Atividades antioxidante e leishmanicida de Zanthoxylum syncarpum Tull. (limaozinho)

ISBN 978-85-85905-10-1

Área

Produtos Naturais

Autores

Ferreira Junior, J.M. (UFC) ; Silva, A.A.S. (UECE) ; Barros, A.S. (UECE) ; Silva, M.G.V. (UFC) ; Morais, S.M. (UECE) ; Calixto Júnior, J.T. (UECE)

Resumo

Objetivou-se neste estudo a avaliação da atividade antioxidante em extratos etanólicos de folhas e galhos de Zanthoxylum syncarpum Tull.(limãozinho), bem como a avaliação dos efeitos tóxicos desses extratos frente a três espécies do gênero Leishmania. Para a determinação da atividade antioxidante a quercetina foi a droga padrão, assim como a anfotericina B foi igualmente utilizada para o teste leishmanicida. O extrato etanólico das folhas (EEFL) apresentou CL50 com valores de 14,99 ± 3,35, 13,88 ± 2,62, 15,25 ± 3,44 µg/mL contra L. infantum chagasi, L. amazonenses e L. brasiliensis respectivamente. A partir destes resultados, conclui-se que extratos de Z. syncarpum Tull. apresentam-se eficazmente como alternativa para o desenvolvimento de novas drogas com efeito leishmanicida.

Palavras chaves

Atividades biológicas; Limãozinho; Leishmania

Introdução

O gênero Zanthoxylum(Rutaceae) compreende cerca de 200 espécies de árvores, arbustos e lianas distribuídas em todo o mundo. No Brasil são descritas 25 espécies de Zanthoxylum, dentre estas, a espécie Z. syncarpum Tull, conhecida popularmente por “limãozinho”, têm sua ocorrência principalmente na região nordeste(ROSS et al., 2004; VIEIRA et al.,2009). As plantas deste gênero apresentam uma grande variedade de metabólitos secundários como alcaloides, flavonoides, cumarinas, lignanas e terpenos, e tem sido objeto de estudo devido às suas propriedades febrífugas,sudoríferase diuréticas. Nas Américas, o Brasil é o país com o maior registro de casos de leishmanioses, tanto da forma cutânea como visceral (LV) (Brasil, 2007). No Brasil, a LV é causada pela L. infantum chagasi (Silva et al., 2007), que atinge principalmente órgãos como o baço, o fígado, os linfonodos, a medula óssea e a pele.Substâncias antioxidantes são aquelas que, presentes em baixas concentrações, porém em concentrações superiores às oxidáveis, retardam ou inibem a ação destas, prevenindo ou reduzindo a extensão do dano oxidativo (Halliwell, 1994). Doenças degenerativas como a de Parkinson, Alzheimer e esclerose múltipla, além de diversos tipos de doenças pulmonares e do sistema imune diabetes, asteroclerose e também cânceres, são enfermidades que podem surgir em decorrência de danos causados por estresse oxidativo (Bianchi, 1999).Neste contexto, objetivou-se com este trabalho a avaliação das atividades leishmanicida antioxidante de extratos de Z.syncarpum Tull. frente a a três espécies de Leishmania (L. infantumchagasi, L. amazonensis e L. brasiliensis afim de se evidenciar novas potencialidades farmacológicas ao tratamento da doença de chagas por meio de bioprospecção desta espécie vegetal.

Material e métodos

Inicialmente foram preparados os extratos etanólicos das folhas e dos galhos do limãozinho, onde estes foram triturados e colocados para secar a 40°C num intervalo de sete dias. Subsequentemente, este material foi moído e colocado em etanol comercial (70%) por mais sete dias. Em seguida, o solvente foi removido a partir de um evaporador rotativo, obtendo-se os extratos etanólicos brutos. Os testes fitoquímicos qualitativos de fenóis, esteróides, triterpenos, alcalóides e flavonóides foram realizados com base na metodologia de Matos (2009). Esses testes foram baseados na observação visual das mudanças de cor ou a formação de precipitado após a adição dos reagentes específicos.A metodologia utilizada para avaliar a atividade leishmanicida dos EEB teve como base TEMPONE et al.(2001). Para isso, as leishmanias foram acondicionadas em meio Shneider (Sigma®) suplementado e 10% de PBS (tampão fosfato-salino) com diferentes concentrações do extrato e com inóculo do parasito na ausência dos compostos (controle).Os experimentos foram realizados em placas de 96 poços com extratos em concentrações decrescentes. O medicamento de referência usado foi apentamidina. As promastigotas foram incubadas a 26°C por 24 horas.As atividades antioxidantes foram realizadas adicionando-se uma alíquota de 250 µL da solução de DPPH e 40 µL de metanol para o controle, ou o mesmo volume para a soluções padrão di-terc-butilmetilfenol (BHT) e extratos das amostras. As leituras das absorbâncias foram realizadas após 30 minutos de reação em espectrofotômetro. Uma curva de calibração foi preparada com 0,01; 0,025; 0,050; 0,07; 0,1 mg/mL de BHT e os resultados foram comparados com aqueles obtidos a partir das folhas e dos galhos do limãozinho.

Resultado e discussão

A partir da avaliação fitoquímica dos extratos, realizados com base na metodologia proposta por Matos (2009), verificou-se no EEFL a presença de taninos, flavonóides, xantonas, esteróides e alcalóides, enquanto no EEGL a presença de esteróides, saponinas e alcalóides e catequinas. Os testes leishmanicidas apresentaram resultados significativos no EEFL contra L. infantum chagasi, apresentando valor de CL50 = 14,99 ± 3,35, que corresponde a concentração efetiva que mata 50% da cepa ou linhagem (µg/mL), estando semelhante ao valor da pentamidina, 5,39 ± 1,14. Isso aponta para a espécie Z. syncarpum uma promissora fonte de compostos com potencial para o desenvolvimento de fármacos leishmanicidas. A avaliação da atividade antioxidante, o extrato de folhas exibiu a melhor atividade antiradicalar para ambos os padrões (quercetina e b-caroteno), apontando o valor de IC50, que corresponde a concentração de amostra capaz de seqüestrar 50% dos radicais = 1,24μg/mL ± 0,020 (DPPH) e IC50 = 1,44μg/mL ± 0,011 (b-caroteno). De modo geral infere-se que os extratos apresentaram atividade antiradicalar moderada nos (galhos e da fração alcaloídica inicial e de galhos). A boa atividade antiradicalar do extrato de folhas pode ser justificada devido à presença de compostos com propriedades polares no extrato, como é o caso dos ácidos fenólicos e flavonóides, os quais possuem atividade antioxidante comprovada.

Conclusões

O EEFL mostrou-se uma fonte promissora para obtenção de fármacos com significante atividade leishmanicida, contudo, existe a necessidade de uma avaliação citotóxica desses extratos e atividade em infecções in vivo, assim como o fracionamento em busca das substâncias responsáveis pela ação leishmanicida. Os resultados obtidos a partir deste estudo indicam que os extratos analisados possuem compostos capazes de capturar radicais livres. Estas substâncias podem ser consideradas promissoras na busca de substâncias de atividade antioxidantes que previnam doenças decorrentes do estresse oxidativo.

Agradecimentos

CAPES

Referências

BIANCHI, M.L.P; ANTUNES, L.M.G. Radicais livres e os principais antioxidantes da dieta. Revista de Nutrição, Campinas, v.12, n.2, p.123-130, 1999.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Diretrizes nacionais para prevenção e controle de epidemias de dengue.Brasília: Ministério da Saúde, 2009. 160 p. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos).
HALLIWELL, B. Free radical and antioxidant a personal view. Nutrition Reviews, v.52, n.8, p.253-261, 1994.
MATOS, F. J. A. Introdução à Fitoquímica Experimental. UFC. Fortaleza-Ceará, 45pp. Ed. UFC, 2009.
ROSS, S.A.; SULTANA, G.N.; BURANDT, C.L.; ELSOHLY, M.A.; MARAIS, P.J. FERREIRA, D. Syncarpamide, a New Antiplasmodial (+)-Norepinephrine Derivative from Zanthoxylum syncarpum. 67ª ed. J. Nat. Prod. 2004.
SILVA, J. G. D.; WERNECK, G. L.; CRUZ, M. S. P.; COSTA, C. H. N.; MENDONÇA, I. L. Infecção Natural de Lutzomyia longipalpis por Leishmania sp. Em Terezina, Piauí, Brasil. Caderno Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.23, n.7, p.1715-1720, jul, 2007.
TEMPONE, A. G.; BORBOREMA, S. E. T.; ANDRADE JR, H. F.; GUALDA, N. C. A.; YOGI, A.; CARVALHO, C. S.; BACHIEGA, D.; LUPO, F.N.; BONOTTO, S.V.; FISCHER, D.C.H. Antiprotozoal activity of Brazilian plant extracts from isoquinoline alkaloid-producing families. Phytomedicine, v.12, p.382-390, 2005.
VIEIRA, M.G.S.; FREITAS, J,V,B,; LIMA, M.N.; GRAMOSA, N.V. Constituintes químicos voláteis das folhas e galhos de Zanthoxylum syncarpum Tull. Química Nova, v.32, n.2, 2009.

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