Composição química dos voláteis das folhas/ramos e inflorescências de Ocimun campechianum (Lamiaceae) por HD e DES

ISBN 978-85-85905-10-1

Área

Produtos Naturais

Autores

Figueiredo, P.L.B. (PPGQ-UFPA) ; Bichara Junior, T.W. (UEPA) ; Silva, S.G. (PPGQ-UFPA) ; Nascimento, L.D. (MPEG) ; Andrade, E.H.A. (PPGQ-UFPA E MPEG) ; Maia, J.G.S. (PPGQ-UFPA)

Resumo

O óleo essencial (OE) de Ocimun campechianum tem potencial farmacológico e industrial. Este trabalho analisou a composição do OE e concentrado volátil (CV) das folhas/ramos e inflorescências frescas e secas de O. campechianum. O teor de OE das folhas secas (0,56%) foi superior as frescas (0,47%), resultado semelhante às inflorescências frescas (0,69%) e secas (1,15%). Metileugenol foi o constituinte majoritário em todas as amostras analisadas, variando de 67,15% (OE inflorescências frescas) a 85,1% (CV folhas/ramos frescos), tais concentrações tornam o espécime em estudo uma fonte de metileugenol.

Palavras chaves

Ocimun campechianum; voláteis; metileugenol

Introdução

A família Lamiaceae compreende cerca de 250 gêneros e 6.970 espécies (JUDD et al., 1999), distribuídas em todo o mundo (PORTE; GODOY, 2001). O gênero Ocimum é um importante grupo de plantas aromáticas e medicinais ricas em óleos essenciais, com cerca de 50 a 150 espécies, as quais são utilizadas nas indústrias de perfumaria, cosméticos e indústrias de ervas condimentares (EL- GAZZAR; WATSON, 1970a,b). Os óleos essenciais de espécies do gênero Ocimum têm demonstrado diferença em suas composições químicas (SUPPAKUL et al., 2003), alguns quimiotipos tem sido classificado de acordo com seus locais de origem, havendo diversos quimiotipos de Ocimum campechianum descritos na literatura com diversas atividades biológicas (BENITEZ; LEÓN; STASHENKO, 2009; CAROVIÉ-STANKO et al., 2010). Ocimum campechianum é popularmente conhecido como alfavaca de galinha e alfavaca do campo, tem grande potencial farmacológico e industrial (SILVA et al., 2004), destaca-se por ter atividade antimicrobiana de seu óleo essencial (CAROVOÉ- STANKO et al.; 2010) e ser utilizado nas comunidades tradicionais no tratamento de reumatismo, paralisias, epilepsia e doenças mentais (SILVA et al.; 2004). As variações na composição de óleos essenciais têm sido observadas em diversos aspectos, como na parte da planta empregada na destilação, variabilidade genética intraespecífica, estado de desenvolvimento da planta, época de colheita, condições de cultivo, suas coordenadas geográficas, características do solo, clima e outras condições (TAVARES et al., 2005; HAY; SVOBODA, 1993; REIS et al., 2010). Logo este trabalho teve o objetivo de analisar a composição química dos óleos essenciais e concentrados voláteis das folhas/ramos e inflorescências de Ocimun campechianum frescas e secas.

Material e métodos

O material botânico foi coletado de um espécime cultivado no município de Abaetetuba, Pará. A identificação botânica foi baseada no método clássico da morfologia comparada, usando-se espécimes herborizadas no herbário “João Murça Pires” do Museu Paraense Emílio Goeldi, material fresco e bibliografia especializada. O material botânico ainda fresco foi separado em folhas/ramos e inflorescências, parte extraída in natura e o restante seco em estufa com ventilação constante a 35ºC. A extração do óleo foi feita por hidrodestilação (HD) utilizando sistema de vidro do tipo Clevenger modificado, acoplado a sistema de refrigeração para manutenção da água de condensação entre 10-15ºC, durante 3h. Os óleos essenciais obtidos foram centrifugados, desidratados com Na2SO4 anidro e centrifugados novamente. A extração do concentrado volátil foi realizada por destilação e extração simultânea (DES) com extrator do tipo Nickerson & Likens, utilizando pentano como solvente, durante 2h. O rendimento (mL/100g) do óleo essencial extraído da biomassa vegetal foi obtido do material seco e base livre de umidade (BLU). A umidade foi determinada por balança com aquecimento no infravermelho. A composição química dos óleos essenciais e concentrados voláteis foi analisada através de Cromatografia de fase gasosa acoplada a espectrometria de massas (GC/MS) em sistema Thermo DSQ-II. A identificação dos componentes voláteis foi baseada no índice de retenção linear calculado em relação aos tempos de retenção de uma série homóloga de n-alcanos e no padrão de fragmentação observados nos espectros de massas, por comparação destes com amostras autenticas existentes nas bibliotecas do sistema de dados e da literatura (ADAMS, 2007).

Resultado e discussão

A umidade do material botânico e o rendimento em óleo essencial são mostrados na tabela 01, onde observa-se que os maiores rendimentos foram obtidos do material seco tanto das folhas/ramos (FRa) quanto das inflorescências (FL). A composição química (≥ 2%) dos óleos essenciais e concentrados voláteis é mostrada na tabela 02. O componente majoritário tanto nas folhas/ramos quanto nas inflorescências foi o fenilpropanóide metileugenol, variando de 67,15% a 83,33% nas folhas/ramos e de 72,49% a 85,1% nas inflorescências. No gráfico 01 é mostrada a similaridade no perfil químico dos voláteis (≥ 4,0%) obtidos das folhas/ramos e inflorescencias frescas e secas por HD e DES.




Gráfico 01

Similaridade no perfil químico dos voláteis (≥ 4,0%) obtidos das folhas/ramos e inflorescencias frescas e secas por HD e DES.

Conclusões

O melhor rendimento de óleo essencial encontra-se nas inflorescencias secas. Metileugenol é a substancia predominante nos voláteis do espécime estudado de Ocimun campechianum, com maior concentração nas folhas/ramos frescos. A grande similaridade no perfil químico dos órgãos estudados permite que toda parte aérea da planta seja destilada sem a necessidade de separação. As altas concentrações de metileugenol, acima de 65%, tornam o óleo essencial do espécime de Ocimun campechianum em estudo uma fonte alternativa de metileugenol.

Agradecimentos

A Universidade Federal do Pará (UFPa), Museu Paraense Emilio Goeldi (MPEG) e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)

Referências

ADAMS, R. P. Indentification of Essential Oil Components by Gas Chromatography / Mass Spectrometry. Allured Publishing Corporation, CarolStream, IL, 804p, 2007.

BENITEZ, N. P; LEÓN, E. M. M; STASHENKO, E. E. Eugenol and Methyl Eugenol Chemotypes of Essential Oil of Species Ocimum gratissimum L. and Ocimum campechianum Mill. from Colombia. Journal of Chromatographic Science, v. 47,
2009.

CAROVIÉ-STANKO, K; ORLIÉ, S; POLITEO, O; STRIKIÉ, F; KOLAK, I; MILOS, M; SATOVIC, Z. Composition and antibacterial activities of essential oils of seven Ocimum taxa. Food Chemistry, v. 119, p. 196-201, 2010.

EL-GAZZAR, A; WATSON, L. A taxonomic study of Labiatae and related genera. New Phytologist, v. 69, p. 451-86, 1970a.

EL-GAZZAR, A; WATSON, L. Some economic implications of the taxonomyofLabiatae. New Phytologist, v. 69, p. 487-92, 1970b.

HAY, R. K. M; SVOBODA, K. P. In: Hay, R. K. M; Waterman. Volatile oil crops: their biology, biochemistry and production, Longman Group: England, p. 5, 1993.

JUDD, W. S; CAMPBELL, C. S; KELLOGG, E. A; STEVENS, P. F. Plant Systematics. A phylogenetic approach. Inglaterra, Sinauer Associates Inc., p. 383. 1999.

PORTE, A; GODOY, R. L. de O. Alecrim (Rosmarinus officinalis l.): propriedades antimicrobiana e química do óleo essencial. B. CEPPA, Curitiba, v. 19, n. 2, p. 193-210, 2001.

REIS E. S; PINTO, J. E. B. P; BERTOLUCCI, S. K. V; CORREA, R. M; PAULA, J. R;ANDRADE, S. T; FERRI, P. H. Seasonal variation in essential oils of Lychnophora pinaster Mart. Journal of Essential Oil Research, v. 22, p. 147-149, 2010.

SILVA, M. G. V; MATOS, F . J. A; MACHADO, M. I .L; SILVA, F. O. Essential Oil Composition of the Leaves of Ocimum micranthum Willd. journal of Essential Oil Research, Volume 16, p. 189-190, 2004.

SUPPAKUL, P.; MILTZ, J.; SONNEVELD,K.; BIGGER, S. W. Antimicrobialproperties of basil and its possible application in food packaging.J. Agric. Food Chemisty, v. .51: p. 3197–3207, 2003.

TAVARES, E. S; JULIÃO, L. S; LOPES, D; BIZZO, H. R; LAGE, C. L. S; LEITÃO, S.G. 2005. Análise do óleo essencial de três quimiotipos de Lippia alba (Mill.) N. E. Br.ultivados em condições semelhantes. Revista Brasileira de Farmacognosia, v. 15,p. 1-5, 2005.

Patrocinadores

CNPQ CAPES CRQ15 PROEX ALLCROM

Apoio

Natal Convention Bureau Instituto de Química IFRN UFERSA UFRN

Realização

ABQ