science,v.61, p. 597-604, 2005.

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